ET
MAINTENAT ON VA OÙ? TRAGICOMÉDIA, /2011, 110 MIN.
ELENCO:
NADINE LABAKI – DONA DO BAR
CLAUDE BAZ MOUSSAEBAA
LEYLA HAKIM
A ótima e bela diretora de
Caramelo de 2007 nos brinda com essa ótima comédia dramática, roteirizada por
ela, que aborda e homenageia o esforço pela paz de mulheres em uma pequena
aldeia libanesa, que poderia ser qualquer país do mundo. O filme começa com
várias mulheres de preto, unidas, caminhando ao som de uma bela música. Todas
estão de preto e carregam um terço, enrolado na mão direita, que batem no peito
a uma cadência sincopada. É um espetáculo de coreografia moderna. O cenário são
montanhas áridas e sem vegetação. Estancam repentinamente, em frente a um
cemitério. Lá depositam flores brancas nos túmulos de jovens que morreram em
embates pelo país. Logo depois um amontoado de adolescentes tenta instalar uma
antena clandestina para receberem sinais de rádio e da única televisão
existente, a do prefeito. Assim começa essa bela história sobre a necessidade
de concordância entre os povos árabes. A festa pela primeira transmissão de
televisão é acompanhada por todos os habitantes, enquanto uma pobre cabrita,
Brigitte, é assada como símbolo de sacrifício pela entrada deles no século XXI.
Boquiabertos assistem a um filme, que se torna apimentado para crianças, e o
controle remoto muda para vários outras emissoras, mas as que os homens
preferem é a de notícias sobre guerra entre cristãos e mulçumanos. As mulheres
passam a se levantar e falar alto, encenando uma grande discussão até que
aquilo termine. Esse vilarejo possui as comunidades cristãs e mulçumanas
vivendo em harmonia, sendo o padre e o imã grandes amigos. A igreja e a
mesquita estão distantes a poucos passos. As armas haviam sido enterradas em um
local secreto e a serenidade reinava. A própria diretora, no papel de uma dona
de bar católica, flerta e gosta de um pedreiro mulçumano, sendo correspondida. Distante do resto do país, dois garotos,
durante a madrugada, vão de lambreta puxando um carrinho de mão, buscar os
suprimentos necessários a todos. A história corre bem até que, pelo rádio, os
homens ouvem detalhes sobre a guerra e começam a se afrontar. Desesperadas, as
mães, irmãs e esposas fazem de tudo para desviar a atenção do fato. Milagres
são simulados pelas católicas e quando não veem saída para a situação, todas,
cúmplices, acabam apelando por chamar um grupo de dançarinas ucranianas, nada
tradicional, para distrair seus maridos e filhos, pois seus próprios corpos
eram cobertos por panos pretos e estavam fora de forma. Isso e mais bolinhos de
haxixe da mais alta qualidade. As situações são hilárias e comoventes ao mesmo
tempo. Sem uma solução, ao terço final, mostram toda sua coragem e determinação
e a primeira cena é reintroduzida, agora por um grupo de homens que falam a
frase título do filme, que é respondida:
para suas mães. Belíssimo trabalho de Nadine Labaki, que apesar de ter seu
filme indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro, não ficou entre os cinco
finalistas. O tema é muito atual e a cineasta teve como inspiração o seu país
sempre nas mãos belicosas do Hesbollah. O longa-metragem muito bem feito,
interpretado e dirigido ganhou o principal premio do Festival de Toronto.
Imperdível!
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