EL CIUDADANO ILUSTRE, ARGENTINA, 2017, 118 MIN.,
TRAGICOMÉDIA
ELENCO:
OSCAR MARTINEZ – DANIEL MANTOVANI
DADY BRIEVA - ANTONIO
ANDREA FRIGERIO - IRENE
O cinema argentino continua em
sua trajetória de sucesso. O Cidadão Ilustre é mais uma prova disso e seu
protagonista recebeu o troféu de melhor ator no Festival de Veneza e o filme indicado a vários prêmios, inclusive Oscar de
Melhor Filme Estrangeiro. Segundo reportagem de O Estado de São Paulo, “O Cidadão
Ilustre já nasceu com o objetivo de colocar o “kirchnerismo” no espelho”,
afirma seu diretor. Trata-se da trajetória de um ganhador do prêmio Nobel de
Literatura, o argentino Daniel Mantovani, que, ao contrário de seu conterrâneo
Jorge Luis Borges, decide aceitar a homenagem. O filme inicia com as cenas em
Estocolmo, onde diante de uma enorme plateia, recebe seu premio com um discurso
polêmico. Depois disso não consegue mais escrever, devido às inúmeras
solicitações de palestras e aulas que é convidado a dar. Vive em
Barcelona-Espanha há quase 40 anos e nunca mais voltara a sua cidade natal,
Salas, de onde saiu aos 20 anos de idade, pela falta de oportunidade desse
atrasado vilarejo argentino. Sua secretária lê para ele a correspondência, que
despreza, mas para surpresa dela resolve aceitar um convite para participar de
uma homenagem do prefeito de Salas e ser homenageado pelo povo como “cidadão
ilustre”. Viaja sozinho para poder absorver o máximo possível sobre sua antiga
decisão, rever velhos amigos, amores e a situação atual. Chega quase incógnito à Argentina e depois de
contratempos, alcança a cidade. Lá é levado pelo prefeito interesseiro, contra
a vontade, até a prefeitura em um carro de bombeiro, sirene ligada, acenando
para as pessoas que lá residiam. É recebido pela rainha de beleza da cidade e o
recinto está repleto. Depois de se apresentar com uma interessante preleção,
pergunta sobre algum questionamento. Uma única jovem faz duas perguntas
bastante pertinentes para sua admiração, negando-as. Ao chegar ao hotel, tem a
surpresa de encontrá-la esperando por ele, provando a acuidade de suas
indagações com um de seus livros na mão. Eles têm um breve encontro amoroso. Encontra
um velho amigo, Antonio, que acabara casando com sua namorada, Irene, por quem
fora apaixonado na juventude e agora têm uma filha. A família se reúne para um
almoço com alegria. Contudo apesar de todos no vilarejo o agradarem, ao mesmo
tempo querem sua ajuda por motivos diferentes. A lua de mel e a comédia começam
a sofrer algumas fissuras. Um forte ressentimento contra Daniel vai emergindo,
pois a fonte de sua inspiração era justamente Salas e seus habitantes, alguns
bastante grotescos. Antonio, finalmente, mostra-se um homem ressentido,
machista, violento e provocador, o prefeito um grande oportunista querendo
tirar proveito do escritor e mais um personagem perigoso que tem uma gangue a
fim de acabar com ele, por não respeitar os velhos códigos políticos e sociais
argentinos. O filme revela com muita clareza quais são esses códigos arcaicos,
que prevalecem até hoje na América do Sul em geral e particularmente na
Argentina de Peron e Kirchner. Belíssimo filme, atuações primorosas e um
refletor para o que vem acontecendo abaixo da linha do Equador. Imperdível!
Nenhum comentário:
Postar um comentário