BOYHOOD, EUA, 2104, 165 MIN. DRAMA
ELENCO:
ELLAR COLTRANE – MANSON JR.
PATRICIA ARQUETTE – OLIVIA EVENS - MÃE
LORELEI LINKLATER – SAMANTHA EVENS - IRMÃ
ETHAN HAWKE – MR. MANSON EVENS - PAI
O filme, premiado no festival de
Cannes, é um trabalho sem equivalente, pois começou a ser filmado em 2002,
tendo o mesmo elenco que acompanha o desenvolvimento de um menino de seis anos
até seus 18, quando ingressa na universidade. Esse acompanhamento do elenco, por
si só, é um fato memorável. O diretor foi paciente e os reunia uma vez por ano
para seguir o desenvolvimento de Mason Jr e sua família cinematográfica. Por
todo trabalho perpassa um sensação de verdade, amor e comprometimento. Fala do
cotidiano de uma família americana do Texas, igual a muitas pelo mundo. Ocorre,
que o dia a dia das pessoas por mais rotineiro que seja nunca é banal. Você
passa as quase 3 horas de filme pensando em sua própria vida e no desenrolar da
história. Mason é filho de uma jovem que deixou a universidade para casar com
um rapaz, quase da sua idade, sonhador e que quer ser músico. Ele não tem
grandes responsabilidades e com isso a vida do casal, que também tem uma filha
um pouco mais velha, é uma eterna desavença. Decidida a ser feliz, manda o
marido embora e vai morar com a mãe, mulher sensata, que ajuda a cuidar dos
filhos. Entretanto Mr. Mason não esquece os filhos e depois de uma ausência de
um ano e meio passa a ser pai de fim de semana, fazendo o que ele quer, não o
que as crianças gostariam! Mas está sempre presente e feliz. Na universidade a
mãe conhece um sério e bem falante professor por quem se apaixona e se casa
novamente. Obviamente isso afeta o relacionamento das crianças, que agora são
quatro, dois de cada casal. Os filhos se gostam e formam uma família verdadeira,
“mas”, sempre um mas, esse homem tão correto, bebia escondido e agora o faz na
frente da família, tornando-se violento e destrutivo. Um novo divórcio na vida
da adorável mãe. Trabalhando bastante para manter a família, os filhos vão
conseguindo se sair bem dessas fases e Mason Jr. amadurece mais rápido que seus
amigos. Apesar de não saber bem o que quer estudar, de uma coisa tem certeza:
de como ele vai se transformando em alguém mais isolado e especial por sua
compreensão e experiência de vida. Não termina as coisas na hora certa, reluta
em estudar, mas acaba conseguindo terminar o colegial. Nessa época o padrasto
despótico que o obrigou a raspar a cabeça, já não está mais em cena, mas seu
pai biológico continua sempre presente. Sua mãe tornou-se uma ótima professora
universitária e conhece o terceiro homem de sua vida. Um ex-soldado, que como
ela, se importava com o destino do próximo. Casados, os adolescentes os
acompanham. A relação de padrasto e enteado não é das melhores, pois Mason Jr.,
com quinze anos, é ainda mais introspectivo e perdido. Sabe que não gosta das
aulas, mas quer ser um grande fotógrafo e tem todo talento para isso. Numa
cena, em um quarto escuro de revelação, o professor dá ótimos motivos para que
ele continue e estudar e faça a diferença entre tantos talentos sem direção. No
trabalho é meio confuso, mas o patrão gosta dele por sua índole. Seu pai já
formara uma nova família que é bem aceita por todos, ganhando avós postiços
muito carinhosos. Apesar dos conturbados relacionamentos, sempre existe o amor
verdadeiro dos pais para com seus filhos. Sua ida para a faculdade é ao mesmo
tempo desastrosa e feliz, já que sua irmã saíra primeiro de casa e a mãe
ficaria finalmente sozinha, aos 43 anos. Esse é o enredo mais comum na vida dos
americanos e europeus, entretanto o modo como é conduzido nos conduz para uma
reflexão de nossas próprias vidas nesses estágios tão importantes. Quando tudo
acaba, você fica com um gosto de quero mais. Ótimo. Uma curiosidade, o diretor
pediu a Ethan Hauke que continuasse seu trabalho, caso algo acontecesse a ele.
Richard Linklater, americano de 54 anos, tem vários filmes memoráveis que devem
ser vistos.
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