EM NOME DE DEUS DE BRILLANTE MENDOZA
CAPTIVE, FRANÇA, FILIPINAS/2012, 120 MIN. DOCUDRAMA
ELENCO:
ISABELLE HUPPERT
MERCEDES CABRAL
MARIA ISABEL LOPEZ
Brillante Mendoza, diretor
filipino indicado ao Urso de Ouro de Berlim depois do aclamado Lola e de
diversos curtas e longas-metragens como Kinatay, com o qual ganhou em Cannes o
prêmio de melhor diretor, vem agora com um sufocante drama. Baseado em fatos
reais, trata-se do sequestro de estrangeiros nas Filipinas por um grupo de
islâmicos separatistas. Em maio de 2001 esses homens invadiram bruscamente um
resort na ilha de Palawan, durante a noite, e levaram os hóspedes que dormiam
para um barco, no meio da escuridão da noite. Alguns se encontravam nus e não
puderam pegar nada além de poucas roupas; foi um ato cruel e covarde. O diretor usa a própria floresta filipina
para, com muito empenho e segurança, relatar sua história da maneira mais real
possível, com inúmeros incidentes gravíssimos que deixam o público em grande
suspense. A única personagem ficcional é a extraordinária Isabelle Huppert, no
papel de uma missionária e assistente social que presta serviços humanitários,
Thérèse Bourgoine. Ela encontra-se no local, casualmente, junto com uma senhora
filipina. Thérèse será o fio condutor da trama, pois é sob seu ponto de vista
que veremos os incidentes terríveis em que se encontrarão. Ao partirem para o
coração da selva tropical, os sequestradores homenageiam Alá e Osama bin Laden,
que orquestraria o ataque das torres gêmeas em Nova York, em 11 de setembro do
mesmo ano. A finalidade do ato delituoso era conseguir o máximo de resgate
possível para financiarem essa facção criminosa. Mas entre eles nem todos são
pessoas de posse e o sequestro alonga-se por vários meses. Em um movimento
muito interessante, essas pessoas que estão desprovidas de tudo e à ameaça de
rifles e animais selvagens vão tendo obrigatoriamente um convívio diário e uma
rotina, que faz com que se conheçam e se julguem melhor. A amiga da assistente
social não aguenta e morre, mas Thérèse exige que tenha um sepultamento digno.
Depois um dos líderes se apaixona por uma das enfermeiras, que também haviam
sequestrado em um hospital, e ela é obrigada a se casar com ele. Outra
enfermeira, já casada e com filhos, encontra o mesmo destino. Um americano é morto
e todos são constantemente ameaçados. Vagando sem rumo pela floresta, acabam em
uma escola e descansam um pouco para seguir viagem. Nesse ponto Thérèse já
havia se afeiçoado a um garoto de 12 anos, forçado a participar do grupo
muçulmano. Surge uma emocionante amizade entre eles e outros membros. Mas o
pior era o desprezo do governo filipino, que os ataca sem descriminação, com a
desculpa de pegar os terroristas. Viviam sob saraivadas de balas e ataques
aéreos. Os europeus irritam-se com esses fatos. O ataque das torres gêmeas é
festejado por eles, para horror de seus reféns. Contudo, em determinado momento
as coisas são resolvidas. É uma paisagem angustiante e claustrofóbica por ser
coberta de plantas que se fecham no alto, riachos, pântanos e todos os perigos
das chuvas torrenciais das Filipinas e a maneira como é filmada por Mendoza. Em
cartaz, nesta semana, dois filmes que mexem com os nervos do público e muito
bem realizados. O outro é ARGO, também resumido neste blog.
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