Uma estação ferroviária. Um senhor chinês vai ao encontro da filha. A esteira traz diversas malas e a com uma fita vermelha (da revolução) é a dele. Assim começa esse belo drama psicológico. Pai, Shi (Henry O) e filha Yilan (Feihong Yu) vão para a casa dela; há doze anos não se vêem. Ele estava, agora, aposentado e viúvo. Depois de acomodá-lo, pede para que ele descanse, mas Shi vai ajudá-la a preparar o jantar. Fizera um curso de culinária na China e quer preparar algo especial para a filha. Vemos um “banquete” e Yilan pede que não faça tanta comida. No dia seguinte ela sai para trabalhar e, nesse momento, começa o choque entre gerações. Shi preparara um ótimo café da manhã, mas o tempo que ela tem é escasso, pegando apenas algumas comidas industrializadas, sai para o trabalho. Seu velho pai tenta comunicar-se com ela através das iguarias que faz, mas é em vão. Ela aparenta ser triste e Shi quer ajudá-la. Talvez um pouco tarde demais? Sempre só em casa, observa o quarto de Yilan, limpando algumas peças e dedicando-se à leitura e ao seu caderninho com palavras em inglês. A diferença cultural entre os americanos e chineses é muito grande, mas ele gosta da América e de seus habitantes, livres, sem correntes! Com um vocabulário de uma dezena de palavras, se relaciona com diversas pessoas do condomínio onde moram. No parque, torna-se amigo de uma bonita senhora iraniana. Ele fala chinês ela iraniano, contudo os dois tornam-se grandes amigos. Alguns substantivos e verbos, os mais primários, são falados em inglês. Isso ele sabem dizer em um mesmo idioma – é um laço que os une - mas quando falam de suas emoções, dificuldades e perdas, é na língua mãe que se expressam, entendendo-se perfeitamente bem! Seus semblantes e gestos são mais importantes do que as palavras, que na maioria das vezes não traduzem a verdade. Shi convive muito bem com todos, menos com sua filha, pois demonstra ser uma jovem ressentida e infeliz. Sabemos que ela é divorciada e que seu pai quer ajudá-la a ser feliz, para poder ir embora. Ele pondera que já havia falhado uma vez e não gostaria de repeti-lo. Era engenheiro e trabalhara com foguetes espaciais, nos tempos da revolução cultural e se orgulhava disso e de suas convicções marxistas, pois estudara russo e pertencera ao partido. Yilan sente-se invadida pelo pai e ressentida com ele. Sua maneira de ser, apesar de gentil e acessível, é oriental, um tanto autoritária e inaceitável para o ocidente. O pico da desavença entre os dois não tarda a chegar e Yilan, muito constrangida, fala o porquê de sua angústia e tristeza, pedindo perdão por tê-lo magoado. Porém Shi não se ofendera, ficara surpreendido com sua franqueza e, através de uma parede, para não encará-la, conta sua verdadeira história. Yilan narrara, nesse ínterim, um ditado chinês que dizia serem necessárias trezentas orações para atravessar um barco com alguém, e três mil orações para deitar a cabeça no mesmo travesseiro com outra pessoa! Só assim você a conheceria realmente! Nesse quarto final de filme há uma transformação no relacionamento de ambos que é, nitidamente, refletida em suas fisionomias. A película fecha em um trem com Shi continuando a conversar em mandarim e sua parceira de viagem, em inglês. Estão bem e felizes! Verdadeiramente a língua não é uma barreira intransponível, os atos muitas vezes sim.
Foi mais um ótimo filme do premiado diretor Wayne Wang e com a soberba representação de Henry O. Essa história quando não falada, diz mais do que qualquer diálogo escrito. Vale muito a pena ver esse belíssimo drama.
Foi mais um ótimo filme do premiado diretor Wayne Wang e com a soberba representação de Henry O. Essa história quando não falada, diz mais do que qualquer diálogo escrito. Vale muito a pena ver esse belíssimo drama.
2 comentários:
oi Regina, aqui e o basile do clube, achei o seu trabalho o maximo, e quero ver este filme chines, que e a minha cara, meus parabens, otimo trabalho, beijos,ciao
Olá, Regina,
gosto muito de ler os seus resumos dos filmes, que são muito bem escolhidos. Muitas vezes fico com vontade de assití-los, mas quase sempre não cumpro a determinação. Pelo menos fico por dentro por seu intermédio. Obrigada e um feliz Ano Novo. Marcia Brito
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