sábado, 19 de abril de 2014

O PALÁCIO FRANCES DE BERTRAND TAVERNIER





Um erro de digitação do título: francês é com acento circunflexo.
QUAI D’ORSAY, FRANÇA, 2013, 113 MIN. COMÉDIA.
ELENCO:
THIERRY LHERMITTE - ALEXANDRE
RAPHAËL PERSONNAZ – ARTHUR VLAMINCK   
NIELS ARESTRUP – DIRETOR DE GABINETE
ANÄIS CHABROL
Esta ótima comédia de Bertrand retrata, ironicamente, os bastidores de um ministro de Assuntos Estrangeiros, muito elegante e carismático, do país das Luzes e da Revolução, ou seja, a França. Um jovem rapaz, Arthur Vlaminck, que tenta a vida como escritor e de esquerda, é convidado pelo ministro para assumir o posto de Linguista (?), ou seja, ele escreverá os inúmeros discursos de Alexandre de uma maneira que cative e estimule o povo. Esse governante é uma figura impagável, pois é hiperativo, histriônico, adora gestos de lutas marciais (tá-tá-tá) e um grande trapalhão em termos políticos e históricos. Andando rapidamente pelo palácio, abre e fecha portas com energia, formando correntes de ar que deslocam todos os papéis das mesas de seus auxiliares, que invariavelmente vão parar espalhas pelo chão. O jovem não entende que tipo de trabalho vai fazer, mas “não importava”, diziam seus colegas, pois tudo seria repetido várias vezes. Aos poucos vai absorvendo as manias dessa verdadeira fera e se sentindo mais seguro, se isso fosse possível naquele ambiente. Somente Niels, o idoso diretor do gabinete, ganhador do Cesar como ator coadjuvante, consegue por um pouco de ordem naquele caos. Apaixonado por Heráclito, tudo deverá ser redigido sob sua ótica, mudando somente as situações; Tin Tin é outra fonte de inspiração para Alexandre, que no momento se preocupa com uma iminente guerra dos Estados Unidos contra uma nação petrolífera do oriente, os peixes da Espanha e a situação da população da África, muitos delas tendo sido suas colônias no passado. Para ele só se pode governar com o trio, legitimidade, lucidez e eficiência. Misturando tudo quase em um mesmo caldo, apimentado com o neoconservadorismo americano, a idiotice chinesa e a corrupção russa, temos um filme muito divertido onde ninguém acompanha a linha de pensamento de ninguém, muito menos do ministro. O carismático ator, Thierry, representa a perfeição esse homem sem qualquer objetivo mais concreto. Em suas confusões até consegue algum sucesso, como seu dificílimo discurso na ONU, onde queria uma verdadeira tese, mas acabou falando poucas palavras, impostas pelos auxiliares, com alguma gordurinha de sua cabeça, tornando-o um sucesso. Nos créditos finais são mostradas as cenas que não deram certo pelo riso descontrolado dos ótimos atores. Vale a pena ficar até o final.  

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