terça-feira, 27 de junho de 2017

NA VERTICAL DE ALAIN GUIRAUDIE




RESTER VERTICAL, FRANÇA, 2016, 100 MIN., DRAMA
ELENCO:
DAMIEN BONNARD – LEO
INDIA HAIR – MARIE
Spoilers


Este espetacular filme dirigido por Alain Guiraudie é ambientado nas estradas e pradarias de La Lozère, sul da França. A obra abrange assuntos importantes como homossexualidade, problemas sociais e políticos e, de quebra, discute a vida do nascimento à morte. A sonoplastia são os sons ambientes ou o roque pesadíssimo de Pink Floyd a todo volume. Nesse suspense existencial, Leo não tem um emprego definido nem um domicílio fixo. No momento, trabalha em um roteiro cinematográfico, enquanto perambula pela bela pradaria a fim de observar lobos. Depois de um encontro tórrido com uma jovem pastora de ovelhas, filha de um agricultor, nasce um bebê, nove meses depois. A jovem solteira já tem dois filhos maiores, que adoram Leo, pessoa muito afeita a crianças. Ocorre que Marie está com depressão pós-parto e não consegue encarar o menino forte e saudável. Leo, nesse ínterim, partia e voltava por conta de seu trabalho. Desiludida, Marie decide abandonar a fazenda e seguir para a cidade com os outros filhos, a fim de não ouvir o bebê que chora sem parar. Uma situação tão comum para o sexo feminino, mãe sem o pai, aqui se inverte, mas não com peso por parte de Leo, que é apaixonado pelo filho e sempre quisera ser pai. Ocorre que o bebê não para de choramingar e ele resolve consultar uma médica alternativa, que vivia nas redondezas. A situação melhora um pouco, principalmente no lado psicológico, mas seu trabalho fica sem continuidade e o produtor liga para ele sem parar, recebendo respostas vagas. A essa altura nem dinheiro ele manda mais para seu contratado. Nesse cenário da pradaria e campo os sentimentos das pessoas são elevados ao máximo. Leo vê-se numa situação  constrangedora e perigosa morando com o sogro, um homem de aparência brutal e atitudes parecidas, que resolve sair de lá e tentar morar em outro lugar. Um velhinho gay, que escutava Pink Floyd nas alturas e morava com um rapaz muito jovem e também homossexual, não tem como ajudá-lo. O pai de Marie, o velho e o jovem homossexual terão papéis importantes no desenrolar do drama. Sem alternativa, parte para a cidade. Sendo um homem muito sensível costumava dar esmolas para os pobres e ajudar seus amigos, mas agora se vê mendigando pela cidade, com a roupa do corpo e carregando seu lindo bebê nos braços. Todas essas cenas são muito comoventes e mostram uma grande falha política e social dos nossos dias. Depenado pelos moradores que habitavam debaixo de um viaduto, fatos gravíssimos fazem com que acabe retornando ao local do início do filme. Um ano se passa, ele se vê como empregado do sogro, cuidando das ovelhas. Numa gelada noite, ouve uivos de lobos e resolve, com uma pequena ovelha de isca nos braços, esperar pela matilha. Nesse final descobrimos o porquê do título do filme. Absolutamente imperdível, com um final aberto.  

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