segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

INFÂNCIA CLANDESTINA DE BENJAMIN ÁVILA



ARGENTINA, BRASIL, ESPANHA/2011, 112 MIN. DOCUDRAMA

ELENCO:

NATÁLIA OEIRO -  MÃE CRISTINA

ENERNESTO ALTEIRO – TIO BETO

CESAR TRONCOSO – PAI HORÁCIO

TEO GUILHERME ROMERO – JUAN – ERNESTO ESTRADA

 

Há algumas coisas a esclarecer antes do resumo deste ótimo filme. O produtor Luis Puenzo esteve no Brasil para assistir A Infância Clandestina no Festival do Rio, pois seu filme, História Oficial, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Financia seus filmes e de seus filhos, segundo o Jornal Estado de São Paulo. O longa de Benjamin Ávila é coproduzido com o Brasil e representará a Argentina, como melhor filme estrangeiro para o próximo Oscar. O filme aborda um dos piores períodos da política argentina, em 1975, quando da morte de Peron e a subida dos militares ao poder. Foi um dos períodos mais sangrentos da história argentina.  O roteiro aborda a política, assim como o ambiente para as crianças crescerem com pais revolucionários e militantes do Peronismo. Esse filme é uma homenagem a todos que cresceram e viveram nesse período tão conturbado. A história começa com uma jovem família sendo deportada do país e agora em Cuba de Fidel. Ela é formada dos pais, um menino de onze anos, nosso herói, e sua irmãzinha de um ano. Era chegado o momento de voltar para lá e reiniciar as guerrilhas. A família virá separada. Juan e o bebê seguirão com um casal amigo para o Brasil e de lá para uma cidade na Argentina. Ele é duramente treinado a se lembrar de seu novo nome, Ernesto Estrada, nova data de nascimento e esquecer que fala espanhol. Isso já é o bastante para um garoto tão pequeno e vivendo na clandestinidade. Tudo corre como combinado e na Argentina é recebido pelo adorável tio Beto, que será seu confidente e amigo até quando puder. A ele Juan deve sua introdução à puberdade. Seus pais chegam e os quatro vivem em uma casa com uma indústria de fachada, que produz amendoim com chocolate. O irmão de seu pai sempre estará presente, pois também é guerrilheiro, mas de outro naipe, um homem menos voluntarioso, mais humano e feliz, pois para Horácio e Cristina a única felicidade é o peronismo. Há alguns momentos de doçura, em meio da política. Por exemplo, quando Juan conhece uma menina em sua escola e se apaixona por ela. Quer que a mãe conte como foi sua sensação ao saber que amava o pai. Ela e o tio darão sugestões para isso, contudo Cristina ainda não sabe de nada. Na casa existe um esconderijo para o qual Juan e o bebê são enviados várias vezes. Na escola e na rua não pode ter amigos, deve falar baixo e ter um pensamento extremamente conciso, falando o estritamente necessário. Isso o torna mais adulto do que as demais crianças e é essa qualidade que sua namoradinha mais aprecia nele. É diferente dos demais garotos. Um dia na escola, ao final da aula, todos cantam Parabéns a Você e ele se surpreende de ser o homenageado, pois não é seu aniversário, mas sim o do passaporte falso. A partir daí a trama se complica mais ainda, pois os coleguinhas querem um bolo e uma festa.

Contrafeito o pai cede ao irmão e a ele. Desenrolam-se situações aviltantes a partir daí e Juan percebe o quanto sua infância havia sido “usurpada e decididamente sequestrada”. O final é previsto e o paradeiro derradeiro do menino é a casa da avó materna, mas antecedido por tortura mental e quase física. Sua irmã não sabemos onde foi parar. Filme imperdível, pelo roteiro, direção, atuação do formidável Juan (Teo) e seu tio;  fotografia invejável. Será difícil para Selton Melo, com seu magnífico “Palhaço”, competir com um filme político e com crianças adoráveis.

Um comentário:

Unknown disse...

Se há uma razão porque eu gosto deste filme é a participação do ator César Troncoso, um dos meus favoritos no cinema e teatro. Um filme com um enredo interessante que vale a pena ver.