segunda-feira, 8 de julho de 2013

HANNAH ARENDT DE MARGARETHE VON TROTTA



HANNAH ARENDT, ALEMANHA, FRANÇA/2012, 113 MIN. DOCUDRAMA

ELENCO:

BARBARA SUKOWA – HANNAH ARENDT

AXEL MILBERG

JANET MCTEER – MARY MCCARTHY

Margarethe Von Trotta, cineasta alemã, aborda nesse filme espetacular o julgamento do nazista Adolf Eichmann em Jerusalém,  1961. Hannah foi escolhida pelo New Yorker para cobri-lo. Essa corajosa mulher refugiara-se nos Estados Unidos, depois de fugir de um campo de concentração francês, após a ocupação nazista, e refugiar-se nos Estados Unidos onde é considerada uma grande professora, filósofa, teórica política e escritora, dando aulas em uma universidade.  É adorada pelos alunos e ensina o valor do pensamento desde sempre. Para ela o nazismo e Hitler só existiram porque os alemães foram alijados de compreensão e pensamento, ligando-se somente ao totalitarismo, uma doutrina bárbara e desumana, consequência da falta total de lógica e reflexão. Seu passado foi impressionante, aluna de alta competência e inteligência frequenta da intimidade de Heidegger (Klaus Polh) quando jovem e apaixonando-se, acaba sendo sua amante até ir presa, mas a vida inteira nutre um amor platônico por ele e uma grande admiração pelos seus ensinamentos que a acompanham pela sua vida de filósofa e mulher casada com um acadêmico de primeira linha. Sua relação com um filósofo simpático ao nazismo tornou-se uma desagradável sensação nos idos do século XX.  Agora seu mote principal é o pensamento, sem o qual não podemos viver e nem todos pensam, apenas seguem uma tendência. Chegando a Jerusalém, durante o julgamento, espanta-se pelo fato de Eichmann estar em uma jaula de vidro, como proteção contra o comportamento dos jurados. É ainda maior seu espanto ao deparar-se não com Mefisto, mas com um homem simples, sem ideias, que apenas seguia ordens e prestara juramento nesse sentido. Em sua defesa usa esse argumento: só cumpria ordens e nunca matara nenhum judeu com suas próprias mãos. Encaminhava-os para os campos de concentração, mas não queria nem saber qual seria os destinos dessas pessoas. Era simples e tolo. Foi julgado culpado. Sua reportagem sobre esse fato levanta sobre ela uma questão importantíssima, que a fará ré de todos os israelitas. Ele não encarnava o mal, que é “extremo e radical”. O bem, para essa filósofa, era “profundo”. Eichmann era apenas uma pessoa comum e destituída de inteligência para julgar seus atos. Seus relatórios demoram uma eternidade, pois são apresentados sob o ponto de vista filosófico e não jornalístico, o que causa uma demanda de entrega do New Yorker. Ao final de muito tempo ele aparece em cinco capítulos, que despertam a ira de seus colegas e leitores. Ela mencionava também a colaboração de líderes israelenses nesses episódios. Seus relatos são publicados em um livro de 1963, Eichmann em Jerusalém - Um Relato Sobre a Banalidade do Mal. Magarethe Von Trotta apresenta cenas verídicas do julgamento, que acrescenta muito à filmagem. É um filme maravilhoso sobre a reflexão do bem e do mal. Hannah dedicou o resto de sua vida a respeito do estudo do mal. Filme absolutamente imperdível e um dos melhores desse ano. Os atores estão impecáveis em suas representações. Poucos são os filmes que se aprofundam sobre temas filosóficos de tanta importância.

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