NIEVE NEGRA, ARGENTINA, ESPANHA, 2017, 90 MIN., DRAMA DE SUSPENSE.
ELENCO:
RICARDO DARÍN – SALVADOR
LAIA COSTA - LAURA
LEONARDO SBARAGLIA – MARCOS
FERNANDO LUPPI – ADVOGADO DA FAMÍLIA
Martin Hodara assina esse
espetacular thriller, tendo como protagonista Ricardo Darín, no papel de
Salvador, em um personagem bastante diferente do que costuma fazer. A neve
também é uma das principais protagonistas. Quando vemos pinheiros e neve,
sempre pensamos em paz, clareza, beleza. Aqui não, a paisagem, como é filmada e
com a música perfeita, nos dá calafrios. É a história de uma família, um pai e
quatro filhos, que moram na gelada Patagônia, em um chalé de madeira bastante
isolado de tudo. Ele extrai madeira e caça o que comem com os filhos. O filme
começa com Marcos voltando da Espanha, com sua belíssima e jovem mulher, Laura,
depois de 30 anos afastado do lugar, durante um inverno gélido. Iria enterrar
as cinzas do pai e visitar a irmã, a qual se encontrava internada em um
hospital psiquiátrico e resolver assuntos de herança com seu irmão mais velho,
o único que ficara morando no local. Salvador é um homem rústico, calado, com
várias camadas de roupas, parecendo um urso solitário e que jamais deixaria a
Patagônia, depois da morte do irmão caçula,
enterrado na região. Desde o início temos flashbacks dos irmãos e do pai brutal, que elucidam a trama. Juan, o
caçula, sempre aparece quando seu nome é chamado e seu rosto é fresco e jovem.
Depois de falarem com o advogado da família, um velho amigo, visitam a irmã.
Ela não está bem, assim como a situação da herança. Uma firma canadense pagaria
uma fortuna pelas casas de madeira e todo o terreno que possuíam. Seria a
salvação de Marcos e Laura. Ao chegarem, não encontram Salvador, mas se
acomodam na casa. Repentinamente ele volta a os recebe com uma espingarda no
rosto de Marcos. Ao reconhecer o irmão, os trata com desprezo. Até aqui ele
seria um mau caráter solitário, que não se afastaria por nada dali, a fim de
ficar perto do lugar onde Juan fora enterrado. Está absolutamente convencido de
sua posição, apesar dos insistentes pedidos e racionalizações do casal. Laura,
nesse ínterim, vai tomando conhecimento da história da família, através dos
cadernos de desenho da cunhada, que desde pequena se apresentava como ótima
desenhista. Ela também não recebera bem Marcos e Laura. À medida que os segredos obscuros da família
vão sendo descortinados, o espectador vai sendo inserido em um passado
tenebroso e com desfechos mal resolvidos. No terço final do filme, as coisas
começam a ficar mais claras e precisas, sendo o desenlace o mais surpreendente
possível. Darín se doou inteiramente como o amargo Salvador e os personagens de
Laura e Marcos também dão o melhor de si, sem contar com a pequena atuação do
veterano Fernando Luppi, como advogado. Um filme de categoria e com ótimo
roteiro escrito por Martin Hodara e Leonel D’Agostino. Imperdível! O cinema
argentino continua surpreendendo.
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