segunda-feira, 15 de maio de 2017

O CIDADÃO ILUSTRE DE GASTÓN DUPRAT E MARIANO COHN






EL CIUDADANO ILUSTRE, ARGENTINA, 2017, 118 MIN., TRAGICOMÉDIA
ELENCO:
OSCAR MARTINEZ – DANIEL MANTOVANI
DADY BRIEVA - ANTONIO
ANDREA FRIGERIO - IRENE
O cinema argentino continua em sua trajetória de sucesso. O Cidadão Ilustre é mais uma prova disso e seu protagonista recebeu o troféu de melhor ator no Festival de Veneza e o filme  indicado a vários prêmios, inclusive Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Segundo reportagem de O Estado de São Paulo, “O Cidadão Ilustre já nasceu com o objetivo de colocar o “kirchnerismo” no espelho”, afirma seu diretor. Trata-se da trajetória de um ganhador do prêmio Nobel de Literatura, o argentino Daniel Mantovani, que, ao contrário de seu conterrâneo Jorge Luis Borges, decide aceitar a homenagem. O filme inicia com as cenas em Estocolmo, onde diante de uma enorme plateia, recebe seu premio com um discurso polêmico. Depois disso não consegue mais escrever, devido às inúmeras solicitações de palestras e aulas que é convidado a dar. Vive em Barcelona-Espanha há quase 40 anos e nunca mais voltara a sua cidade natal, Salas, de onde saiu aos 20 anos de idade, pela falta de oportunidade desse atrasado vilarejo argentino. Sua secretária lê para ele a correspondência, que despreza, mas para surpresa dela resolve aceitar um convite para participar de uma homenagem do prefeito de Salas e ser homenageado pelo povo como “cidadão ilustre”. Viaja sozinho para poder absorver o máximo possível sobre sua antiga decisão, rever velhos amigos, amores e a situação atual.  Chega quase incógnito à Argentina e depois de contratempos, alcança a cidade. Lá é levado pelo prefeito interesseiro, contra a vontade, até a prefeitura em um carro de bombeiro, sirene ligada, acenando para as pessoas que lá residiam. É recebido pela rainha de beleza da cidade e o recinto está repleto. Depois de se apresentar com uma interessante preleção, pergunta sobre algum questionamento. Uma única jovem faz duas perguntas bastante pertinentes para sua admiração, negando-as. Ao chegar ao hotel, tem a surpresa de encontrá-la esperando por ele, provando a acuidade de suas indagações com um de seus livros na mão. Eles têm um breve encontro amoroso. Encontra um velho amigo, Antonio, que acabara casando com sua namorada, Irene, por quem fora apaixonado na juventude e agora têm uma filha. A família se reúne para um almoço com alegria. Contudo apesar de todos no vilarejo o agradarem, ao mesmo tempo querem sua ajuda por motivos diferentes. A lua de mel e a comédia começam a sofrer algumas fissuras. Um forte ressentimento contra Daniel vai emergindo, pois a fonte de sua inspiração era justamente Salas e seus habitantes, alguns bastante grotescos. Antonio, finalmente, mostra-se um homem ressentido, machista, violento e provocador, o prefeito um grande oportunista querendo tirar proveito do escritor e mais um personagem perigoso que tem uma gangue a fim de acabar com ele, por não respeitar os velhos códigos políticos e sociais argentinos. O filme revela com muita clareza quais são esses códigos arcaicos, que prevalecem até hoje na América do Sul em geral e particularmente na Argentina de Peron e Kirchner. Belíssimo filme, atuações primorosas e um refletor para o que vem acontecendo abaixo da linha do Equador. Imperdível!

  

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