quinta-feira, 15 de junho de 2017

NEVE NEGRA DE MARTIN HODARA



NIEVE NEGRA, ARGENTINA, ESPANHA, 2017, 90 MIN., DRAMA DE SUSPENSE.
ELENCO:
RICARDO DARÍN – SALVADOR
LAIA COSTA - LAURA
LEONARDO SBARAGLIA – MARCOS
FERNANDO LUPPI – ADVOGADO DA FAMÍLIA

Martin Hodara assina esse espetacular thriller, tendo como protagonista Ricardo Darín, no papel de Salvador, em um personagem bastante diferente do que costuma fazer. A neve também é uma das principais protagonistas. Quando vemos pinheiros e neve, sempre pensamos em paz, clareza, beleza. Aqui não, a paisagem, como é filmada e com a música perfeita, nos dá calafrios. É a história de uma família, um pai e quatro filhos, que moram na gelada Patagônia, em um chalé de madeira bastante isolado de tudo. Ele extrai madeira e caça o que comem com os filhos. O filme começa com Marcos voltando da Espanha, com sua belíssima e jovem mulher, Laura, depois de 30 anos afastado do lugar, durante um inverno gélido. Iria enterrar as cinzas do pai e visitar a irmã, a qual se encontrava internada em um hospital psiquiátrico e resolver assuntos de herança com seu irmão mais velho, o único que ficara morando no local. Salvador é um homem rústico, calado, com várias camadas de roupas, parecendo um urso solitário e que jamais deixaria a Patagônia, depois da morte do irmão caçula,  enterrado na região. Desde o início temos flashbacks dos irmãos e do  pai brutal, que elucidam a trama. Juan, o caçula, sempre aparece quando seu nome é chamado e seu rosto é fresco e jovem. Depois de falarem com o advogado da família, um velho amigo, visitam a irmã. Ela não está bem, assim como a situação da herança. Uma firma canadense pagaria uma fortuna pelas casas de madeira e todo o terreno que possuíam. Seria a salvação de Marcos e Laura. Ao chegarem, não encontram Salvador, mas se acomodam na casa. Repentinamente ele volta a os recebe com uma espingarda no rosto de Marcos. Ao reconhecer o irmão, os trata com desprezo. Até aqui ele seria um mau caráter solitário, que não se afastaria por nada dali, a fim de ficar perto do lugar onde Juan fora enterrado. Está absolutamente convencido de sua posição, apesar dos insistentes pedidos e racionalizações do casal. Laura, nesse ínterim, vai tomando conhecimento da história da família, através dos cadernos de desenho da cunhada, que desde pequena se apresentava como ótima desenhista. Ela também não recebera bem Marcos e Laura.  À medida que os segredos obscuros da família vão sendo descortinados, o espectador vai sendo inserido em um passado tenebroso e com desfechos mal resolvidos. No terço final do filme, as coisas começam a ficar mais claras e precisas, sendo o desenlace o mais surpreendente possível. Darín se doou inteiramente como o amargo Salvador e os personagens de Laura e Marcos também dão o melhor de si, sem contar com a pequena atuação do veterano Fernando Luppi, como advogado. Um filme de categoria e com ótimo roteiro escrito por Martin Hodara e Leonel D’Agostino. Imperdível! O cinema argentino continua surpreendendo. 

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