terça-feira, 3 de março de 2015

SR. KAPLAN DE ALVARO BRECHNER




MR. KAPLLAN, URUGUAI, 2014, 98 MIN., COMÉDIA
ELENCO:
HÉCTOR NOGUERA – SR. KAPLAN
NÉSTOR GUZZINI – CONTRERAS
Os filmes uruguaios estão em alta e este, dirigido por Alvaro Brechner e baseado no livro O Salmo de Kaplan de Marco Swartz, é ótimo e foi indicado como melhor filme estrangeiro ao Oscar de 2015. O roteiro é divertido e sensível ao mesmo tempo. Trata-se de uma família judia vivendo em uma praia do Uruguai, como tantas outras. O patriarca havia sido enviado, ainda garoto, da Polônia ao país, a fim de fugir dos campos de concentração. Aos setenta e seis anos passa a ser considerado um incômodo pela família, que, após ele ter fracassado em um exame de vista para renovar sua carteira de motorista, resolve arranjar um chofer para dirigir seu carro e tratá-lo como um ancião sem mais utilidade. Ocorre que o Sr. Kaplan ainda tem muito gás e deseja usá-lo para resgatar sua dignidade.  A única ajuda familiar é da neta de dezoito anos que herdou seu carro. Sem querer, ela comenta com o avô que um “nazi” vivia em um canto da praia, onde possuía também um pequeno restaurante. Sugestionado pelo famoso caso do nazista Adolf Eichmanm, resolve com a ajuda de Contreras, um ex-policial desmazelado e seu novo motorista, formular um plano para prender o nazista a fim de levá-lo a julgamento em Israel! Essa dupla, muito improvável, fará misérias para caçar esse velho alemão, adepto da natação e de exercícios físicos, com um porte, realmente, de ex-oficial. Tudo é planejado nos mínimos detalhes, contudo sempre ocorrerá alguma coisa que porá seu plano em risco. As situações são muito engraçadas e o humor é fino e de primeira qualidade. Duas cenas muito divertidas - a insolação de Kaplan e quando o nazista é obrigado a pular na água para salvar a vida de seus caçadores, que não sabiam nadar. O filme fala da fuga maciça de judeus da Europa, sobre a velhice e a delicada crise existencial nesse período de nossas vidas e família, com ótimas interpretações. As reações dos filhos e da mulher são impagáveis. Parabéns ao jovem diretor roteirista e seus protagonistas, sendo o Sr. Kaplan um artista argentino.

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