domingo, 18 de novembro de 2012

E AGORA, AONDE VAMOS? DE NADINE LABAKI


 
ET MAINTENAT ON VA OÙ? TRAGICOMÉDIA, /2011, 110 MIN.

ELENCO:

NADINE LABAKI – DONA DO BAR

CLAUDE BAZ MOUSSAEBAA

LEYLA HAKIM

A ótima e bela diretora de Caramelo de 2007 nos brinda com essa ótima comédia dramática, roteirizada por ela, que aborda e homenageia o esforço pela paz de mulheres em uma pequena aldeia libanesa, que poderia ser qualquer país do mundo. O filme começa com várias mulheres de preto, unidas, caminhando ao som de uma bela música. Todas estão de preto e carregam um terço, enrolado na mão direita, que batem no peito a uma cadência sincopada. É um espetáculo de coreografia moderna. O cenário são montanhas áridas e sem vegetação. Estancam repentinamente, em frente a um cemitério. Lá depositam flores brancas nos túmulos de jovens que morreram em embates pelo país. Logo depois um amontoado de adolescentes tenta instalar uma antena clandestina para receberem sinais de rádio e da única televisão existente, a do prefeito. Assim começa essa bela história sobre a necessidade de concordância entre os povos árabes. A festa pela primeira transmissão de televisão é acompanhada por todos os habitantes, enquanto uma pobre cabrita, Brigitte, é assada como símbolo de sacrifício pela entrada deles no século XXI. Boquiabertos assistem a um filme, que se torna apimentado para crianças, e o controle remoto muda para vários outras emissoras, mas as que os homens preferem é a de notícias sobre guerra entre cristãos e mulçumanos. As mulheres passam a se levantar e falar alto, encenando uma grande discussão até que aquilo termine. Esse vilarejo possui as comunidades cristãs e mulçumanas vivendo em harmonia, sendo o padre e o imã grandes amigos. A igreja e a mesquita estão distantes a poucos passos. As armas haviam sido enterradas em um local secreto e a serenidade reinava. A própria diretora, no papel de uma dona de bar católica, flerta e gosta de um pedreiro mulçumano, sendo correspondida.  Distante do resto do país, dois garotos, durante a madrugada, vão de lambreta puxando um carrinho de mão, buscar os suprimentos necessários a todos. A história corre bem até que, pelo rádio, os homens ouvem detalhes sobre a guerra e começam a se afrontar. Desesperadas, as mães, irmãs e esposas fazem de tudo para desviar a atenção do fato. Milagres são simulados pelas católicas e quando não veem saída para a situação, todas, cúmplices, acabam apelando por chamar um grupo de dançarinas ucranianas, nada tradicional, para distrair seus maridos e filhos, pois seus próprios corpos eram cobertos por panos pretos e estavam fora de forma. Isso e mais bolinhos de haxixe da mais alta qualidade. As situações são hilárias e comoventes ao mesmo tempo. Sem uma solução, ao terço final, mostram toda sua coragem e determinação e a primeira cena é reintroduzida, agora por um grupo de homens que falam a frase título do filme, que é respondida: para suas mães. Belíssimo trabalho de Nadine Labaki, que apesar de ter seu filme indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro, não ficou entre os cinco finalistas. O tema é muito atual e a cineasta teve como inspiração o seu país sempre nas mãos belicosas do Hesbollah. O longa-metragem muito bem feito, interpretado e dirigido ganhou o principal premio do Festival de Toronto. Imperdível!

                                                                                                                                   

 

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