segunda-feira, 9 de abril de 2012

XINGU DE CAO HAMBURGER



















ELENCO:
FELIPE CAMARGO – ORLANDO
JOÃO MIGUEL – CLÁUDIO
CAIO BLAT – LEONARDO
FOTOGRAFO: PEDRO MARTINELLI (DE 1971 A 1973 ACOMPANHOU OS IRMÃOS)


Antes do fim da Segunda Guerra Mundial, aqui no Brasil, em 1943, outro acontecimento histórico ocorria. O governo de Vargas havia decidido sair da faixa litorânea e desbravar o oeste brasileiro, ainda de certa forma desconhecido. Os jovens Cláudio, Orlando e Leonardo Vilas Bôas resolveram juntar-se aos peões, sem qualificação, e começar uma aventura e libertação, que segundo eles só seriam encontradas no sertão. Isso selaria o destino dos maiores sertanistas do Brasil, verdadeiros heróis que, em um primeiro momento, não realizavam a importância de seus feitos. A função era acercarem-se das tribos indígenas, para que pudessem saber o estado como viviam e como poderiam fazer uma abordagem, pois por esses caminhos seriam construídas várias estradas. Na primeira cena vemos o XINGU, majestoso, com suas águas claras, rápidas, poderosas, rodeado apenas pela natureza intocada e uma pequena praia de rio. A sensação é de força e paz ao mesmo tempo. Certo período se passa até que alguns índios venham aproximar-se deles. O contato anterior era através de pios como de coruja, pássaros ou onças. Cautelosos conseguem despertar a curiosidade deles e ganhar sua confiança. Ao se depararem com o agrupamento onde viviam ficam deslumbrados com o tamanho, a ordem, a limpeza e a harmonia reinante. Isso não era uma aventura, mas um conto de fadas que é quebrado quando os indígenas pegam dos brancos uma gripe e quase metade da aldeia é dizimada, apesar de todos os esforços feitos por eles. Nesse estágio algum tempo já havia passado e o governo mandara suprimentos para ajudá-los, pois Orlando tornara-se o responsável pelo projeto. Era bem articulado e havia tido contato com Brasília, logo após a derrocada de Jânio Quadros, cuja última penada havia criado esse parque no Xingu para os selvícolas. Esse é um filme quase contemplativo, o que é necessário para podermos refletir sobre a situação perigosa a ambas as partes - a natureza soberana e o intuito desses três sertanistas. Os brancos iriam de qualquer modo afetar o destino deles. Se para o bem o mal, cabe a cada um ter sua resposta, como com a construção atual da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Orlando é o mais dinâmico, conversando e convencendo políticos da ditadura militar. Cláudio mais hábil e sensível no trato com os índios e Leonardo, após se apaixonar por uma jovem indígena, que engravida, abandona a expedição com ela, obrigado pelos irmãos e morre jovem, em 1961. É um filme de grandes proporções, exibindo a natureza que, de certa forma, torna-se a personagem principal da história. Segundo relatos da revista VEJA, o fotógrafo Martinelli ficou impressionado com a veracidade da narrativa. Nas cenas finais vemos o índio gigante panará Sôkriti, que se acreditava pertencer à última aldeia não contatada. Imperdível, pois se trata de importante relato da história do Brasil, junto às civilizações mais antigas do planeta. As atuações, as cenas com os indígenas, as parcas pistas de pouso para os aviões, as jangadas, tudo faz com que tenhamos orgulho da fauna e flora brasileiras e do trabalho desses mais corretos sertanistas. Cao Hamburger dá um show com sua recriação e o projeto foi de Fernando Meirelles, sócio da O2, tendo como roteirista o próprio Cao, Anna Mulayerde e Elena Soarez. Meirelles foi o produtor, convencido pelo filho de Orlando a filmar esse trabalho magnífico.

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