quarta-feira, 8 de setembro de 2010

COCO CHANEL & IGOR STRAVINSKY DE JAN KOUNET





COCO CHANEL & IGOR STRAVINSKI, FRANÇA 2009
ELENCO: CHANEL (ANNA MOUGLAIS)
IGOR STRAVNISKY (MADS MIKKELSEN)
KATE (YELENA MOROZOVA)


A vida desta notável estilista francesa, Coco Chanel, continua a nos oferecer inúmeras histórias. Nesse filme que se inicia quando ela era jovem estilista promissora e amante do rico Boy Capel, mostra seu relacionamento com o famoso e inovador pianista, regente e compositor russo, Igor Stravinsky, que se exilaria com a família na França devido à Revolução Russa. O figurino de época é admirável e elegantíssimo, assim como a reconstituição de época da Art Nouveaux, com seus móveis impecáveis e inúmeros objetos Lalique. No começo, uma importante cena chama a atenção pela sua duração e tensão, quando da encenação da peça sinfônica revolucionária, A Sagração da Primavera, de Stravinsky. Uma obra moderna para balé, dissonante e difícil de ser aceita pela Paris ainda muito ligada ao antigo e tradicional. Chanel estava presente nessa noite e, diferentemente da maioria, soube apreciar aquela inovação, pois também era uma mulher adiante de seu tempo. Isso se passou em 1913 e poucos anos depois morreria seu amante Boy. Ainda de luto pela morte de seu amado, em 1920, ela revê Igor e deseja conhecê-lo. Stravinsky, empobrecido, era incompreendido por suas melodias diferenciadas e encontrava-se com sua mulher doente e os quatro filhos em um minúsculo hotel de Paris. Chanel se encanta com esse homem jovem e másculo e decide conquistá-lo, principalmente por seu talento. Parece ser correspondida e assim os convida para morar em sua majestosa casa de campo, onde haveria espaço e ar puro para todos. A família, um pouco relutante, aceita e se deslumbra com a elegância do local, onde tudo era preto e branco com alguns tons de bege. O clima de sensualidade entre os heróis é palpável e logo observado por sua sensível mulher, que o amava perdidamente. Muito doente, a princípio aceita a situação para que ele pudesse compor sua obra magnífica, pois ela era a mais severa e honesta crítica desse gênio. Chanel investe uma grande quantidade de dinheiro para que ele possa ser bem sucedido, mas prefere que ele não saiba quem foi seu mecenas. O convívio entre eles é quase diário e sem maiores cuidados, ocasionando o agravamento do estado de saúde de sua terna esposa e a desconfiança dos filhos, que apesar de tudo gostavam de Coco. A situação atinge um ponto tão crítico, que Kate decide deixar a casa, por amá-lo profundamente, e permitir que possa terminar seu trabalho. Ocorre que isso não facilita a vida dos amantes, ao contrário, Chanel desaponta-se com ele e passa a evitá-lo. Com o orgulho ferido e ferindo também o orgulho de Coco, por não considerá-la uma artista, mas uma vendedora de tecidos, continuamente embebeda-se, sofre, mas termina seu fantástico trabalho. Na abertura da encenação de sua obra, o teatro estava lotado e a figurinista havia sido a própria Chanel, que por essa época encontrava-se muito ocupada com a criação de seu mais famoso perfume, Chanel n° 5. O sucesso é obtido e ele ovacionado pelos parisienses. Os anos passam e no terço final do filme, vemos Chanel idosa e já vivendo no Hotel Ritz de Paris, em sua famosa suíte e Igor, agora também um velho senhor, pensando nos dias de amor que passaram juntos. São belas cenas. É um bom filme que reconstitui uma parte importante da história de ambos os artistas – um oriental e outro ocidental. As imagens são magníficas, os diálogos concisos e a atuação calculada, sem excessos. O trabalho foi baseado na novela de Chris Greenhagh de 2003.

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