BLUE
JASMINE, EUA/2013, 98 MIN.
ELENCO:
KATE
BLANCHETT – JASMINE
ALEC
BALDWIN – MARIDO
SALLY
HAWKINS – GINGER (IRMÃ)
PETER
SARSGAARD
Este último trabalho de Woody
Allen, quase aos oitenta anos, é realmente um filme genial. Diria uma
tragicomédia, um tributo respeitoso a Streetcar Named Desire (Um bonde chamado
desejo). Kate Blanchett é a alma do filme, na pele de uma milionária, uma
princesa do Park Avenue, que levou um pontapé do marido contraventor, preso e
suicida. O filme começa com essa elegantíssima mulher, voando em direção a São
Francisco, o que por si só já é um declínio de casta social, na primeira classe
de um avião. Conversa sem parar com a idosa passageira ao seu lado, que está em
um misto de incredulidade e pavor com que ouve. Descendo do jato vai
diretamente para a casa de sua irmã, Ginger, ambas adotadas, que tem um
namorado mecânico e dois filhos endiabrados.
A gorjeta que dá ao taxista é grande, assim com sua bagagem de várias
malas Louis Vuiton. Ginger não se conforma como uma mulher falida pode viajar
de primeira classe. Mas para Jasmine, classe é classe. Woody Allen começa, a
partir daí, com flashbacks para contar a vida anterior da irmã falida. Era
casada com um milionário fraudulento, que além de acabar com o dinheiro deles e
de amigos, acabara com os únicos duzentos mil dólares de Ginger, prêmio ganho
em um sorteio. A confusão no pequeno apartamento em São Francisco é previsível,
já que se trata de pessoas de outro mundo e educação. Alcoólatra, ela está
sempre com um drinque muito forte em mãos, tomando calmantes (típico de Allen)
e à beira de um ataque de nervos, se é que já não passou dessa linha. Continua
falando sozinha no meio da rua e é obrigada a trabalhar com um dentista sebento.
Depois de algumas complicações e vários trechos de sua vida de princesa, a
pobre Jasmine, que não tirava seu casaquinho Chanel branco do corpo e nem os
sapatos e bolsas caríssimas, como se fossem uma armadura contra qualquer
eventualidade, acha-se totalmente deslocada. No desenrolar do filme parece que
ambas se darão bem, mas somente a fresca e realista Ginger consegue dar um rumo
em sua modesta vida. Allen escolhe um destino bem mais cruel para a heroína,
que não passava de uma mulher com vista grossa para a desonestidade do marido,
a fim de manter uma vida invejável em New York. Creio ser essa a mensagem do
filme, não olhar ou saber de nada, desde que estejamos no time que está
ganhando. Kate Blanchett dá grande humanidade a seu personagem, pois acabamos
nos compadecendo com seu sofrimento. Blue Moon é a música tema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário