domingo, 20 de setembro de 2009

A ONDA de DENNIS GANSEL








Este didático e ótimo drama inspirado no livro de Todd Strasser, The Wave, foi por sua vez calcado em cima de uma experiência ocorrida em 1967, numa escola em Palo Alto, pelo professor Ron Jones, que gostaria de ver o comportamento de jovens estudantes diante de um regime totalitário como o nazismo e se isso seria possível depois de toda tragédia ocorrida e estudada.
Rainer Wegner (ótimo Jürger Vogel) é um professor casado, prestes a ser pai, e ensina para uma turma de adolescentes, na Alemanha. A escola quer dar uma semana para que os alunos observem como seria viver e organizar-se em torno da autocracia ou anarquia. Professor popular e treinador do time masculino de pólo-aquático decide-se pela anarquia, mas é contestado e obrigado a se preparar para o autoritarismo. Apesar do tema maçante para os jovens alemães que já estudaram e leram tudo sobre esse regime que deploravam, sua classe encontra-se repleta, somente graças à sua popularidade. No primeiro momento faz com que eles definam e compreendam exatamente o que o termo quer dizer. A partir desse instante transforma-se no líder do grupo, por escolha dos alunos, e os trata com absoluta autoridade e severidade. No princípio da estória vemos que esses jovens carecem de uma causa para qual lutar e estão entediados com suas vidas prazerosas e sem nenhum problema. Simplesmente não têm um objetivo de vida palpável. Assim sendo aquela liderança rígida e estimulante os agrada. Ele insiste que o indivíduo, como nos regimes autocráticos, deve ser desconsiderado a favor do grupo, que deverá sempre ser fortalecido, mesmo com manobras irregulares ou desonestas. Alguns poucos alunos não concordam e são sumariamente eliminados da classe. Para fala-lhe é necessário que o chamem de Sr. Wegner e que se levantem para respirar melhor e raciocinar com frases curtas e assertivas. Logo depois aprendem a levantar o pé esquerdo e direito e bater com vigor no chão, a fim de atrapalhar a aula de anarquismo no andar abaixo. Isso os leva ao delírio! Pouco a pouco a rotina desses adolescentes, sem muita atenção da família, vai tomando contornos sérios e inesperados. Um home - page é produzido, folhetos imprimidos, um uniforme é sugerido pela maioria para que não houvesse descriminação social ou financeira. São “As Camisas Brancas”, o movimento é “A Onda” e uma saudação, na forma de onda, é escolhida por todos em voto aberto. Um casal apaixonado de estudantes acaba se separando, por ela não aceitar tal absurdo totalitário. Todavia, dois jovens são arregimentados fanaticamente: um menino de origem turca e pobre e outro que não conta com a atenção dos pais. O relacionamento entre Rainer, sua mulher e os outros professores se deteriora, à medida que a semana vai chegando ao final. Todos os adultos estão preocupados inclusive Rainer, mas os meninos e meninas, enquanto usufruem dos benefícios de pertencerem a um grupo, vão se tornando a cada momento mais seguros e dependentes da ajuda do outro. Uma nova ordem instala-se na escola, com a exclusão de quem não era Camisa Branca e a violência se instala. No último dia, quando pensamos que o professor dará um basta a tudo, seu discurso é de apoio à Onda e contra o status quo em que a Alemanha se encontra. Mas uma última cartada é dada. Nesse momento vemos como o professor alinhavou esse final para provar as barbáries do regime nazista. O final é muito trágico, pois um dos meninos se suicida em prol daquela causa e o destino de Rainer desanda para uma tragédia. Então a pergunta é respondida: Seria possível, hoje, a volta de um regime autocrático com tanta desigualdade social e fragilidade das famílias e governos? A resposta parece ser SIM!
Bom drama, que nos faz pensar, ótima atuação e direção.

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