sábado, 3 de abril de 2010

Aproximação ou Disengagement de Amos Gitai







Disengagement: 1.desimpedimento, 2.rompimento

Após três anos, o público brasileiro pode ver esse filme. Amos Gitai gosta de mostrar os conflitos de seu país e esse não é diferente. Imagens escuras em um trem mostram dois jovens – uma palestina e um israelense Uli (Liron Levo) com origens também européias. Em um curto espaço de tempo eles se beijam e fazem amor. Não podem “perder o momento”. Tela escura e créditos. Em outra cena, na França, uma mansão, agora decadente, guarda o corpo de um professor judeu que acabara de morrer. A incrível soprano, Barbara Hendricks, no papel de uma funcionária da casa, canta para velar seu corpo e Juliette Binoche (Ana), no papel de sua filha encontra-se entre debochada e incrédula. Tela escura e novos créditos. Agora começa realmente o filme, depois desse belo Prólogo. Dois irmãos, Uli, adotivo, e Ana vão enterrar o pai, um catedrático francês eminente. Ninguém se importa muito pelo fato em si, pois não era muito compreendido pelos filhos. Ana resolve forjar um testamento para que Uli fique com toda a fortuna do pai, mas ao apresentarem o documento falso são surpreendidos com um testamento real. Seus bens iriam para sua neta, Dana, filha de Ana a qual vivia em um Kibutz em Israel. Ana fica chocada com as fotos, pois não sabia que seu pai conhecia sua filha adolescente, agora professora. Ambos mantinham uma relação feliz e secreta. Sua filha terá que entregar o testamento nas mãos da neta, conforme ditara seu pai, e para isso terá que enfrentar seu passado e suas angustias que a deixavam fragilizada e sem objetivos. A Faixa de Gaza está para ser desocupada pelos judeus e entregue aos palestinos, que há muito esperavam por isso. Ocorre que Uli é soldado israelense e está de partida para o local, a fim de chefiar a desocupação. Portanto os irmãos seguiriam o mesmo destino em suas duas interpretações. A viagem, como se espera, é difícil. Lá eles se separam – Ana busca a filha e Uli treina seus soldados para não serem violentos, pois iriam lidar com seus próprios irmãos. Binoche, em boa representação, aos poucos vai se aproximando de Dana, que por sua vez a reconhece e oferece seu abraço e sentimentos para a mãe envergonhada. Juntas examinam-se, contudo a adolescente é quem dá o primeiro suporte de amor e compreensão. Nascera no Kibutz, quando Ana era muito jovem e fora abandonada. Algumas horas restam para que fiquem unidas nesse local, pois teriam que partir, assim que as ordens fossem dadas. Os jovens nascidos lá e agora com famílias reagem negativamente, pois esse era seu solo, seu norte. Uli faz um grande esforço para que partam sem maiores traumas, mas não é tarefa fácil colocá-los no ônibus para removê-los. Um Epílogo espetacular nos mostra como essas mulheres, que mal se conheceram e já se amavam tanto, serão separadas. O filme aborda mais temas psicológicos do que políticos, o que o torna mais interessante. Veja outra visão em
cinemafalado ou pipocamoderna de Luciano Ramos.

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