HANNAH ARENDT, ALEMANHA, FRANÇA/2012, 113 MIN. DOCUDRAMA
ELENCO:
BARBARA SUKOWA – HANNAH ARENDT
AXEL
MILBERG
JANET
MCTEER – MARY MCCARTHY
Margarethe Von Trotta, cineasta
alemã, aborda nesse filme espetacular o julgamento do nazista Adolf Eichmann em
Jerusalém, 1961. Hannah foi escolhida
pelo New Yorker para cobri-lo. Essa corajosa mulher refugiara-se nos Estados
Unidos, depois de fugir de um campo de concentração francês, após a ocupação
nazista, e refugiar-se nos Estados Unidos onde é considerada uma grande
professora, filósofa, teórica política e escritora, dando aulas em uma universidade. É adorada pelos alunos e ensina o valor do
pensamento desde sempre. Para ela o nazismo e Hitler só existiram porque os
alemães foram alijados de compreensão e pensamento, ligando-se somente ao
totalitarismo, uma doutrina bárbara e desumana, consequência da falta total de
lógica e reflexão. Seu passado foi impressionante, aluna de alta competência e
inteligência frequenta da intimidade de Heidegger (Klaus Polh) quando jovem e
apaixonando-se, acaba sendo sua amante até ir presa, mas a vida inteira nutre
um amor platônico por ele e uma grande admiração pelos seus ensinamentos que a
acompanham pela sua vida de filósofa e mulher casada com um acadêmico de
primeira linha. Sua relação com um filósofo simpático ao nazismo tornou-se uma
desagradável sensação nos idos do século XX. Agora seu mote principal é o pensamento, sem o
qual não podemos viver e nem todos pensam, apenas seguem uma tendência.
Chegando a Jerusalém, durante o julgamento, espanta-se pelo fato de Eichmann
estar em uma jaula de vidro, como proteção contra o comportamento dos jurados.
É ainda maior seu espanto ao deparar-se não com Mefisto, mas com um homem
simples, sem ideias, que apenas seguia ordens e prestara juramento nesse
sentido. Em sua defesa usa esse argumento: só cumpria ordens e nunca matara
nenhum judeu com suas próprias mãos. Encaminhava-os para os campos de
concentração, mas não queria nem saber qual seria os destinos dessas pessoas.
Era simples e tolo. Foi julgado culpado. Sua reportagem sobre esse fato levanta
sobre ela uma questão importantíssima, que a fará ré de todos os israelitas.
Ele não encarnava o mal, que é “extremo e radical”. O bem, para essa filósofa,
era “profundo”. Eichmann era apenas uma pessoa comum e destituída de
inteligência para julgar seus atos. Seus relatórios demoram uma eternidade,
pois são apresentados sob o ponto de vista filosófico e não jornalístico, o que
causa uma demanda de entrega do New Yorker. Ao final de muito tempo ele aparece
em cinco capítulos, que despertam a ira de seus colegas e leitores. Ela
mencionava também a colaboração de líderes israelenses nesses episódios. Seus
relatos são publicados em um livro de 1963, Eichmann em Jerusalém - Um Relato
Sobre a Banalidade do Mal. Magarethe Von Trotta apresenta cenas verídicas do
julgamento, que acrescenta muito à filmagem. É um filme maravilhoso sobre a
reflexão do bem e do mal. Hannah dedicou o resto de sua vida a respeito do
estudo do mal. Filme absolutamente imperdível e um dos melhores desse ano. Os
atores estão impecáveis em suas representações. Poucos são os filmes que se
aprofundam sobre temas filosóficos de tanta importância.
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