quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

CISNE NEGRO DE DARREN ARONOFSKY












BLACK SWAM, EUA/2010, 108 MINUTOS
ELENCO:
Natalie Portman - Nina Sayers
Mila Kunis - Lily
Vicent Cassel - Thomas
Vinona Ryder - Beth
Cinco indicações para o Oscar
Filme, diretor, atriz, fotografia, edição

Tão intenso quanto o compositor russo de O Lago do Cisne, Tchaikovsky, esse filme conduz-nos por um mundo ameaçador e cheio de dores, vivido pela ótima atriz Natalie Portman, como a protagonista da história. Começa com ela dançando em um palco escurecido de onde é observada pelo coreógrafo e diretor artístico Thomas e por outras bailarinas, quando é surpreendida por um ser alado e preto, Von Rothbart, que a cobre e abraça, arranhando suas costas. Ele seria o feiticeiro que transformou a princesa Odette em cisne e ela só voltaria ao normal com o beijo de um verdadeiro amor. Esse ser será seu inconsciente durante a trajetória dessa tragédia. Essa diáfana bailarina, invejada pelas colegas, faz parte do balé de Nova York e aspira ser o Cisne Branco e Negro da próxima temporada. Ela é perfeccionista e dona de maravilhosa técnica, perfeita para o Cisne Branco, puro e angelical, mas soaria falsa para o Negro, selvagem e sedutor. A jovem é frágil, com sérios problemas psicológicos como a bulimia e pânico, além de acessos de urticária, que tiram sua pele e a deixam em carne viva e sangrando. Essa personagem frágil que o filme discutirá não é para pessoas sensíveis. Nina é mantida e contida pela mãe, também ex-bailarina, como se fosse uma criança, a começar pela maneira como a chama, pelos bichos de pelúcia de seu quarto e o modo como a faz dormir, com uma caixinha de música e uma bailarina no centro. Sexo é o maior tabu da casa, fazendo com que a jovem de 23 anos se porte de maneira inadequada, com visões eróticas e agressões ao próprio corpo para conter sua sensualidade latente. A recalcada mãe a manipula para sua única satisfação. Com provocações de seu diretor que quase a substitui, por não achá-la adequada ao Cisne Negro e com a amizade da experiente e sensual Lily, ela é obrigada a travar uma batalha insana contra si mesma para que consiga encontrar seu verdadeiro eu, seu sexo, seu desejo e florescer no que mais ama – o balé. Esse duelo de uma pessoa só é dirigido muito bem por Darren Aronofsky, de Réquiem para um Sonho e O Lutador, tirando da atriz todo seu talento e seu sangue literalmente. Vicent Cassel, magnífico como coreógrafo que gosta de ter amores com suas bailarinas, será de grande importância para que ela cresça e se torne a mulher maravilhosa que é. Perto do final, a performance de Nina, à medida que sua apresentação começa no teatro lotado, vai, ao mesmo tempo, num crescendo como unicidade cênica e se deteriorando psicologicamente, com um desfecho que chega a ser uma tremenda bofetada em seu rosto. Efeitos especiais e trilha sonora imperdíveis.

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