terça-feira, 9 de março de 2010

A SINGLE MAN (DIREITO DE AMAR) DE TOM FORD








As primeiras cenas desse drama são um tanto escuras e turvas, pois vemos imagens dentro da água, com corpos nus, que não são bem definidos. Depois um carro está no meio da neve e o jovem motorista, com o rosto ensanguentado, morto no chão. Aproxima-se um homem bem vestido, beijando-o e deitando-se ao seu lado, aos prantos. George Falconer (Colin Firth) acorda em sobressalto. Era um sonho recorrente que acontecia desde a morte de seu amante, Jim (Matthew Goode), que morrera depois de dezesseis anos de uma vida em comum gratificante e perfeita. Estamos em 1962, Los Angeles, e vários meses já havia se passado desde o acidente, contudo esse professor de Literatura Inglesa, que era londrino, não conseguia superar sua vida pós-Jim. Esse desespero faz com que passe a contemplar o suicídio como única saída para a solidão. Tem uma amiga, a ex-beldade (Julianne Moore), em que ele confia e conhecera em seus tempos de juventude na cidade de Londres. Ambos procuram consolo nessa amizade e quem sabe algo mais, porquanto haviam namorado tempos atrás. Agora isso seria impossível, pois George já desenhara sua vida e seu destino como homossexual. Suas aulas de Literatura são interessantes e no momento discutiam Aldous Huxley. Um de seus alunos, o ótimo Nicholas Hoult como Kenny, admira seu professor, não só como mestre, mas como um possível companheiro. Sentira-se bem durante a aula, quando discutiram um livro do famoso escritor de Admirável Mundo Novo, o medo e as minorias, que George descreve como apenas um grupo de pessoas, nada mais, que incomodam e podem subverter os valores tradicionais de qualquer sociedade conservadora e ameaçar a ordem já existente. Colin Firth, indicado ao Oscar de melhor ator, disse que nunca tivera uma experiência igual a essa. Trabalhar com um personagem com um exterior fastidious, ou seja, cuidadoso e meticuloso e um interior pleno de desespero, frivolidade, pesar, terror, avidez, melancolia e serenidade. O filme é entremeado de flashbacks de seu relacionamento apaixonado com Tim. A absoluta beleza e ordem diária desse homem mostram a medida de sua desordem interna. No dia planejado para seu suicídio nada corre como o esperado e é abordado por seu jovem e brilhante aluno que faz com que um rejuvenescimento e renascimento advenham, dando a medida certa para um futuro feliz. Contudo esse drama não poderia acabar dessa maneira tão lírica e romântica; assim, um final especial nos é oferecido. A atuação de Colin Firth é excelente, pois apesar de contido, pode-se observar o turbilhão de emoções que existe nesse personagem. Nicholas Hoult também atua muito bem como jovem apaixonado e identificado com o professor. Realmente amores homossexuais são muito intensos, porque, alem da paixão, o perigo de serem observados e julgados pela sociedade é frequente, mesmo nos dias atuais. Como curiosidade - Tom Ford é o dono da famosa marca Gucci e estreante como diretor.

Nenhum comentário: