domingo, 14 de abril de 2013

JUAN E A BAILARINA DE RAPHEL AGUINAGA



BRASIL-ARGENTINA/2011, 89 MIN.

ELENCO: MARILU MARINI

ARTURO GOETZ

LUIS MARGANO

LIDIA CATALANO

Muito difícil de classificar, esta produção entre Brasil e Argentina tem tudo que os brasileiros apreciam no cinema portenho. Dirigido pelo brasileiro Rafhael Alguinaga ele traz uma história pungente e dolorida, que apesar disso, torna-se engraçada pela reação dos personagens. “Este filme é uma fábula. E foi muito difícil manter esse tom de dez centímetros acima do chão que as fábulas têm.” Essa foi a declaração do diretor para o Caderno 2 do Estado de São Paulo. A locação e o elenco são argentinos. Trata-se de um asilo para idosos, mantido pela igreja católica e por uma enfermeira que cuida com desvelo de seus pacientes. No início vemos um caixão saindo do casarão e uma senhora elegante entrando para ocupar a vaga deixada. Esse fato mexe com os internos – a ala masculina adora e a ala feminina fica indignada com tal refinamento e competição. Juan é um interno que jamais sai de seu quarto, era viúvo e não conseguira salvar a mulher da morte. Em um encontro casual, a nova interna dança com ele e ela se torna a Bailarina. Esses são personagens esquecidos para o mundo, ninguém ali conta com a fraternidade da família. Seus únicos contatos com o mundo exterior são a televisão e posteriormente um rádio. Através do noticiário ficam sabendo que Jesus Cristo havia sido clonado pela igreja e sua mulher estava contaminada com o vírus HIV.  Outro fato mais relevante acontece: a enfermeira que cuidava deles sai de férias e deixa o filho, apelidado de “bruxa”, em seu lugar. Ele é drogado e cruel, confiscando imediatamente a televisão e os remédios mais fortes dos pobres coitados, em troca de pílulas LSD. De algum modo conseguem reverter a situação e o filme desagua em uma comédia. Impossível não se identificar com os vários “tipos”, não se comover e se alegrar com suas formidáveis soluções e sacadas. Belo projeto, o primeiro longa desse diretor com trajetória pelo mercado financeiro, que acabou virando poeta. A moral é que nem toda adversidade é má. Filme suave que não deve deixar de ser visto.

 

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