terça-feira, 3 de novembro de 2009

COCO ANTES DE CHANEL de ANNE FONTAINE









ELENCO:
AUDREY TAUTOU - GEBRIELLE CHANEL - COCO
BENOIT POELVOORDE – ÉTIENNE BALSAN
ALESSANDRO NIVOLA – ARTHUR CAPEL – BOY

Este drama biográfico esboça as primeiras décadas de vida dessa mulher importantíssima, que foi Coco Chanel, baseado no livro de Edmond Charles-Roux. Anne mostra-nos de forma sucinta os costumes, a moral, a vestimenta e as belas residências do final do século XIX até o século XX (nas duas primeiras décadas). Gabrielle Chanel, nascida em 1883, era filha de pais muito pobres e com a morte de sua mãe, quando tinha apenas 6 anos, seu pai distribui os 5 filhos e nunca mais os viu. O filme começa com ela e sua irmã sendo levadas em uma carroça, pelos belos campos franceses, a um orfanato de freiras carmelitas. Lá permanece por 15 anos. As duas garotas, em 1905, vão trabalhar como cantoras de cabaré durante a noite e costuram durante o dia. Mesmo assim o rendimento delas é mínimo. Era uma época em que as mulheres, se não fossem ricas, eram relegadas a serviços braçais ou o teatro, que não lhes dava um status digno. Coco, apelido que adotara, esforçava-se para manter sua dignidade e cobrava-se uma rígida disciplina de trabalho. Seu sonho era ser independente financeiramente e famosa: uma raridade e impossibilidade na época. Para ela qualquer problema que se relacionasse à costura era muito fácil e prazeroso de resolver. Nascera para tornar-se uma grande estilista. Nesse ambiente noturno tem a oportunidade de conhecer um rico oficial, Étienne Balsan, que se encanta com sua maneira resoluta e agressiva de ser, sem meias-palavras. Coco não aceitava usar as roupas compridas, arrastando pelo chão, os espartilhos diminutos e os chapéus tipo merengue, cheios de enfeites e plumas, mesmo por que não teria dinheiro para essas frivolidades. Era uma inovadora. Sua roupa, feita por ela mesma, era discreta e simples. Quando sua irmã parte, decide procurar abrigo na belíssima propriedade do barão Balsan, que apesar de surpreso, concorda que ela fique por dois dias, o que se arrasta por um longo tempo. Com ele observa as maneiras e os costumes dos nobres e das atrizes. Com as roupas masculinas de ótima qualidade de seu anfitrião, começa a surgir um novo tipo de vestimenta. Coco as adapta para sua figura magra e andrógena. Algumas mulheres se encantam com seu despojamento e simplicidade, principalmente os chapéus, pequenos e discretos que deixam o olhar à mostra. Tautou não poderia estar mais bem adaptada a um papel do que esse, pois seu olhar intenso e seu sorriso espontâneo estão quase sempre presentes, assim como seu gestual elegante e consciente. Durante uma festa no castelo de Balsan, conhece o carismático e belo Arthur Capel. Era um homem rico, que se fizera sozinho, bem diferente dos nobres que não trabalhavam e sequer liam os livros de suas próprias bibliotecas. Inglês, gostava de ler sobre filosofia e deixa para ela um livro que discute a Filosofia da Miséria. Entre esses personagens, de certa forma iguais na ambição de serem famosos e ricos, nasce um amor profundo. Mas Boy jamais se casaria com Coco, pois precisava de um sobrenome nobre e se uniria com uma riquíssima herdeira. Ela vivia, na realidade, dos favores de homens que aceitavam o sexo e entretenimento que essa garota excêntrica lhes oferecia. Seus patronos, nos primeiros anos de sua carreira como chapeleira em Paris, foram Boy, que se tornou seu amante, e Balsan, que com sua influência e conhecimento da alta sociedade lhe facilitou o caminho. Mas, nada mesmo, sem seu talento extraordinário teria ajudado a torná-la a primeira desenhista de moda de Paris, pois após o sucesso dos chapéus, passa a fazer suas famosas roupas, adoradas até hoje pelas mulheres elegantes. Benoit Poelvoorde e Alessandro Nivola convencem na pele de seus personagens e Audrey Tautou está maravilhosa como sempre, em qualquer papel que se disponha a desempenhar.
CURIOSIDADES. Chanel aboliu as roupas desconfortáveis e de certa forma ridículas das mulheres do século XIX. Deu-lhes uma nova perspectiva de conforto e elegância. Adotou o preto e branco como seus tons prediletos, indo, aos poucos, para o rosa, vermelho. Iniciou a moda feminina com o confortável Jersey, as roupas mais largas, saias mais curtas, o terninho feminino, roupas inspiradas em marinheiros e os famosos colares de pérolas (podem ser artificiais). Deu-nos de presente o Chanel N°5 e sua famosa bolsa a tiracolo. Sua Maison continua sendo um ícone de elegância em nossos dias, infelizmente para quem tem muito dinheiro, mas vale a inspiração que ela espalhou pelo mundo da moda. Morreu em 1971, ainda trabalhando, aos 88 anos.

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