BRASIL-ARGENTINA/2011, 89 MIN.
ELENCO: MARILU MARINI
ARTURO GOETZ
LUIS MARGANO
LIDIA CATALANO
Muito difícil de classificar,
esta produção entre Brasil e Argentina tem tudo que os brasileiros apreciam no
cinema portenho. Dirigido pelo brasileiro Rafhael Alguinaga ele traz uma
história pungente e dolorida, que apesar disso, torna-se engraçada pela reação
dos personagens. “Este filme é uma fábula. E foi muito difícil manter esse tom
de dez centímetros acima do chão que as fábulas têm.” Essa foi a declaração do
diretor para o Caderno 2 do Estado de São Paulo. A locação e o elenco são
argentinos. Trata-se de um asilo para idosos, mantido pela igreja católica e
por uma enfermeira que cuida com desvelo de seus pacientes. No início vemos um
caixão saindo do casarão e uma senhora elegante entrando para ocupar a vaga
deixada. Esse fato mexe com os internos – a ala masculina adora e a ala
feminina fica indignada com tal refinamento e competição. Juan é um interno que
jamais sai de seu quarto, era viúvo e não conseguira salvar a mulher da morte.
Em um encontro casual, a nova interna dança com ele e ela se torna a Bailarina.
Esses são personagens esquecidos para o mundo, ninguém ali conta com a
fraternidade da família. Seus únicos contatos com o mundo exterior são a
televisão e posteriormente um rádio. Através do noticiário ficam sabendo que
Jesus Cristo havia sido clonado pela igreja e sua mulher estava contaminada com
o vírus HIV. Outro fato mais relevante
acontece: a enfermeira que cuidava deles sai de férias e deixa o filho,
apelidado de “bruxa”, em seu lugar. Ele é drogado e cruel, confiscando
imediatamente a televisão e os remédios mais fortes dos pobres coitados, em
troca de pílulas LSD. De algum modo conseguem reverter a situação e o filme
desagua em uma comédia. Impossível não se identificar com os vários “tipos”,
não se comover e se alegrar com suas formidáveis soluções e sacadas. Belo
projeto, o primeiro longa desse diretor com trajetória pelo mercado financeiro,
que acabou virando poeta. A moral é que nem toda adversidade é má. Filme suave
que não deve deixar de ser visto.
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