BRASIL/2013, 100 MIN. DRAMA
ELENCO:
JULIANO CAZARRÉ – JULIANO
JÚLIO ANDRADE – PROFESSOR
WAGNER MOURA – RICO
MATHEUS NACHTERGAELE – DOUTOR
SOPHIE CHARLOTTE – PROSTITUTA
Este ótimo filme de proporções
cenográficas quase nunca vistas no Brasil descreve o maior garimpo a céu aberto
do mundo, do qual foram extraídos 30 toneladas de ouro. Situado no sul do Pará,
em plena selva amazônica, nos anos 80 atraiu milhares de aventureiros que
queriam enriquecer rapidamente. Foi explorado quase a exaustão e hoje é um lago
de 200 metros de profundidade, ainda contendo minerais preciosos. Heitor Dhalia
aproveitou-se de um fato comentadíssimo Brasil a fora para elaborar uma obra de
grande relevância. Nos anos de extração do ouro no local, dois amigos Juliano,
solteiro, e o Professor, casado com uma mulher para dar a luz, não veem
perspectiva para suas vidas e resolvem partir para o sul do Pará a fim de
enriquecer, mesmo sem saber ao certo como aquilo funcionava. É uma obra de
grande violência na qual irão emergir nossos heróis que terão suas vidas e
personalidades transformadas. Ao chegarem observam, naquele formigueiro humano,
que havia uma hierarquia. “Os formigas”, recém-chegados e sem dinheiro, é que
farão o trabalho pesado de carregar nas costas sacos de 30 quilos de lama morro
acima, dos quais serão extraídas as pepitas de ouro. Esses barrancos são de
propriedade de empresários, pessoas imorais e com dinheiro, que ficarão com a
maior parte do lucro. Era uma terra sem dono e sem lei, onde a morte violenta
era a predominância. Lá havia homens gananciosos, exploradores, explorados,
bichas brutais, prostitutas, muita bebida, armas e drogas. Um mundo a parte de
tudo! Com mais formação do que a maioria, esses amigos-irmãos, dão-se bem e
logo conseguem guardar algum dinheiro. Mas o local muda a visão de Juliano, que
ao cometer o primeiro assassinato para salvar o amigo, fica deprimido, pois
gostara do que fizera. A partir daí a violência e sede de poder o dominará
completamente, mostrando um lado muito cruel que não conhecia. O Professor
queria ficar rico para dar uma vida melhor à filha e à esposa. Juliano poder! Bom de contas e raciocínio,
Julio Andrade, é o cérebro do negócio. Cada vez ganhando mais Cazarré
conseguirá, com outros assassinatos, tornar-se o dono do barranco corrompendo a
si mesmo e a sua amizade com o velho amigo. Mas esse lugar apavorante não tem
rei por muito tempo e as coisas vão mudando de mão, até vermos um Wagner Moura,
semi-calvo e de bigodinho, num ótimo trabalho, dando as cartas nas cenas
finais. Nachtergaele e Sofhie também em ótima performance. Gazarré é a alma do
filme, com suas expressões enigmáticas e uma excelente atuação. Júlio Andrade
também não fica atrás dos outros artistas, que compõem um quadro
verdadeiramente assustador. Nessa época da ditadura militar, isso representava
uma opção de ganhar dinheiro, mas com enormes perdas morais e sociais. Ótimo
filme do diretor Heitor Dhalia, que também é responsável pelo roteiro com Vera
Egito. Com dificuldades logísticas para ser filmado inteiramente no norte, uma
antiga mineração de Mogi das Cruzes, em São Paulo, foi adaptada e as cenas de
cabarés e prostíbulos foram feitas em Belém. Um longa metragem que poderia
representar o Brasil em qualquer festival internacional. Diretor de O Cheiro do Ralo, Dhalia faz
grandes trabalhos psicológicos. O filme é imperdível. É o nosso Le Capital Caboclo, que está comentado neste blog.
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