quarta-feira, 14 de novembro de 2012

EM NOME DE DEUS DE BRILLANTE MENDOZA


EM NOME DE DEUS DE BRILLANTE MENDOZA

CAPTIVE, FRANÇA, FILIPINAS/2012, 120 MIN. DOCUDRAMA

ELENCO:

ISABELLE HUPPERT

MERCEDES CABRAL

MARIA ISABEL LOPEZ


Brillante Mendoza, diretor filipino indicado ao Urso de Ouro de Berlim depois do aclamado Lola e de diversos curtas e longas-metragens como Kinatay, com o qual ganhou em Cannes o prêmio de melhor diretor, vem agora com um sufocante drama. Baseado em fatos reais, trata-se do sequestro de estrangeiros nas Filipinas por um grupo de islâmicos separatistas. Em maio de 2001 esses homens invadiram bruscamente um resort na ilha de Palawan, durante a noite, e levaram os hóspedes que dormiam para um barco, no meio da escuridão da noite. Alguns se encontravam nus e não puderam pegar nada além de poucas roupas; foi um ato cruel e covarde.  O diretor usa a própria floresta filipina para, com muito empenho e segurança, relatar sua história da maneira mais real possível, com inúmeros incidentes gravíssimos que deixam o público em grande suspense. A única personagem ficcional é a extraordinária Isabelle Huppert, no papel de uma missionária e assistente social que presta serviços humanitários, Thérèse Bourgoine. Ela encontra-se no local, casualmente, junto com uma senhora filipina. Thérèse será o fio condutor da trama, pois é sob seu ponto de vista que veremos os incidentes terríveis em que se encontrarão. Ao partirem para o coração da selva tropical, os sequestradores homenageiam Alá e Osama bin Laden, que orquestraria o ataque das torres gêmeas em Nova York, em 11 de setembro do mesmo ano. A finalidade do ato delituoso era conseguir o máximo de resgate possível para financiarem essa facção criminosa. Mas entre eles nem todos são pessoas de posse e o sequestro alonga-se por vários meses. Em um movimento muito interessante, essas pessoas que estão desprovidas de tudo e à ameaça de rifles e animais selvagens vão tendo obrigatoriamente um convívio diário e uma rotina, que faz com que se conheçam e se julguem melhor. A amiga da assistente social não aguenta e morre, mas Thérèse exige que tenha um sepultamento digno. Depois um dos líderes se apaixona por uma das enfermeiras, que também haviam sequestrado em um hospital, e ela é obrigada a se casar com ele. Outra enfermeira, já casada e com filhos, encontra o mesmo destino. Um americano é morto e todos são constantemente ameaçados. Vagando sem rumo pela floresta, acabam em uma escola e descansam um pouco para seguir viagem. Nesse ponto Thérèse já havia se afeiçoado a um garoto de 12 anos, forçado a participar do grupo muçulmano. Surge uma emocionante amizade entre eles e outros membros. Mas o pior era o desprezo do governo filipino, que os ataca sem descriminação, com a desculpa de pegar os terroristas. Viviam sob saraivadas de balas e ataques aéreos. Os europeus irritam-se com esses fatos. O ataque das torres gêmeas é festejado por eles, para horror de seus reféns. Contudo, em determinado momento as coisas são resolvidas. É uma paisagem angustiante e claustrofóbica por ser coberta de plantas que se fecham no alto, riachos, pântanos e todos os perigos das chuvas torrenciais das Filipinas e a maneira como é filmada por Mendoza. Em cartaz, nesta semana, dois filmes que mexem com os nervos do público e muito bem realizados. O outro é ARGO, também resumido neste blog.

 

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