quarta-feira, 3 de abril de 2013

DENTRO DE CASA DE FRANÇOIS OZON



DANS LA MAISON, FRANÇA, 2012, 105 MIN. SUSPENSE.

ELENCO:

FABRICE LUCHINI – GERMAIN (PROFESSOR)

EMMANUELLE SEIGNER 

DENIS MÉNOCHET

ERNEST UMHAUER – CLAUDE (ALUNO)

KRISTIN SCOTT THOMAS – MULHER DO PROFESSOR

Como se forma um escritor? Talento, narrativa interessante, um grande vocabulário, um mestre que o conduza pelos caminhos corretos? Talvez tudo isso em conjunto. Ozon, esse fecundo diretor de Oito Mulheres e Potiche – A Esposa Perfeita, lança mais um filme genial baseado nas primeiras frases. A história também se passa numa escola, como A Caça, contudo na França. É um colégio piloto onde os professores tentam dar o melhor de si para formar jovens cultos e preparados para a vida. Ocorre que lá, tal qual como cá, eles não querem saber de estudar ou ler. Gostam de diversão e nada mais. Germain, um professor de literatura, vê-se desesperado com o nível das narrações de seus alunos, que são lidos também por sua mulher, empregada em uma galeria de arte. Um dia recebe entre muitas bobagens uma narrativa incrível de Claude que ao invés de ponto final, coloca um instigante “continua”. Procurando o jovem rapaz compreende que está diante de um talento nato. Claude escrevera sobre a casa de classe media de um colega, que considerava “normal”. Seus pais o pegavam na escola e seguiam todos de mãos dadas para casa. Claude era solitário morando somente com o pai paralítico.  Culto para a idade e muito curioso, passa a observar aquela habitação tão acolhedora e seus habitantes. Muito observador dos comportamentos humanos consegue se insinuar dentro da família, tornando-se amigo de todos. Suas observações são transcritas para a ficção numa espécie de livro.  O professor passa a ser seu tutor, apesar do perigo que considera estar nessas revelações tão íntimas. Os textos vão ficando cada vez mais elaborados e melhores, chegando a excelência. Sua mulher o adverte do perigoso jogo, pois o rapaz já estava apaixonado pela mãe do colega, conseguindo mesmo roubar-lhe um beijo sensual. Germain passa a admirá-lo como um filho que não tivera e têm-se a impressão que gostaria de ter a ousadia e talento de Claude. O suspense é constante, pois sempre ele se expõe a situações de perigo em que pode ser descoberto pelas suas “vítimas”. O mais interessante da obra é a maneira como o jovem consegue captar as condutas individuais e as consequências delas; está sempre um passo a frente. O final é imprevisível e o desempenho do jovem rapaz, considerado uma revelação, perfeito e sempre com um ar de desafio misto com segurança. As atrizes são excelentes e Fabrice Luchini envolve-se totalmente em seu papel. Ótimo programa!

 

 

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