segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A PEDRA DE PACIÊNCIA DE ATIQ RAHIMI




SYNGUÉ SABOUR - ALE, FRA, REINO UNIDO, AFEGANISTÃO, 2012, 102 MIN. DRAMA.
ELENCO:
 GOLSHIFTEH FARAHANI – ESPOSA
HAMID DJAVADAN – MARIDO
Neste empolgante filme, baseado no livro Syngé Sabour e dirigido pelo próprio escritor Atiq Rahimi, tomamos conhecimento de uma antiga lenda persa que descreve a pedra de paciência.  Quando encontrada pode ser o depositário de todas as suas angústias e segredos e quando ela se quebrar você se libertará de todo sofrimento. Mais do que isso, o filme, que se passa em um país de língua árabe que enfrenta uma guerra civil, desnuda a agressividade masculina sobre as mulheres muçulmanas.  Golshifteh é uma linda jovem casada com um herói de guerra, décadas mais velho, que se encontra em coma com uma bala alojada no pescoço, dentro de casa. Ela o alimenta com soro caseiro e faz o possível para que não morra, pois eles têm duas meninas. A situação externa é tão catastrófica que ela passa a contar ao marido tudo que ocorre, seus medos e pensamentos mais íntimos. Quando a situação fica insustentável, deixa as meninas na casa de uma tia sábia. Contudo, volta todos os dias para conferir o soro, lavá-lo e continuar com sua purificação através da palavra que lhe fora proibida. São cenas muito pungentes, pois ele, um homem grosseiro e rude, agora é seu sustentáculo emocional e psicológico. É um sentimento de amor e ódio, guerra e paz. Certa vez ela é estuprada por um  virgem rapaz soldado e aí se abre uma oportunidade para que teste sua feminilidade e sensualidade. Os desabafos vão ficando cada vez mais profundos, assustando a própria jovem e esclarecendo cada vez mais seu calvário junto ao marido. Esse tema avassalador no final vai se tornando dramático em tal grau, que a pedra acaba se quebrando e ela se torna uma profetisa. Ótimo filme que desvenda a alma feminina de qualquer parte do universo. Imperdível. O diretor foi vencedor da premiação francesa Prix Goncourt, em 2008, e seu livro também foi adaptado para o teatro. Está em cartaz no Centro Cultural São Paulo.


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