ELLE DE PAUL VERHOEVEN
ELLE, FRANÇA, ALEMANHA, BÉLGICA, 2016, 130 MIN., THRILLER
PSICOLÓGICO
ELENCO:
ISABELLE
HUPPERT – MICHÈLE LEBLANC
ANNE
CONSIGNY – ANNA
VIRGINIE EFITTE – REBECCA, VIZINHA
LAURENT LAFITTE – PATRICK, VIZINHO
JONAS BLOQUET – VICENT
Esse espetacular thriller psicológico,
baseado no livro Oh... de Philippe Djian (recebeu o prêmio Prix Interallié de
2012), nas mãos do ótimo diretor
holandês Verhoeven vira muito mais do que um suspense. Contando com a belíssima
atuação de Isabelle Huppert, ele descasca todas as camadas do que seria o lado
obscuro das pessoas, aqui encarnado por essa poderosa atriz. O filme começa no
escuro, com sons de louça quebrada, gritos e gemidos de satisfação sexual
masculina. Imediatamente vem a imagem com Michèle caída ao chão e seu
estuprador, com uma máscara de esqui, saindo devagar. Ela se recompõe, toma um
longo banho e quantifica o que lhe ocorreu. Michèle é dona de uma empresa de videogames
e sócia de Anna, sua amiga de infância. Também é dona de vários problemas como
seu relacionamento com os empregados, seu filho que namora a moça errada, sua
mãe narcisista e seu pai, um serial killer. Belo trabalho! Não vai à polícia
denunciar o ocorrido e dias depois em um jantar com sua sócia e marido, seu
ex-marido, conta a verdade. Em outra cena, no passado, ela acompanhou o pai em
um assassinato em série, quando tinha seis anos, e foi tirada uma foto “da
menina em cinzas”, resultado da fogueira que seu pai fizera depois daquele ato.
Com a dimensão desse trauma de infância não poderia ter se tornado uma adulta tranquila.
Sua mãe, que adora homens jovens, sofre um AVC e acaba sucumbindo. Cinquentona rica,
elegante, dona de sua vida, pragmática e cínica vive como quer. É divorciada,
tem como amante o marido de sua sócia, mas ainda acha tempo para desenvolver
uma obsessão erótica pelo novo vizinho, Patrick. Seu filho tem um bebê com a
namorada, mas ele é mulato e Vicent se nega a perceber que é filho de seu
melhor amigo, um jovem negro. Os intricados fios da meada de sua vida vão se arrebentando
até que fiquem completamente soltos. Isabelle dá conta do recado, estando
sempre em cena com grande vitalidade e competência sobre os grandes desafios
que ocorrem. Imagina o estupro inúmeras vezes e tenta sentir alguma sensação,
mas a frieza é sempre a vencedora. Depois de completar o novo game, dá uma
festa na qual estarão todos os personagens importantes. Na volta sofre um
acidente de carro e apela para Patrick ir resgatá-la. A partir daí o filme
ficará ainda melhor. Cenas finais sensacionais, observar a despedida de Rebecca
e um ótimo desfecho. Imperdível pela atriz, roteiro, trabalho de direção e
ineditismo. Ganhou o Palme D’Or de 2016 em Cannes.
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