sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

MANCHESTER À BEIRA MAR DE KENNETH LONERGAN




MANCHESTER BY THE SEA, 2016, EUA, DRAMA
ELENCO:
BEN AFFLECK – LEE CHANDLER
MICHELLE WILLIAMS – EX-MULHER DE LEE
LUCAS HEDGES - PATRICK CHANCLER, SOBRINHO DE LEE

Kenneth Lonergan, o diretor americano de 54 anos, faz um trabalho espetacular sobre a tristeza infinita, com grande simplicidade em Manschester by the Sea, que já ganhou prêmios e vai concorrer ao Oscar de melhor ator e diretor. O filme é conciso, com cores invernais e caracterizações contidas, principalmente do herói, Ben Affleck, extraordinário nesse papel. Nas primeiras cenas vemos em um barco, há exatos 10 anos, Partrick e seu pai, mais o tio querido, Lee. Eles têm uma camaradagem masculina típica e parecem estar bem felizes, com o Lee amolando o garoto sobre um possível ataque de tubarões. Tudo é riso, felicidade e entendimento nessa família. Nas cenas seguintes começa verdadeiramente o filme, que nos é, digamos, descascado a facão, aos poucos, pela dureza das circunstâncias. Lee trabalha como zelador em Boston, congelada no inverno, fazendo bicos como encanador, eletricista, enfim um faz-tudo no condomínio onde trabalha. Fechadíssimo e lindo é motivo de elogios da classe feminina, mas não move um músculo da face ou corpo. Uma pessoa aparentemente muito infeliz que não vê razão para nada nessa vida. Sem esperar, recebe uma carta de sua cidade natal, avisando que seu irmão mais velho havia falecido e ele precisava seguir imediatamente para lá, pois no testamento deixara seu filho sob a guarda do tio, uma vez que a mãe era alcoólatra, casada com outro homem em uma cidade desconhecida. Joe Sabia que ia morrer e assim tenta resgatar o futuro do irmão que de lá partira há tantos anos. Quando chega, encontra Patrick já um adolescente alto e cabeça dura como o resto da família Chandler. Patrick gosta da escola onde estuda, tem uma banda e namora duas meninas ao mesmo tempo. Lee, de cara não quer ser o guardião do rapaz e expressa claramente esse sentimento. Os diálogos transcorrem muito contidos, devagar e sem mostrar sentimentos acalorados. Ficamos intrigados por esse comportamento tão inesperado. Nada será explicado de maneira suave a terminar em um final feliz. A história será desvendada aos trancos. Obviamente acontecera algo muito sério, alguma tragédia sem limites, para tal ressentimento e contenção, uma vez que não consegue conversar nem com a ex-esposa. O filme traz várias cenas do passado para que possamos, aos poucos, ir descobrindo o presente sem futuro. E não é logo que esse mistério será aberto aos espectadores, mas já quase no terço final, como uma bofetada no rosto. Lee sofre de uma dor tão profunda que confessa ao sobrinho não ser capaz de superá-la ou amenizá-la, fora um corte definitivo em sua vida. O final surpreendente fica um pouco em aberto e quem sabe um dia ele poderá se reconciliar consigo mesmo. Ben Affleck e Lucas Hedges apresentam performances impecáveis, mas Affleck está simplesmente divino! Ótimo filme para adultos em idade e maturidade, absolutamente imperdível!


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