terça-feira, 4 de novembro de 2008

UM SEGREDO ENTRE NÓS Direção de Dennis Lee











Esse drama sobre famílias disfuncionais sob o título de Fireflies in the Garden, pobremente traduzido por Um Segredo Entre Nós, é muito bom. As primeiras tomadas são imagens de satélite sobre um belo bairro arborizado, em seguida a periferia e depois campos cultivados. As rodas de um carro aparecem sobre uma estrada molhada pela forte chuva. Ele é dirigido por Charles (Willem Dafoe) que aterroriza um garoto de cerca de doze anos, Michael (excelente Ryan Reynolds quando adulto). Não estão sós no veículo. Aparece o rosto da mãe Lisa (Julia Roberts), que está grávida. Não tolerando a desobediência do filho inteligente e sensível, abre a porta do carro e manda que ele volte a pé para casa! Lisa, uma mulher extremamente submissa e insegura permite o ato, apesar de não concordar com isso. Sua irmã, Jane (excelente Emily Watson quando adulta), é uma garota (ótima Hayden Panettiere) um pouco mais velha que o sobrinho e vai passar uns tempos com eles. O relacionamento entre os dois é perfeito, pois possuem personalidades complementares: ele mais tímido e circunspecto ela mais atirada e realista. Há um lapso de muitos anos no futuro. O filme é feito em flashbacks e o momento atual. O mesmo garoto, que entrara no trigal molhado e desesperado, sai dele já um homem. É Michael adulto e um escritor conhecido. Está indo para a formatura tardia de sua mãe. Sua irmã Ryne dirige o carro. Michael está sem sua mulher Kate, pois estão recentemente separados. Outra cena nos mostra um carro a toda velocidade e Lisa ao lado do marido, sem o cinto de segurança, pois não queria amassar o vestido. O casal está indo também para a casa de Jane, que agora casada com dois filhos pequenos, está à espera da família. Seu filho Christopher, jogando bola, vai para a rua e quase é atropelado pelo veículo em alta velocidade de seu tio. O carro bate em um poste e Charles tem ferimentos leves, mas Lisa é morta instantaneamente. Um funeral é organizado por Michael, aparentemente sob controle, enquanto seu pai está no hospital com Ryne. Flashbacks nos mostram seu relacionamento extremamente conturbado com o pai, um escritor sem muito sucesso e professor universitário. É visto pelo filho como cruel, violento, exigente e grotesco, por tratar sua mãe e a ele com uma exigência neurótica. Durante uma reunião com outros professores pede ao filho que leia um verso escrito pelo próprio garoto, mas ele declama um belo poema de Robert Frost, ganhador do premio Pulitzer, sobre “vaga-lumes no jardim”. Por essa rebeldia, leva o filho para dentro de seu carro, brutalizando-o com palavras e atos, fazendo com que ele fique um longo tempo com duas latas cheias de tintas nas mãos com os braços levantados! Não podendo sair do quarto, também não consegue comer, pois os braços doíam muito pelo esforço feito. Sua mãe, grávida de oito meses, pede-lhe para colocar sua mão na barriga dela e sinta o bebê chutando. Ele se encanta e sugere o nome de Ryne para ele e não Max, desejado por sua mãe. Voltamos para o presente, quando seu pai já saiu do hospital e está fazendo um pequeno discurso durante o velório. A grande e velha casa onde moravam era construída de madeira e Michael ao rever sua esposa, reconcilia-se, fazendo amor no quarto que fica exatamente em cima da sala. O ruído é percebido e todos riem da situação. Após o enterro durante um jantar na casa de Jane, uma cena que ilustra bem sua autoridade, ele reprova a conduta do filho, precisamente como fazia em sua infância, mas agora Michael não fica calado e afronta o pai. O mesmo havia ocorrido durante a gravidez de sua mãe, quando ela descobre que o marido tem uma amante e tenta deixá-lo. O garoto ao vê-la sendo maltratada, avança para o pai, querendo matá-lo! Um acordo de paz é feito por Charles durante a hora de dormir do filho, prometendo mudar sua conduta agressiva. Novamente no presente, durante o velório um jovem crítico literário, colega de seu pai na universidade, senta-se a seu lado e não é visto com bons olhos por Michael, pois dissera que seu último livro não era ficção, mas sim a história de sua vida. Jane recusara-se a lê-lo com medo do conteúdo, pois assim todos ficariam sabendo a verdade. (Qual verdade? Eles tiveram um relacionamento incestuoso na infância? Nada fica muito claro nesse filme, mas as atitudes indicam que sim). O arrogante e detestável Charles pede para os filhos pegarem as coisas de Lisa antes de partirem. Seus filhos procuram cuidadosamente dentro dos bolsos das roupas as contas a pagar, pois era ela quem o fazia. Entrando no closet da mãe Michael se depara com um lugar repleto de vestimentas, sapatos, uma papelada e contas. Ao examiná-las, vê um envelope pardo escrito “Confidencial” e a recorrência de um mesmo número de telefone. Resolve ligar para descobrir quem seria aquela pessoa. No dia seguinte segue para a universidade onde estudara e encontra o crítico literário que era professor de sua mãe. Pergunta-lhe à queima-roupa como era transar com ela. Desconsertado conta como iniciara o caso, há três anos, e que eram muito felizes juntos, mas lamentavelmente ela havia morrido. Michael lhe entrega o envelope pardo e ele pode ler que ela iria se separar do marido, logo que se formasse e iria morar com ele. O jovem escritor agradece por tê-la feito feliz por algum tempo em sua vida tolhida e miserável. Charles, aparentemente, nem por um segundo tem qualquer problema de culpa pela morte da mulher. O afetuoso Christopher se sente culpado pela morte da tia, pois o carro desviara para não bater nele e está em uma crise de consciência muito grave, fugindo de casa! Michael que tinha um temperamento parecido o compreende e lhe explica que foi uma conjunção de fatores que motivou o acidente e o deixa correr livremente pelo trigal, como ele mesmo já fizera inúmeras vezes. Quatro horas depois o menino ainda não chegara e seus pais e Kate partem para procurá-lo, muito aflitos. Apesar de estar com um celular dado por Michael joga-o fora e não se comunica com ninguém. Já é noite e sua mãe se diz desesperada, mas quando Kate tenta acalmá-la, expõe que uma mulher livre não saberia entendê-la. Kate então revela que está grávida, mas seu marido ainda não sabe. Jane pede-lhe que não magoe seu sobrinho, que já sofrera tanto! São interrompidas pela chamada de seu celular. Era Michael que havia encontrado Christopher chorando no túmulo da tia. Nesse terço final de filme ele desanda um pouco, porque as coisas começam a se encaixar para um final feliz, diante de tantos problemas complexos e a relação não resolvida entre pais, filhos e a família. Michael após queimar o manuscrito de seu livro, parte com Kate, feliz porque se tornaria pai e Charles avô. O bebê se chamaria Max, se fosse menino, pois era o nome preferido de sua mãe!!


A atuação dos interpretes é excelente, pois só traz nomes de grande peso artístico. É uma pena que não tenha sido mais bem investigado, pois famílias disfuncionais é um tema atual e muito interessante.
Elenco: Julia Roberts, Ryan Reynolds, Emily Watson, William Dafoe, Carrie-Anne, Hayden Panettiere, Ion Gruffud, Cayden Boyd.

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