terça-feira, 13 de outubro de 2009

INGLÓRIOS BASTARDOS de QUENTIN TARANTINO









Atenção spoilers.
Esse ótimo drama quase comédia de Tarantino fala sobre a vingança, pois segundo o diretor “É ela, não o amor, que move o mundo” e “o cinema é mais poderoso que dinamite.” (fonte Estado de São Paulo). O filme é dividido em cinco capítulos e vai de 1941 a 1944. Nas primeiras cenas do primeiro capítulo, 1941, vemos uma belíssima paisagem bucólica, no interior da França. Trata-se de uma fazenda de gado leiteiro, cujo dono LaPadite, está rachando lenha e sua jovem filha estendendo a roupa no varal. Através de um lençol ela observa um carro da SS e duas motos dirigindo-se para sua casa. Seu pai pede para que entre e fique com suas irmãs. O coronel Hans Landa (excelente Christoph Waltz) encontra-se com LaPadite e solicita entrar em sua casa, para falarem a sós. Hans tem o apelido de “Caçador de Judeus” e se orgulha disso, pois faz por merecê-lo! Ele é um estudioso da conduta humana, mas um homem prepotente, cruel, sarcástico, manipulador e algo ainda pior: é inteligente. O fazendeiro é suspeito de abrigar a família judia Dreyfus, contudo ele nega até onde consegue. Acuado pelo “Caçador”, acaba revelando o local do esconderijo desses judeus, em troca da salvação de sua família. Eles são exterminados, menos a adolescente Shosanna (Mélanie Laurent), que consegue fugir. No segundo capítulo vemos um grupo de judeu-americanos chamados “Os Bastardos”, pela sua truculência. Os soldados são chefiados pelo tenente Aldo Raine (Brad Pitt em um ótimo desempenho). Ele é descendente de índios apaches e europeus e seu modus operandi é igual ao da tribo indígena – depois de abater o inimigo trazer o escalpo! Cada um desses oito homens deverá trazer cem escalpos de nazistas do terceiro Reich, que estão dizimando, miseravelmente, a população européia. O ano salta para 1944, mas antes da libertação de Paris. Seus métodos são tão sanguinários e cruéis contra os soldados alemães, que o próprio Hitler passa a temê-los. Agora a jovem Shosanne, com nova identidade de Emmanuelle Mimieux, possui um cinema que é administrado por ela e seu namorado negro. Ela, ao conhecer um novo astro e soldado alemão, vê uma oportunidade de vingar-se pela perda de sua família. O jovem está apaixonado por ela, não é correspondido e decide que a premiere de seu filme será em seu elegante e pequeno cinema. Toda a cúpula nazista, de Hitler, Goebbels, Goering a outros influentes nazistas estariam reunidos nesse espaço, para assistirem o filme de Goebbels sobre o soldado solitário que matou sozinho 300 americanos na Itália. Ao mesmo tempo, sem saber, “Os Bastardos” arquitetam um plano para, também, dizimá-los. Uma famosa atriz alemã, a belíssima Bridget Hammersmark, que é agente dupla, desenha um modo para liquidá-los. Temos, assim, três frentes de combate que não se conhecem. Ela encontra-se, em uma taberna, com seus companheiros, mas o desenrolar dos fatos é péssimo e a jovem acaba sem um sapato e um tiro na perna. Salva por Brad Pitt juntos decidem unir-se para a “Operação Kino” em um dos mais emocionantes capítulos. O capítulo seguinte será a premiere em si, onde a tensão continua, mas cenas hilárias serão apresentadas, quando Pitt e seus companheiros tentam passar-se por italianos diante do “Caçador de Judeus” e a bela Bridget Hammersmark. Surpreendida e interrogada habilmente por Hans, que em uma atuação genial, coloca o sapato achado em seu pé, encaixando-o perfeitamente. Vemos aqui uma alusão à história infantil de Cinderela, muito bem posicionada, em situações dramáticas e brutais. Na sala de projeção, Emmanuelle está projetando o filme enquanto seu namorado tranca as portas do teatro e irá incendiá-lo com as inúmeras cópias de filmes feitos de nitrato, material altamente inflamável. Ocorre que o jovem ator nazista não resistindo ver sua atuação na matança, vai ao encontro de Emmanuelle, que tenta rechaçá-lo. São momentos de conflito que deixam o espectador grudado na história. Enquanto o filme dentro do filme desenrola-se, Hitler e Goebbels, animadamente, comentam as cenas grotescas. Entretanto no final da película, o jovem negro ateia fogo na tela com seu cigarro, deixando o público perplexo e apavorado por não ter salvação.Todos morrem nas chamas. E a guerra acaba? Outra cena clássica é apresentada nos bastidores. Desta vez é uma alusão a “Romeu e Julieta”, mas sem paixão. O final desse capítulo é ótimo, mas o próximo é ainda melhor. Hans encontra-se com Aldo, em perigo mortal, mas um acordo é imposto. O crápula,Hans Landa, iria para a América refugiar-se e lá desfrutaria de uma bela vida e, em troca, ajudaria a acabar com a guerra traindo os alemães. Aldo, recebendo ordens superiores, concorda, desacreditando a situação; assim são levados à fronteira com a Alemanha, no meio de uma floresta. Porém o “Apache” de olhos azuis não se conforma com esse final feliz para um desqualificado como o oficial nazista e resolve dar sua própria versão a esta história. Agora eu escrevo uma fábula infantil para esse momento: “meninos, não façam muitas estripulias em frente à sua mãe perversa, porque ela pode querer puni-los duramente, quando estiver esgotada.” Deste modo nosso cruel oficial alemão carregará para o resto da vida sua marca merecida.
Esse é um filme muito bem dirigido, com um elenco de primeira, cenas muito bem filmadas e bonitas, apesar da violência há humor refinado e uma trilha sonora com músicas que valorizam cada atuação. O comportamento humano é bem analisado, a sequência dos capítulos aparece para elucidar melhor a história e seu desenrolar, e a narração não tem a ver com “verdade histórica”; é uma narrativa que se encaixa perfeitamente nesse período da Segunda Guerra mundial. Para os fãs de Pitt e Tarantino é um programão!

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