TIMBUKTU, FRANÇA, MAURITANIA, 2014, 97 MIN., DRAMA
Timbuktu é um filme chocante,
inspirado em fatos reais e com ares de documentário. É um grito de alerta
contra a atual situação dos povos árabes, negros ou não, que sofrem com os
inclementes grupos jihadistas. Ele começa em uma pequena aldeia de mulçumanos
no deserto do Saara, com suas casas pitorescas feitas de um material que lembra
argila e tem a cor das areias que reinam por lá. Muitas famílias de tuaregues vivem, ainda
hoje, em tendas armadas no deserto e sobrevivem com algum gado ou pesca, são
povos nômades, entretanto, felizes apesar do local inóspito. Vemos nas
primeiras cenas uma caminhonete, com vários homens armados até os dentes,
anunciando que daquele momento em diante estavam sob o poder dos jihadistas e
que novas normas de vida seriam estipuladas. A música, a dança, o jogo de futebol
e outras pequenas alegrias, em um local tão longínquo, estavam terminantemente proibidos,
sendo passível de morte por apedrejamento ou açoite quem não as obedecesse. As
mulheres deveriam andar de véu e com meias e luvas o tempo todo. E nós sabemos
o quanto esse povo africano tem raízes profundas na música e em ritos tribais, sua
dignidade é muito alta e não podem ser facilmente dobrados. Desenrola-se uma
história entre duas famílias de tuaregues, um pastor e outro pescador, que se
desentendem e uma vaca é morta com uma lança. O pastor tem uma pequena família,
apenas a mulher e uma filha pequena, que o adora. Ele sai ao encalço do vizinho,
mas tudo termina de forma muito trágica. A tenda desse homem é sempre rondada
por jihadistas, que estão de olho em sua bela mulher. Enquanto isso, alguns
jovens não conseguem se desligar de seus hábitos seculares e continuam a
apreciar a música e tocar seus instrumentos. Uma xamã também quebra todas as
réguas, contudo por medo é respeitada. Esses fatos provocam a ira dos
terroristas e várias mortes horríveis são presenciadas. Uma cena encantadora,
por outro lado, é quando um grupo de meninos se aquece e joga futebol com uma
bola imaginária! Essa felicidade mais intrínseca eles não conseguiriam
arrancar. O filme é sensível e ao mesmo tempo cruel do começo ao fim e foi
indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na premiação de 2015. Muito
interessante e vale a pena ser visto, pois em pleno século XXI ainda temos, em
vários lugares, atitudes bárbaras. Ganhou vários prêmios em outros festivais.
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