quinta-feira, 9 de junho de 2016

O VALOR DE UM HOMEM DE STÉPHANE BRIZE




LA LOI DU MARCHÉ, FRANÇA, 2015, 93 MIN., DRAMA
ELENCO:
VINCENT LINDON – THIERRY
KARINE DE MIRBECK – ESPOSA
MATTHIE SCHALLER



Vincent Lindon foi premiado o melhor ator do Festival de Cannes e o César, o Oscar francês. Neste filme ele está soberbo. O diretor Stéphane Brize faz um retrato da “Velha Europa” atual. Desemprego em massa e a imigração de vítimas de guerra, inchando a França ainda mais. Vincent é um operário categorizado que comprou uma casinha bonita, casado, tem um filho deficiente físico. O garoto é inteligente, mas precisa de uma pessoa que fique com ele para estudar e ajudá-lo em afazeres físicos. Sua mãe é essa pessoa. Desesperado com o fim do seguro desemprego vai a todas as entrevistas possíveis, contudo não consegue nada e se obtivesse receberia um salário bem inferior. É um homem honesto, que ama a família, no entanto se vê desprestigiado no mercado de trabalho. Depois de muita luta, admite trabalhar como segurança em um supermercado. A rotina é dura, pois existem várias câmaras para flagrar os clientes que roubam, assim como a conduta desonesta de alguns empregados. Seu chefe é rígido e não deixa passar qualquer deslize, mesmo que não seja grave. No filme estamos sempre vendo uma salinha, onde as pessoas são desmascaradas e isso constrange de certa forma o herói. Além do pagamento da casa, está com um carro popular que acabara de comprar e a receita mal dá para que não fiquem no vermelho. Algo muito parecido com o que está se passando no Brasil. E é aí que nos colocamos inteiramente dentro desse drama. Apesar de todas suas necessidades e problemas escolares com o filho segue adiante fazendo o que detesta. Vemos dois episódios onde boas funcionárias são humilhadas e mandadas embora por pequenos delitos. Mas perderam a confiança do chefe implacável, obrigado a melhorar o faturamento do estabelecimento. O filme é gelado sob o ponto de vista humano e bem voltado ao mercado atual, com toda sua tecnologia, necessidade de sobrevivência e lucros. Com o passar do tempo Thierry não aguenta mais e deixa que a vida o leve e sua família, pois existe um limite para o ser humano que acredita no seu semelhante e na compaixão. Ótimo filme, com roteiro ágil e muito atual. Imperdível.

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