BRASIL, 2012, 127 MIN, DRAMA
ELENCO:
FERNANDA MONTENEGRO – BIBIANA
THIAGO LACERDA – CAPITÃO RODRIGO
MARJORIE ESTIANO – BIBIANA JOVEM
CLÉO PIRES –
Este belo longa metragem é o
segundo de Jayme Monjardim, o primeiro foi o ótimo Olga. Apesar da imprensa não
dar uma boa avaliação é uma obra bem sucedida, tanto no desempenho dos atores
como na fotografia. A direção é segura. Este épico, baseada no livro de Érico
Veríssimo, passa-se no fim do século XIX, culminando na Revolução Federalista
(1893-95) e conta a saga de duas famílias inimigas mortais - Amaral e Terra-Cambará,
no Rio Grande do Sul, região bela, fria e inóspita no inverno com seu vento
cortante. Muito da história do Brasil da época das missões e dos ataques dos
castelhanos é mostrada e bem desenvolvida, mostrando a formação desse estado. Começa com um indiozinho filho de branco e uma
nativa, que vai parar nas missões dos jesuítas. Ele se transforma num Terra e
toda sua descendência vai ser contada, através de um relato de Bibiana (ótima Fernanda
Montenegro) durante o ataque dos Amaral ao casarão dos Terra-Cambará na cidade
de Santa Fé. Com o sítio que dura vários dias, a comida acaba e a bisavó
Bibiana Terra-Cambará, que está com febre, sente a presença de seu jovem
marido, capitão Rodrigo, que morrera há décadas, durante uma emboscada. Com o
relato e lembranças que conta ao marido, vemos o destino irregular dessas duas
famílias, pois o capitão era um forasteiro, mas um bravo soldado que se
apaixonara por Bibiana Terra, tirando-a do filho do Coronel Amaral, que também
queria desposá-la. O desempenho de Thiago Lacerda, como capitão Rodrigo Cambará,
é forte e belíssimo. O relato histórico é importante, pois muitos não sabem o
que ocorreu durante essa sangrenta e dura guerra civil, que separaria o Brasil.
Creio que mais filmes históricos deveriam ser produzidos, pois nossa história é
rica, pela dimensão do país, e muito pouco aproveitada pelos cineastas. Bom
programa!
"Naquela tarde de princípios de
novembro, o sueste que soprava sob os céus de Santa Fé punha inquietos os
cata-ventos, as pandorgas, as nuvens e as gentes: fazia bater portas e
janelas: arrebatavam de cordas e cercas as roupas postas a secar nos
quintais: erguia as saias das mulheres, desmanchava-lhes os cabelos:
arremessava no ar o cisco e a poeira das ruas, dando à atmosfera uma certa
aspereza e um agourento arrepio de fim de mundo.
Por volta das três horas, um funcionário da Prefeitura assomou à janela da repartição e olhou por um instante para as árvores agitadas da praça, exclamando: "Ooô tempinho brabo!" Num quintal próximo, recolhendo às tontas as roupas que o vento arrancara do coradouro e espalhara pelo chão, uma dona de casa resmungava: " É para um vivente ficar fora do juízo!"(...)” |
— O Tempo e o Vento/O
Retrato
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário