segunda-feira, 2 de abril de 2012

UM MÉTODO PERIGOSO DE DAVID CRONENBERG













A DANGEROUS METHOD, CANADÁ-REINO UNIDO-ALEMANHA, 2011.
111 MIN. DRAMA
ELENCO:
KEIRA KNIGHTLEY – SABINA SPIELREIN
VIGGO MORTENSEN – SIGMUND FREUD
MICHAEL FASSSBENDER – CARL JUNG
SARAH GADON – EMMA JUNG

Fugindo de seus temas prediletos, David Cronenberg aborda desta vez o início da psicanálise. O filme foi roteirizado pelo premiado escritor Christopher Hampton baseado no livro não ficção de John Kerr de 1993. Temos três figuras principais que formaram esta história – o famosíssimo pai da psicanálise, Sigmund Freud, seu principal seguidor Carl Jung e a paciente judia russa, Sabina, que como eles, queria se tornar médica. Nas primeiras cenas vemos os belos campos da Suíça e uma carruagem trazendo uma jovem contorcendo-se com espasmos e gritos. Trata-se de Sabina Spielrien que seria internada na clínica médica do célebre Professor Eugen Beuler, onde Jung trabalhava, para ser tratada de histeria e sadismo. Jung poria em prática, pela primeira vez, o famoso método de Freud, a cura pela conversa. Explicando a prática para a paciente, ganha sua confiança e aos poucos vai descobrindo o que a tornava tão infeliz. Era a atitude agressiva de seu pai para com ela na infância. Tudo se encaixa maravilhosamente bem, pois Freud propunha que todo sofrimento da alma humana advinha do sexo na infância, consciente ou não. Admirado com o acerto, o jovem médico descobre o que lhe causava prazer e tanta dor. A HUMILHAÇÃO. O tratamento segue com reais melhoras da moça, que ainda era virgem. Apesar da proximidade intelectual entre os médicos Jung e Freud, nunca haviam se encontrado pessoalmente, mas essa oportunidade surge quando Jung vê-se atraído por Sabina, na fase de transferência, e se torna seu amante. Incomodado, resolve consultar Freud e expor suas ideias. Jung acreditava que não poderia haver apenas uma porta para a cura, somente através da ciência pura, como advogava Freud e queria admitir outros elementos, aos quais Freud chama de obscurantismo. A interpretação dos sonhos é o elemento principal de Freud e alerta o médico suíço que qualquer desvio naquele momento seria perigosíssimo, já que tudo até então se baseara no misticismo e nas crenças. Seria a primeira oportunidade de a ciência provar que estava certa. Jung refuta essa tese e passa a se distanciar do mestre em algumas variantes. Juntos, indo para os Estados Unidos, no convés de um navio, têm a oportunidade de se analisarem mutuamente. Segundo o diretor do filme existia uma inveja hermética de Freud, homem de classe media e que se ergueu sozinho, em comparação a Jung, casado com uma riquíssima mulher que havia lhe dado duas filhas e um filho e muito dinheiro para que pudesse pesquisar. Ela era verdadeiramente apaixonada pelo marido e acreditava em seu potencial, provocando com sua dedicação o sentimento de culpa do marido, que abandona sua amante, mas não deixa de tratá-la. Sabina Spielrein ajudará Jung em suas pesquisas, mas finalmente, já casada e curada ficará com a teoria do velho mestre Sigmund Freud. Ela tornar-se-á uma famosa psicoterapeuta infantil e a primeira mulher nessa profissão. Os diálogos do filme são rápidos e consistentes, demandando atenção da plateia que não estiver acostumada com esse tipo de assunto. As cenas que tratam da cura nos hospitais daquela época são bastante interessantes e muito bem elaboradas. Os atores mostram-se perfeitamente críveis, com ótimos desempenhos, a não ser Keira Knightley que, por vezes, carrega em seus gestos. O filme é bem dirigido, claro, belo e com várias imagens muito bem filmadas. Ótimo programa e sem dúvida alguma acrescentará conhecimento a quem desconhece esse rico braço da ciência. O episódio ocorreu nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, Sabina é morta em um campo de concentração nazista, junto com seus dois filhos.

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