segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

INVERNO DA ALMA DE DEBRA GRANIK










WINTER’S BONE EUA/DRAMA 100 minutos
ELENCO:
JENNIFER LAWRENCE
JOHN HAWKES


Com quatro indicações para o Oscar de 2011, este impressionante drama, baseado no livro Winter’s Bone de Daniel Woodrell é um thriller da melhor qualidade, situado em um ambiente rural paupérrimo, pouco explorado pelo cinema nos dias atuais. Ree, Jennifer com espetacular desempenho, é uma garota de 17 anos que vive em uma casa caindo aos pedaços, nas montanhas de Ozark, Missouri. Tudo em sua volta contradiz o que ela é: uma pessoa forte, inteligente, astuta e responsável que cuida da mãe catatônica e deprimida e de dois irmãos de 6 e 12 anos. Ela é o chefe da casa com tão pouca idade, pois o pai, fugitivo da lei, desaparecera deixando a família na miséria. O ambiente familiar só não é mais grotesco graças à sua beleza e diligência, cuidando da mãe que jamais a ajuda, da garotinha de seis anos e seu irmão pré-adolescente. Apesar de rachar lenha, fazer a comida, lavar e passar, encargos de uma adulta, ainda encontra tempo para brincar com os irmãos e proporcionar-lhes uma infância com um pouco de alegria. Ela é pragmática e até os ensina a empunhar uma arma e descarregar a bala, em caso de necessidade. Somente uma vizinha se compadece de sua desgraça e, às vezes, oferece algum veado ou outra caça qualquer para que tenham proteína na mesa. A própria Jennifer e seus dois irmãos caçam pelas florestas. As coisas que já são ruins sem o pai, tornam-se muito piores, quando o xerife do local informa-lhes que se não acharem o pai para uma audiência em sete dias a casa será tomada deles, pois havia dado seus bens como fiança. Parece-lhe que a única solução para salvar-se de tal infortúnio seria juntar-se ao exército e ganhar $40.000, para pagar suas pendências, contudo é rejeitada por ser menor de idade. O interessante dessa estória é que a personagem principal não tem auto-piedade e mostra-se possuidora de um ego perfeito e alta estima de si e amor pelo pai, mesmo sendo contraventor. Ele refinava drogas em laboratórios e era o melhor no que fazia, mas seu passado o condena. Sabemos que era, também, vaidoso e alegre, pelas roupas que estavam guardadas, como lindas jaquetas e botas engraxadas e um instrumento de cordas, com o qual era muito bom. Jennifer é uma assídua freqüentadora de seu guarda-roupa, uma vez que isso lhe dava esperanças para revê-lo. Essa mulher confiante e sagaz promete ao policial que encontrará o pai e tudo será resolvido. Ocorre que a empreitada é pesada demais até para um homem calejado. O lugarejo é conduzido por uma máfia rural, da pior espécie. Pessoas violentas, desumanas, com um linguajar chulo e sujo. Elas mesmas são feias e despudoradas. Procurando o auxílio do tio, o ótimo John Hawkes, não obtém nenhum sucesso. A busca de outros recursos, pois deveria provar que o pai estava morto, é espancada e quase mutilada por um grupo de mulheres, todas irmãs. Sua maturidade e coragem fazem que essas mesmas mulheres mutiladoras resolvam auxiliá-la a encontrar os ossos do pai (Winter’s Bone). Em sequências trágicas ela alcança seu intento, em um lago banhado pela luz da lua e uma serra elétrica. Seguido esse horror, o final que se aproxima é um facilitador para os espectadores, uma vez que a brava Ree conseguirá manter a união familiar. Excelente filme, com um enredo e diálogos que nos pregam na cadeira e na tela.
Indicação para melhor filme, roteiro adaptado, atriz e ator coadjuvante.
Imperdível como drama psicológico e como retrato pouco divulgado no cinema.

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