ELENCO:
FABRICE
LUCHINI - SERGE TANNEUR
LAMBERT
WILSON – GAUTHIER VALENCE
MAYA SANSA – FRANCESCA
Essa inteligente comédia francesa
tem como pano de fundo a peça “O Misantropo” de Moliére, a qual é ensaiada por
dois grandes atores e esse texto clássico importante penetra todo o filme,
dando um toque de classe, sobre o que se espera da humanidade de uma maneira
geral, tanto naquela época como hoje. A peça trata de diálogos entre dois
amigos, Alceste, o filantropo do título, um homem exageradamente contra tudo e
seu amigo Philinte, que tenta leva-lo à razão. O filme começa com um ator de
televisão e cinema muito bem sucedido, Gauthier Valence, que deseja dirigir e
atuar sua primeira peça de teatro como diretor. Pensa em Serge Tanneur, um grande ator que
no final de sua carreira resolve largar tudo e ir morar em uma casa em Île de
Ré, herdada de um tio. Tornara-se um eremita e, depois de seis anos, recebe a
visita do amigo convidando-o a encenarem o texto de Moliére, considerado
seu melhor trabalho. Serge imediatamente descarta a possibilidade, uma vez que
considera o meio artístico um lugar horrível, onde só teve grandes decepções. Aos
poucos Gauthier o convence de ao menos lerem o texto por quatro dias, para que
ele pense melhor. O resultado é o esperado, pois Serge atira-se ao personagem
Alceste de corpo e alma. Ocorre que esse personagem era também o preferido de
Gauthier, mas bolam um plano em que eles se alternariam toda semana, dando
oportunidade para que os dois o representassem. Serge é muito parecido com
Alceste e o faz à perfeição, exigindo muito de seu amigo, a quem resolve
zombar, criando uma verdadeira guerra de egos. Exemplo? Em uma fala em que
Alceste está decepcionado com a qualidade dos homens ao seu redor e da
humanidade, terá de responder: Sim, sinto um ódio “medonho” pela humanidade,
mas Gauthier, menos purista, sempre usa outro adjetivo que não medonho,
irritando profundamente o amigo. Entre esses ensaios conhecemos a ilha, uma
bela mulher italiana que se envolve com eles e até uma jovem atriz pornô. Isso
traz vida a Serge, mas diminui a qualidade da comédia. Tudo acertado, só falta
avisar seu agente em Paris para que dê prosseguimento ao espetáculo. No terço
final do filme há uma reviravolta muito interessante e o desfecho será bastante
curioso, no mínimo. Diálogos rápidos e inteligentes permeiam esse filme com
cenas bastante densas tiradas da peça. Belo trabalho do diretor e ótimo
desempenho dos artistas, com um roteiro interessante e mais crítico do que das
comédias atuais. O filme Aventuras de Moliére, 2007, já havia sido representado
por Fabrice Luchini o que facilitou o seu desempenho e o ajudou na manipulação do
roteiro, junto ao diretor.
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