MANCHESTER
BY THE SEA, 2016, EUA, DRAMA
ELENCO:
BEN AFFLECK
– LEE CHANDLER
MICHELLE
WILLIAMS – EX-MULHER DE LEE
LUCAS HEDGES - PATRICK CHANCLER, SOBRINHO DE LEE
Kenneth Lonergan, o diretor americano
de 54 anos, faz um trabalho espetacular sobre a tristeza infinita, com grande
simplicidade em Manschester by the Sea, que já ganhou prêmios e vai concorrer
ao Oscar de melhor ator e diretor. O filme é conciso, com cores invernais e
caracterizações contidas, principalmente do herói, Ben Affleck, extraordinário
nesse papel. Nas primeiras cenas vemos em um barco, há exatos 10 anos, Partrick
e seu pai, mais o tio querido, Lee. Eles têm uma camaradagem masculina típica e
parecem estar bem felizes, com o Lee amolando o garoto sobre um possível ataque
de tubarões. Tudo é riso, felicidade e entendimento nessa família. Nas cenas
seguintes começa verdadeiramente o filme, que nos é, digamos, descascado a
facão, aos poucos, pela dureza das circunstâncias. Lee trabalha como zelador em
Boston, congelada no inverno, fazendo bicos como encanador, eletricista, enfim
um faz-tudo no condomínio onde trabalha. Fechadíssimo e lindo é motivo de
elogios da classe feminina, mas não move um músculo da face ou corpo. Uma
pessoa aparentemente muito infeliz que não vê razão para nada nessa vida. Sem
esperar, recebe uma carta de sua cidade natal, avisando que seu irmão mais
velho havia falecido e ele precisava seguir imediatamente para lá, pois no
testamento deixara seu filho sob a guarda do tio, uma vez que a mãe era
alcoólatra, casada com outro homem em uma cidade desconhecida. Joe Sabia que ia
morrer e assim tenta resgatar o futuro do irmão que de lá partira há tantos
anos. Quando chega, encontra Patrick já um adolescente alto e cabeça dura como
o resto da família Chandler. Patrick gosta da escola onde estuda, tem uma banda
e namora duas meninas ao mesmo tempo. Lee, de cara não quer ser o guardião do
rapaz e expressa claramente esse sentimento. Os diálogos transcorrem muito
contidos, devagar e sem mostrar sentimentos acalorados. Ficamos intrigados por
esse comportamento tão inesperado. Nada será explicado de maneira suave a terminar
em um final feliz. A história será desvendada aos trancos. Obviamente
acontecera algo muito sério, alguma tragédia sem limites, para tal
ressentimento e contenção, uma vez que não consegue conversar nem com a
ex-esposa. O filme traz várias cenas do passado para que possamos, aos poucos,
ir descobrindo o presente sem futuro. E não é logo que esse mistério será
aberto aos espectadores, mas já quase no terço final, como uma bofetada no
rosto. Lee sofre de uma dor tão profunda que confessa ao sobrinho não ser capaz
de superá-la ou amenizá-la, fora um corte definitivo em sua vida. O final surpreendente
fica um pouco em aberto e quem sabe um dia ele poderá se reconciliar consigo mesmo.
Ben Affleck e Lucas Hedges apresentam performances impecáveis, mas Affleck está
simplesmente divino! Ótimo filme para adultos em idade e maturidade,
absolutamente imperdível!
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