segunda-feira, 4 de novembro de 2013

PEDALANDO COM MOLIÉRE DE PHILIPHE LE GUAY

ALCESTE À BICYCLETTE, FRANÇA, 2011, 104 MIN., COMÉDIA.
ELENCO:
FABRICE LUCHINI  - SERGE TANNEUR
LAMBERT  WILSON – GAUTHIER VALENCE
MAYA SANSA – FRANCESCA
Essa inteligente comédia francesa tem como pano de fundo a peça “O Misantropo” de Moliére, a qual é ensaiada por dois grandes atores e esse texto clássico importante penetra todo o filme, dando um toque de classe, sobre o que se espera da humanidade de uma maneira geral, tanto naquela época como hoje. A peça trata de diálogos entre dois amigos, Alceste, o filantropo do título, um homem exageradamente contra tudo e seu amigo Philinte, que tenta leva-lo à razão. O filme começa com um ator de televisão e cinema muito bem sucedido, Gauthier Valence, que deseja dirigir e atuar sua primeira peça de teatro como diretor. Pensa em Serge Tanneur, um grande ator que no final de sua carreira resolve largar tudo e ir morar em uma casa em Île de Ré, herdada de um tio. Tornara-se um eremita e, depois de seis anos, recebe a visita do amigo convidando-o a encenarem o texto de Moliére, considerado seu melhor trabalho. Serge imediatamente descarta a possibilidade, uma vez que considera o meio artístico um lugar horrível, onde só teve grandes decepções. Aos poucos Gauthier o convence de ao menos lerem o texto por quatro dias, para que ele pense melhor. O resultado é o esperado, pois Serge atira-se ao personagem Alceste de corpo e alma. Ocorre que esse personagem era também o preferido de Gauthier, mas bolam um plano em que eles se alternariam toda semana, dando oportunidade para que os dois o representassem. Serge é muito parecido com Alceste e o faz à perfeição, exigindo muito de seu amigo, a quem resolve zombar, criando uma verdadeira guerra de egos. Exemplo? Em uma fala em que Alceste está decepcionado com a qualidade dos homens ao seu redor e da humanidade, terá de responder: Sim, sinto um ódio “medonho” pela humanidade, mas Gauthier, menos purista, sempre usa outro adjetivo que não medonho, irritando profundamente o amigo. Entre esses ensaios conhecemos a ilha, uma bela mulher italiana que se envolve com eles e até uma jovem atriz pornô. Isso traz vida a Serge, mas diminui a qualidade da comédia. Tudo acertado, só falta avisar seu agente em Paris para que dê prosseguimento ao espetáculo. No terço final do filme há uma reviravolta muito interessante e o desfecho será bastante curioso, no mínimo. Diálogos rápidos e inteligentes permeiam esse filme com cenas bastante densas tiradas da peça. Belo trabalho do diretor e ótimo desempenho dos artistas, com um roteiro interessante e mais crítico do que das comédias atuais. O filme Aventuras de Moliére, 2007, já havia sido representado por Fabrice Luchini o que facilitou o seu desempenho e o ajudou na manipulação do roteiro, junto ao diretor.


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