TERRAFERMA FRANÇA, ITÁLIA/2011. 88 MIN. DRAMA
ELENCO:
FILIPPO PUCILLO –
DONATELLA FINOCCHIARIO –
MIMMO CUTICCHIO -
Esse ótimo filme sobre humanismo
e política social, dirigido pelo sensível Crialese fala de um tema atualíssimo,
o paradeiro de imigrantes africanos vindos de ex-colônias europeias. Foi
indicado à disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012 e ganhou um prêmio
no Festival de Veneza, merecidamente. Mundo Novo do mesmo diretor já abordava o
tema da imigração, mas para a América. Hoje em dia, com tantos transtornos
políticos no continente africano, são eles que buscam refúgio na Europa para
fugir da guerra, morte e inanição. O quadro pintado por Crialese é recente e
parece um documentário sobre a indignação de Emanuele ao ver no noticiário um
barco à deriva com 79 imigrantes ilegais, que ficaram no mar por quase um mês e
76 chegaram mortos. Todavia, Timnit, uma mulher sobrevivente que não quis
contar sua historia pessoal ao diretor, narrou fatos do acidente fornecendo
material para o diretor fazer esse trabalho, segundo o Estadão. O nome de
Lampedusa, o ponto mais próximo da África, não é citado, mas a narrativa é bem
parecida com o que vem ocorrendo nessa ilha. A história é contada sob o ponto
de vista de uma família, cujo chefe, um senhor de setenta e tantos anos,
continua trabalhando como pescador para sustentar a família. Nas primeiras
cenas vemos o Mar Mediterrâneo cristalino e em um canto à esquerda um barco de
pesca com rede. Um dos pescadores é Filippo, neto do de Ernesto, que feliz
dança e canta na proa, depois de uma pesca bem sucedida. Próximas cenas, toda a
família, trajando preto e com flores brancas nas mãos seguem até o porto em
procissão com um padre, jogando-as na água. Era uma homenagem ao filho que
havia morrido há três anos no mar, deixando a mulher viúva e o filho de 17
anos. Essas pessoas vivem da pesca e do turismo durante o verão, quando chegam
centenas de turistas para aproveitar essa ilha paradisíaca. A casa é transformada
pela nora em uma pensão para estrangeiros, com comida italiana caseira e
passeios de barco. Tudo corre bem aparentemente, todavia o atual governo
italiano proíbe que qualquer pessoa ajude esses imigrantes ou mesmo os socorra
da morte dentro do mar. Testemunhando a esse episódio a família tem outra lei a
seguir. Ele e seus pares adotam a “lei maior do mar”, que não permite que
nenhum náufrago fique sem auxílio. E durante o longa alguns botes aparecerão,
com pessoas desesperadas para chegar à terra firme. Vários nativos pensam no
seu sustento e no turismo, outros não. Filippo, sua mãe e avô, irão imiscuir-se
em momentos dramáticos por possuírem compaixão e humanidade, apesar dos pesares
e abrigarão uma mulher grávida e seu filho adolescente, além de ajudar outros a
saírem da água. O filme segue essa temática e nunca deixa de nos envolver e nos
interessar sobre a próxima cena. Trabalho magnífico, com uma fotografia de
primeira e cenários maravilhosos. Imperdível. Isso se passa no sul da Sicília.
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