sexta-feira, 19 de março de 2010

SOUL KITCHEN DE FATIH AKIN












Esse jovem diretor turco-alemão nos dá de presente a “tragicomédia grego-alemã” muito engraçada, falando de temas interculturais atuais e repletos de personagens quase enlouquecidos. Como na ótima comédia dos irmãos Coen, Um Homem Sério, tudo dá errado para o jovem bem intencionado Zinos Kazantsakis (Adam Bousdoukos). Dono de um restaurante de beira de estrada, na cidade de Hamburgo, está à beira do desespero, pois mantém uma pequena clientela de operários que adora a “comida plastificada” que oferece; além do mais, o fisco está nos seu encalço por falta de pagamento das taxas, ameaçando fechar o estabelecimento. Exatamente nesse momento sua namorada, Nadine, está de partida para a China, onde irá trabalhar. Ele precisa desesperadamente conservar seu patrimônio, juntar dinheiro para pagar suas dívidas e ajudar e seu irmão Illias Kazantsakis, (ótimo Moritz Bleibteu), preso em regime semi-aberto. Ao comparecer ao elegante jantar de despedida da noiva, ocorre uma cena inesperada, onde o chef é mandado embora por se recusar a fazer uma comida vulgar. Shayne vai procurá-lo, mas seus pratos sofisticados não agradam seus clientes, que o abandonam à busca de pizza e sanduíches gordurosos. Ocorre que o restaurante agora está completamente vazio, servindo apenas como espaço para que músicos amigos ensaiem. Zinos encara esse personagem, quase patético, que gosta de todos, acredita na beleza da vida, em dias melhores, que cada vez se tornam piores com sua dor nas costas e situações desgastantes e cômicas que o levam ao fundo do poço. Thomas Neuman, um colega de adolescência, encontra-o, por acaso, e sendo um inescrupuloso corretor de imóveis, denuncia-o à saúde pública, que exige trinta dias para que tudo seja reformado. Seu objetivo seria comprar seu espaço por um nada. O irmão, que trabalha de fachada para ele, apaixona-se pela garçonete e é correspondido. Até essa altura do filme tudo dá errado, mas, em um lance de sorte, abre uma escola de música, ao lado do Soul Kitchen. Ele se transforma em um point para os alunos com sua comida extravagante e ambientação tosca. O dinheiro começa a jorrar, mas isso acirra a gula de Neuman que fará qualquer coisa para derrotá-lo. Zinos, decidido a ir para China, faz um documento com plenos poderes para o não confiável Illias ser o gerente e ele poder encontrar-se com Nadine. Uma festa é dada no restaurante e vira uma grande confusão, pois a sobremesa fora preparada com um forte afrodisíaco. Todos estão bêbados e possessos. A fiscal está com Neumann, fazendo uma transação sexual e tanto com ele, quando tudo é fotografado, a fim de ferrar com ela. Illis volta para a prisão após perder o Soul Kitchen em um jogo de pôquer com Thomas. Zinos está cada vez pior das costas e sem lugar para morar, pois incendiara seu próprio apartamento. Já no aeroporto encontra Nadine, que volta para a Alemanha, enlutada e acompanhada de um namorado chinês, meio metro menor do que ela. Rica não quer mais saber de Zinos. Anna, sua fisioterapeuta, é a única a ajudá-lo e um clima começa a rolar entre eles. O filme é repleto de nonsenses e gags que funcionam. Depois de um impagável leilão judicial, Zinos recupera Soul Kitchel, com o dinheiro emprestado de Nadine! E o final feliz com Anna é o que se espera e acontece. A trilha sonora é ótima, com referência ao soul, rock e outras tendências. O elenco funciona muito bem; enfim vale a pena ser visto e dar umas boas risadas com esta comédia que faz uma caricatura da nova Europa.

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