sábado, 9 de setembro de 2017

O JANTAR DE OREN MOVERMAN (DIRETOR E ROTEIRISTA)




THE DINNER, ESTADOS UNIDOS, 2017, 120 MIN., DRAMA, MISTÉRIO
ELENCO:
RICHARD GERE – STAN LOHMAN
STEVE COOGAN – PAUL LOHMAN
LAURA LINNEY – CLAIRE
REBECCA HALL – KATELYN
Spoilers

Nesse espetacular filme do premiado diretor israelense, Oren Moverman, temos vários temas atuais reunidos. Família, poder, cabeças coroadas que cometem crimes e são perdoadas, racismo e todos os ranços possíveis e imagináveis. Começa com adolescentes fumando, bebendo, se drogando e se amassando. Depois temos um professor que pensa sobre o que gosta. Só gosta do antigo, Roma, Grécia, as guerras da época, Coliseu e a civilização de então. Depois do Iluminismo, para ele, o mundo acabou.  Tenta interessar os alunos, mas na era da informática a competição é desleal. Ninguém liga para ele. Outra cena e sua mulher tenta convencê-lo a comparecer ao Jantar do título em um lugar elegante e luxuoso. Seu irmão mais velho, Stan Lohman, deputado e candidato a governador, necessita falar urgentemente sobre um assunto familiar com eles. O filme é dividido como um cardápio de restaurante, em partes: aperitivo, entrada, prato principal, queijos, sobremesa e digestivo. Tudo muito bem explicado pelo metre que se esmera ao máximo para fazê-lo. À contragosto Paul decide acompanhar a mulher. É um professor de escola pública, que não liga para dinheiro e posição social, temperamental e pai de um adolescente. Parece ser lúcido e humano. Do outro lado o irmão mais velho, o tal do rico deputado. Ele está empenhado em aprovar uma lei de Paridade, isto é, quem tiver alguém com um problema mental na família, terá os mesmos direitos de pessoas com doenças físicas. Atrás dele está seu staff completo esperando na rua dentro de uma vã. Aparentemente seu irmão quer algum favor e é um homem que só sonha em se dar bem na vida e na política. À medida que as etapas do Jantar vão sendo servidas, vamos conhecendo melhor esses personagens e a vida de seus filhos adolescentes, os mesmos do início da história. E essa história não é nada engraçada, mas uma tremenda tragédia.  Nada é o que parece, inclusive os personagens principais, os pais. E os filhos um drama à parte. O assunto do Jantar são genes de insanidade mental, que correm pela família há tempos e que precisam ser resolvidos. Os pais dos heróis eram lunáticos, assim como o é Paul e os filhos de ambos. Esses jovens, em uma brincadeira, resolvem assassinar uma sem-teto por pura implicância, porque estava interrompendo o caminho deles. Como ela não acorda e está bêbada, jogam lixo em cima dela e depois ateiam fogo. Ela é morta e a manchete sai nos jornais. Coisa que bem conhecemos por aqui também. San acha que os filhos devem ser punidos pelo que fizeram, tratados, acompanhados de perto por eles e depois reintroduzidos à sociedade. Sem isso não haveria justiça e o fim da tara familiar. Paul e sua mulher, assim como a atual esposa de San são totalmente contrários a isso. Com sua influência eles escapariam da prisão e viveriam uma vida feliz. San é duro na queda e não cede, mas na hora do digestivo, no final do filme, quando quase já não suportamos mais aturar tanta insanidade, Kate consegue convencer o marido a não retirar imediatamente sua candidatura e esperar por três dias. Nas cenas finais há um grande desentendimento entre todos e o pior quase vem a ocorrer. O desfecho é aberto, o que dá chance para cada um formular o que acha mais justo. Eu pessoalmente sou a favor da prisão e reeducação dos garotos incontroláveis. Ah! Sua lei é aceita pelo congresso. Imperdível, Richard Gere dá um show de interpretação! Baseado em uma novela homônima holandesa.



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