BRASIL, 2011, 120 MIN. DRAMA
ELENCO:
OLIVIA ARAUJO
ZEZÉ MOTTA
JOÃO MIGUEL
JÚLIO ANDRADE – GONZAGUINHA
ADÉLIO LIMA – GONZAGA MAIS VELHO
Além das maravilhosas letras e
músicas desse longa, Breno nos mostra a concepção de uma típica família pobre
nordestina, nos idos do princípio do século vinte. Exú é a vilazinha onde
nasceu Gonzaga em 1912. Filho de pessoas simples, pobres, mas extremamente
honradas, passam valores morais para seus filhos. Seu pai era sanfoneiro de
primeira linha e tudo que sabia ensinou ao filho. Adolescente, Gonzaga
apaixona-se pela filha de um coronel rico e branco. Sendo correspondido é
ameaçado e para salvar a família parte de casa sem destino, mas engaja-se no exército,
que para ele era ótimo: disciplina, comida e moradia. Lá fica por dez anos sem
matar qualquer pessoa. Seu pai vai ao seu encontro, um momento emocionante.
Depois disso muda-se para o Morro de São Carlos, no Rio de Janeiro, onde
conhece um casal sem filhos que ficam seus amigos. Apaixona-se por uma mulher
“adiante de sua época” como diz, e com ela tem o pequeno Gonzaguinha. Sua
carreira era bastante errática e necessitava viajar pelo Brasil, a fim de
difundir o ritmo novo que havia inventado, uma espécie de baião, que se tornou
obrigatório no repertório da época dos anos 50, como mostraram Emilinha Borba e
até Carmem Miranda. Até chegar a esse ponto sofreu muito, praticamente abandonou
o filho com seus amigos. Todos o adoravam, menos o filho que precisava
tremendamente de sua atenção. O filme, aliás, é baseado nas gravações de
Gonzaguinha, quando do reencontro amoroso com seu pai. Casou-se mais uma vez
com uma mulher prática e que era como um tropeço, “colocava-o sempre para
frente”. Com o desenrolar da história, vamos sabendo da razão de cada canção, o
momento exato de aflições que geravam letras tão pungentes e o porquê de se
vestir como um cangaceiro. Seu filho, criado dez anos no melhor internato do
Rio, porém foi para outro lado - o da sua geração. Eram belas músicas de protesto
e interiorização de sentimentos, pois estávamos em plena ditadura militar e seu
pai era simpatizante dos mesmos. As mágoas e aflições de pai e filho são
comoventes e sanadas apenas pouco antes de Gonzagão morrer em 1989. Menos de dois anos depois perdemos a
genialidade do filho, que dera ao pai seu anel de economista, em um trágico
acidente de automóvel. Essas são vidas muito sofridas, para Gonzaga pai,
entretanto, sempre haveria um novo amanhã com alegria e fortuna. Seu filho foi
menos feliz, pela ausência da família, coisa que seu pai gozou até morrer. Eram
personalidades diferentes, mas ambas brilhantes, cada uma em seu momento. Breno
Silveira já falava de assuntos familiares em seus filmes anteriores – Os filhos
de Francisco e À Beira do Caminho, ambos excelentes. A interpretação dos atores
que fazem Gonzaga é espantosamente bem feita.
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