terça-feira, 15 de outubro de 2013

TERRA FIRME DE EMANUELE CRIALESE


TERRAFERMA FRANÇA, ITÁLIA/2011. 88 MIN. DRAMA
ELENCO:
FILIPPO PUCILLO –
DONATELLA FINOCCHIARIO –
MIMMO CUTICCHIO -

Esse ótimo filme sobre humanismo e política social, dirigido pelo sensível Crialese fala de um tema atualíssimo, o paradeiro de imigrantes africanos vindos de ex-colônias europeias. Foi indicado à disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012 e ganhou um prêmio no Festival de Veneza, merecidamente. Mundo Novo do mesmo diretor já abordava o tema da imigração, mas para a América. Hoje em dia, com tantos transtornos políticos no continente africano, são eles que buscam refúgio na Europa para fugir da guerra, morte e inanição. O quadro pintado por Crialese é recente e parece um documentário sobre a indignação de Emanuele ao ver no noticiário um barco à deriva com 79 imigrantes ilegais, que ficaram no mar por quase um mês e 76 chegaram mortos. Todavia, Timnit, uma mulher sobrevivente que não quis contar sua historia pessoal ao diretor, narrou fatos do acidente fornecendo material para o diretor fazer esse trabalho, segundo o Estadão. O nome de Lampedusa, o ponto mais próximo da África, não é citado, mas a narrativa é bem parecida com o que vem ocorrendo nessa ilha. A história é contada sob o ponto de vista de uma família, cujo chefe, um senhor de setenta e tantos anos, continua trabalhando como pescador para sustentar a família. Nas primeiras cenas vemos o Mar Mediterrâneo cristalino e em um canto à esquerda um barco de pesca com rede. Um dos pescadores é Filippo, neto do de Ernesto, que feliz dança e canta na proa, depois de uma pesca bem sucedida. Próximas cenas, toda a família, trajando preto e com flores brancas nas mãos seguem até o porto em procissão com um padre, jogando-as na água. Era uma homenagem ao filho que havia morrido há três anos no mar, deixando a mulher viúva e o filho de 17 anos. Essas pessoas vivem da pesca e do turismo durante o verão, quando chegam centenas de turistas para aproveitar essa ilha paradisíaca. A casa é transformada pela nora em uma pensão para estrangeiros, com comida italiana caseira e passeios de barco. Tudo corre bem aparentemente, todavia o atual governo italiano proíbe que qualquer pessoa ajude esses imigrantes ou mesmo os socorra da morte dentro do mar. Testemunhando a esse episódio a família tem outra lei a seguir. Ele e seus pares adotam a “lei maior do mar”, que não permite que nenhum náufrago fique sem auxílio. E durante o longa alguns botes aparecerão, com pessoas desesperadas para chegar à terra firme. Vários nativos pensam no seu sustento e no turismo, outros não. Filippo, sua mãe e avô, irão imiscuir-se em momentos dramáticos por possuírem compaixão e humanidade, apesar dos pesares e abrigarão uma mulher grávida e seu filho adolescente, além de ajudar outros a saírem da água. O filme segue essa temática e nunca deixa de nos envolver e nos interessar sobre a próxima cena. Trabalho magnífico, com uma fotografia de primeira e cenários maravilhosos. Imperdível. Isso se passa no sul da Sicília.

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