domingo, 23 de novembro de 2008

A DUQUESA de SAUL BIDD














Um dos mais belos jardins da Inglaterra nos é mostrados e aí, jovens se divertem com jogos típicos da época. A mais bela das moças, é sem dúvida nenhuma Georgiana Cavendish (Keira Kgnithley) de 17 anos. Sua mãe Lady Spencer (Charlotte Rampling) está finalizando um tratado de casamento com o maduro duque de Devonshire (Ralph Fiennes), que a observa pela janela. O sustentáculo dessa união será a vinda de um herdeiro e obediência ao marido. Em um cenário maravilhoso, com centenas de velas ao fundo, eles se casam. Seu único intuito é o nascimento de um menino, que possa ser o sexto Duque de Devonshire. Esse é um homem duro, insensível, poderoso, promíscuo e ditatorial. Sua jovem esposa só tem uma utilidade para ele: “gerar um menino e obediência”, como os cachorros que ele tanto gosta. O castelo onde vão morar é um dos mais belos e conhecidos de toda Europa, pois William era uma dos homens mais importantes, ricos e influentes da Inglaterra, sendo o principal membro do Wig Party. São tempos de mudança na Europa e a liberdade de voto é ansiada por todos. Os Wigs sonham com uma liberdade moderada, o que é descartado por G. (é assim que a chamavam), pois ou é liberdade ou não é. Esse movimento libertário se espalhara da França aos Estados Unidos da América. Eles são freqüentadores assíduos dos salões e da política, que se torna a paixão de G., juntamente com o jogo. Recém casada é obrigada a ficar com Charlotte, filha bastarda de William, mas um amor maternal se aflora com a pequena. Pouco depois ela tem sua própria filha e em seguida outra. Em muitos dos embates políticos que participa, Georgina reencontra Charles Grey (Dominic Couper), que fora se companheiro. Ele pertence ao partido da oposição, Tory Party (conservador), e pretende se eleger na eleição que está prestes a ocorrer. Nesse ínterim, conhece Bess Foster (Hayley Atwell), que se torna sua melhor amiga e amante seu marido. Através dela fica sabendo o que é o verdadeiro ato sexual e o prazer. Bess, mãe de três filhos e separada deles e do marido, vai morar em seu magnífico palácio, Devonshire, coberto por tapetes, paredes de veludo, artes, pratarias e mobílias de qualidade insuperável. Georgina, ignorada pelo marido, passa a ser sufragista, apoiando abertamente Charles Grey e sua causa em prol da liberdade e igualdade e de um “admirável mundo novo.” Ela é a mulher mais linda da Inglaterra e a mais bem vestida, desenhando seus próprios vestidos e chapéus com muitas plumas, pois, como disse a seu marido, esse seria o único modo como uma mulher poderia se expressar, ao contrário dos homens que eram livres para fazê-lo. Sua presença é esperada, tanto nos salões como entre o povo, por sua inteligência e beleza. Contudo Bess, explicando que precisava ficar junto aos filhos, torna-se abertamente amante do duque de Devonshire, e sua presença e a dos filhos são impostas à jovem. Desespera-se, pois a única coisa que realmente possuía era uma amiga, e essa lhe fora tirada por seu cruel marido. O duque não se desculpa de seus atos, pois estava sempre cumprindo o que prometera: abrigá-la e protegê-la, nada mais do que isso. Refugiando-se com a mãe, volta, a pedido desta, a morar em sua casa, tendo que aceitar esse imposto ménage à trois! Inconformada, pede que seus sentimentos por Charles sejam aceitos, assim como ela aceitava o relacionamento adúltero entre os dois. O duque se enfurece e profere que com ele não há acordos, só há ordens a serem cumpridas. Estuprando-a, exige que tenha um filho e o obedeça. O garoto nasce, enquanto ela está em uma casa de campo para descansar, em companhia de Bess. Wiliiam fica feliz e lhe dá de presente uma letra, com um alto valor, para suas filhas (não nossas). Bess articula, nos bastidores, encontros entre os dois jovens amantes, que partem para Baths, uma cidade linda famosa por suas águas termias (foi fundada pelos romanos). Lá ela engravida de Charles, mas é obrigada pelo duque e sua mãe a voltar para Londres e cuidar de suas filhas, pois se não o fizesse seria impossibilitada de vê-las e o jovem Grey seria banido completamente da política inglesa para sempre. Nesse quase final de filme ela já se entregara à bebida e ao fumo. O duque ao saber de sua gravidez obriga-a a morar no interior do país, ter seu filho e entregá-lo, imediatamente a família Grey. Charles quer casar-se com ela, mas não consegue, pois ela teria que abandonar os filhos e ele a política. Depois do nascimento do bebê, uma menina, ela corajosamente, com a ajuda de Bess, dá a filha ao avô, General Grey, que leva a criança. Tempos depois, quando G. já voltara a freqüentar os salões a pedido do duque, ele lhe confessa que, apesar de suas atitudes duras com ela, a amava, em um gesto pouco familiar a ele. Um pequeno roçar da mão de G. nos mostra que ela concordara com a situação. Georgina volta a viver em uma “suposta tranqüilidade”, mas morre aos 48 anos. Bess casa-se com o duque de Devonshire, com as bênçãos de Georgina, e Charles Grey é eleito primeiro ministro da Inglaterra.

Sobre o filme.
Os atores são muito bons, principalmente Rampling e Fiennes. Keira está lindíssima e continua competente em seus trabalhos de época. Não é um filme espetacular, mas é adorável de ser visto e compreendido, com imagens deslumbrantes dos palácios e castelos ingleses. Os problemas abordados são ainda muito atuais. Houve melhoras políticas, sociais e feministas, mas não chegamos ainda a um consenso, nem de leve em minha opinião, satisfatório.
Sobre Georgina Cavendish, duquesa de Devonshire.
Viveu entre 1757 e 1806. Foi a primeira esposa do riquíssimo William Cavendish, 5°duque de Devonshire. Entre seus descendentes está princesa Diana, que teve uma vida amorosa conturbada e infeliz como a sua. Georgina era notabilizada por sua beleza e o grande círculo político que freqüentava. Era ativista política e em 1784, durante a eleição geral, e mais de cem anos antes do voto feminino ser aceito, havia rumores que trocara beijos por votos a favor de Charles. Certa vez, um irlandês ao vê-la exclamou: “Amo e lhe abençôo, minha Lady, deixe-me ascender meu cachimbo no brilho dos seus olhos!” Casou-se aos 17 anos, teve dois abortos de meninos e duas filhas e um filho, que morreu solteiro! Com Charles teve outra menina em 1792. Georgina visitava sua filha, Eliza Courtney, freqüentemente, às escondidas. Eliza deu o nome de sua mãe para a filha. Morreu aos 48 anos e seu marido casou-se, sob sua benção, com Bess. Era conhecida por sua paixão de jogar, deixando um grande débito. BEM FEITO!
Reparem na mudança do conceito de beleza. A pintura é a imagem verdadeira.

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