domingo, 9 de outubro de 2011

COPACABANA DE MARC FITOUSSI










COPACABANA, FRANÇA/BÉLGICA, 2010
COMÉDIA DRAMÁTICA, 107 MINUTOS
ELENCO
ISABELLE HUPPERT
LOLITA CHAMMAH
JÜRGEN DELNAET

Outra ótima comédia dramática de baixo orçamento e grande criatividade em cartaz. Desta vez estrelada pela excelente atriz Isabelle Huppert dos densos A Professora de Piano, Mulheres Diabólicas e Minha Terra, África. O roteiro privilegia a trajetória de uma mulher livre de qualquer preconceito, hippie na juventude, decidida a ter uma visão geral do mundo e agora, cinquentona, com as mesmas perspectivas de outrora. Nas primeiras cenas vemos uma mulher magra, de mini saia e casaco de pele andando pelas ruas e entrando em uma loja de produtos de beleza, pedindo para ser maquiada e querendo algumas amostras grátis. A vendedora explica que só poderá dá-las se ela fizer alguma compra, como não tem dinheiro pede que reforce no batom. Agora com um close, vemos que não se trata de uma adolescente ruiva, mas de Babou, uma mulher de meia idade, magra e exagerada, com uma filha conservadora de 22 anos, que irá se casar. Essa figura de cabelos vermelhos mostra-se infantil, egoísta e desagradável no contato com a filha e a vida. Desempregada, sempre por largar o que está fazendo por não gostar, é avisada que Esmeralda irá se casar. A jovem, entretanto, é explicita em dizer que tem vergonha da mãe e não a quer no casamento, saindo logo em seguida. Sozinha, vemos lágrimas correr dos olhos de Babou que se sente ferida, pois criara a filha para ser feliz e desapegada de conceitos burgueses. Desabafando com um amigo que a ama, o espectador vai mudando a avaliação que fizera da personagem principal e vendo que se trata de uma mulher livre, mas sensível quanto aos seus afetos maternos. Não querendo polemizar com a jovem e resgatar seu amor, decide largar tudo, já que fora rechaçada, e partir para a fria cidade litorânea Oostend, na vizinha Bélgica para ser vendedora de imóveis em timeshareflats para turistas estrangeiros. Chegando com mais 3 candidatos percebem que na verdade o treinamento constituía em distribuir panfletos pelas ruas, a fim de que as pessoas fossem à companhia ver os imóveis. Não seriam corretores, só com o passar de muito tempo. Antes de se instalar em seu conjugado na firma, conhece um grupo de nativos que a convidam para sua mesa. Apesar de ser bem mais velha do que eles, seu charme e beleza são indiscutíveis e um jovem pescador, segundo ele mesmo um garanhão, se apaixona por ela. A partir daí é ajudada por uma das moças a ir ao lugar correto, onde pudesse abordar os indivíduos certos, ou seja, no porto, na chegada dos navios. O sucesso é imediato e sua rigorosa chefe se encanta com a grande quantidade de pessoas que passam a visitar a imobiliária. Com o afastamento de uma das vendedoras ela é imediatamente elevada à categoria de corretora, com muito sucesso. Sendo uma mulher muito viajada e desprovida de preconceitos é bem aceita pelos estrangeiros que aportam no local e chega a fazer uma venda bem rápida. Paralelamente, se compadece de um jovem casal de músicos de rua e, como era inverno, os convida a irem clandestinamente a seu conjugado para passar a gelada noite. Esse convite é feito duas vezes e infelizmente descoberto por sua superior, com seu depoimento espontâneo, que passa a informação a diante. Um contato também é feito por sua filha, que espera ter toda a atenção da mãe, mas se sente ferida com a presença do casal da rua. Desentendo-se com a mãe, ouve o que não quer: ficaria sentada a frente de uma televisão o resto da vida e teria sua liberdade cerceada. Logo após a demissão, pega todo o dinheiro e vai ao Cassino vizinho, pois além de tentar a sorte, ali se apresentaria um grupo de escola de samba brasileiro, país que não conhecia, mas ouvia todas as boas músicas de samba e bossa nova, era seu sonho de consumo. Ganhando uma bolada exatamente na hora em que o grupo passa ao seu lado, uma nova ideia vem a sua cabeça. Esse já é quase o terço final do filme. Já havia procurado a filha e soubera da desistência do casamento, mas conversando com o noivo ele oferece uma nova abordagem de vida para sua jovem noiva, com a ajuda de Babou. Essa mulher extraordinariamente livre empenha-se em uma nova aventura e seu presente de casamento será o mais inesperado possível. Uma bela homenagem ao Brasil e à música brasileira que preenche o filme do começo ao fim. Bélgica e Brasil, dois extremos tão diferentes. A atriz se entrega totalmente nesse papel, convencendo a platéia de seu brilho e diferente modo de encarar a vida. Programa divertido e reflexivo ao mesmo tempo, com tanto consumismo comendo-nos pelas bordas. Belíssima atuação de Isabelle e direção segura do jovem premiado Marc Fitoussi. Uma curiosidade interessante é que Lolita Chammat, filha na ficção, é também sua filha na vida real.

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