segunda-feira, 18 de novembro de 2013

BLUE JASMINE DE WOODY ALLEN

BLUE JASMINE, EUA/2013, 98 MIN.
ELENCO:
KATE BLANCHETT – JASMINE
ALEC BALDWIN – MARIDO
SALLY HAWKINS – GINGER (IRMÃ)
PETER SARSGAARD

Este último trabalho de Woody Allen, quase aos oitenta anos, é realmente um filme genial. Diria uma tragicomédia, um tributo respeitoso a Streetcar Named Desire (Um bonde chamado desejo). Kate Blanchett é a alma do filme, na pele de uma milionária, uma princesa do Park Avenue, que levou um pontapé do marido contraventor, preso e suicida. O filme começa com essa elegantíssima mulher, voando em direção a São Francisco, o que por si só já é um declínio de casta social, na primeira classe de um avião. Conversa sem parar com a idosa passageira ao seu lado, que está em um misto de incredulidade e pavor com que ouve. Descendo do jato vai diretamente para a casa de sua irmã, Ginger, ambas adotadas, que tem um namorado mecânico e dois filhos endiabrados.  A gorjeta que dá ao taxista é grande, assim com sua bagagem de várias malas Louis Vuiton. Ginger não se conforma como uma mulher falida pode viajar de primeira classe. Mas para Jasmine, classe é classe. Woody Allen começa, a partir daí, com flashbacks para contar a vida anterior da irmã falida. Era casada com um milionário fraudulento, que além de acabar com o dinheiro deles e de amigos, acabara com os únicos duzentos mil dólares de Ginger, prêmio ganho em um sorteio. A confusão no pequeno apartamento em São Francisco é previsível, já que se trata de pessoas de outro mundo e educação. Alcoólatra, ela está sempre com um drinque muito forte em mãos, tomando calmantes (típico de Allen) e à beira de um ataque de nervos, se é que já não passou dessa linha. Continua falando sozinha no meio da rua e é obrigada a trabalhar com um dentista sebento. Depois de algumas complicações e vários trechos de sua vida de princesa, a pobre Jasmine, que não tirava seu casaquinho Chanel branco do corpo e nem os sapatos e bolsas caríssimas, como se fossem uma armadura contra qualquer eventualidade, acha-se totalmente deslocada. No desenrolar do filme parece que ambas se darão bem, mas somente a fresca e realista Ginger consegue dar um rumo em sua modesta vida. Allen escolhe um destino bem mais cruel para a heroína, que não passava de uma mulher com vista grossa para a desonestidade do marido, a fim de manter uma vida invejável em New York. Creio ser essa a mensagem do filme, não olhar ou saber de nada, desde que estejamos no time que está ganhando. Kate Blanchett dá grande humanidade a seu personagem, pois acabamos nos compadecendo com seu sofrimento. Blue Moon é a música tema.

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