ARGENTINA, BRASIL, ESPANHA/2011, 112 MIN. DOCUDRAMA
ELENCO:
NATÁLIA OEIRO - MÃE
CRISTINA
ENERNESTO ALTEIRO – TIO BETO
CESAR TRONCOSO – PAI HORÁCIO
TEO GUILHERME ROMERO – JUAN – ERNESTO ESTRADA
Há algumas coisas a esclarecer
antes do resumo deste ótimo filme. O produtor Luis Puenzo esteve no Brasil para
assistir A Infância Clandestina no Festival do Rio, pois seu filme, História
Oficial, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Financia seus filmes e de
seus filhos, segundo o Jornal Estado de São Paulo. O longa de Benjamin Ávila é
coproduzido com o Brasil e representará a Argentina, como melhor filme
estrangeiro para o próximo Oscar. O filme aborda um dos piores períodos da
política argentina, em 1975, quando da morte de Peron e a subida dos militares
ao poder. Foi um dos períodos mais sangrentos da história argentina. O roteiro aborda a política, assim como o
ambiente para as crianças crescerem com pais revolucionários e militantes do
Peronismo. Esse filme é uma homenagem a todos que cresceram e viveram nesse
período tão conturbado. A história começa com uma jovem família sendo deportada
do país e agora em Cuba de Fidel. Ela é formada dos pais, um menino de onze
anos, nosso herói, e sua irmãzinha de um ano. Era chegado o momento de voltar
para lá e reiniciar as guerrilhas. A família virá separada. Juan e o bebê
seguirão com um casal amigo para o Brasil e de lá para uma cidade na Argentina.
Ele é duramente treinado a se lembrar de seu novo nome, Ernesto Estrada, nova data
de nascimento e esquecer que fala espanhol. Isso já é o bastante para um garoto
tão pequeno e vivendo na clandestinidade. Tudo corre como combinado e na
Argentina é recebido pelo adorável tio Beto, que será seu confidente e amigo
até quando puder. A ele Juan deve sua introdução à puberdade. Seus pais chegam
e os quatro vivem em uma casa com uma indústria de fachada, que produz amendoim
com chocolate. O irmão de seu pai sempre estará presente, pois também é
guerrilheiro, mas de outro naipe, um homem menos voluntarioso, mais humano e
feliz, pois para Horácio e Cristina a única felicidade é o peronismo. Há alguns
momentos de doçura, em meio da política. Por exemplo, quando Juan conhece uma
menina em sua escola e se apaixona por ela. Quer que a mãe conte como foi sua
sensação ao saber que amava o pai. Ela e o tio darão sugestões para isso,
contudo Cristina ainda não sabe de nada. Na casa existe um esconderijo para o
qual Juan e o bebê são enviados várias vezes. Na escola e na rua não pode ter
amigos, deve falar baixo e ter um pensamento extremamente conciso, falando o
estritamente necessário. Isso o torna mais adulto do que as demais crianças e é
essa qualidade que sua namoradinha mais aprecia nele. É diferente dos demais
garotos. Um dia na escola, ao final da aula, todos cantam Parabéns a Você e ele
se surpreende de ser o homenageado, pois não é seu aniversário, mas sim o do
passaporte falso. A partir daí a trama se complica mais ainda, pois os
coleguinhas querem um bolo e uma festa.
Contrafeito o pai cede ao irmão e
a ele. Desenrolam-se situações aviltantes a partir daí e Juan percebe o quanto
sua infância havia sido “usurpada e decididamente sequestrada”. O final é previsto
e o paradeiro derradeiro do menino é a casa da avó materna, mas antecedido por
tortura mental e quase física. Sua irmã não sabemos onde foi parar. Filme
imperdível, pelo roteiro, direção, atuação do formidável Juan (Teo) e seu tio; fotografia invejável. Será difícil para Selton
Melo, com seu magnífico “Palhaço”, competir com um filme político e com
crianças adoráveis.
Um comentário:
Se há uma razão porque eu gosto deste filme é a participação do ator César Troncoso, um dos meus favoritos no cinema e teatro. Um filme com um enredo interessante que vale a pena ver.
Postar um comentário