terça-feira, 18 de novembro de 2014

MIL VEZES BOA NOITE DE ERIK POPPE




TUSEN GANGER GOD NATT, NORUEGA, IRLANDA, SUÉCIA, 2013, 117 MIN., DRAMA
ELENCO:
JULIETTE BINOCHE – REBECCA
NICOLAJ COSTER-WALDAU – MARCUS
Este é um espetacular trabalho desse premiado diretor norueguês, de 54 anos, que antes de se dedicar ao cinema foi fotógrafo de guerra. O título foi inspirado em uma fala de Julieta do drama Romeu e Julieta, Shakespeare. Ele quer discutir a ética da bela foto com as desgraças que grassam pelo mundo, problema que teve de enfrentar em sua via particular. O filme começa com um ritual dilacerante de uma jovem que é pranteada por outras mulheres, encontrando-se em uma cova recém-aberta. Essa jovem será retirada viva de lá e transformada em mulher-bomba. Representava um funeral antecipado. Rebecca (Binoche) está em Cabul, a fim de fotografar os efeitos da guerra, sendo uma das cinco melhores fotógrafas do mundo, portanto isso é sua vida, sua expressão máxima.  Rebecca fotografa tudo e pede permissão para acompanhá-las até seu destino final. Porém as coisas fogem de controle e a jovem dispara a bomba antes da hora, morrendo e matando vários inocentes. Entre os feridos está a fotógrafa que fez questão de registrar tudo até quase morrer. Ela tem um marido biólogo marítimo e duas filhas, uma adolescente e outra menor, morando no litoral da Irlanda. O conflito familiar e a voz mais alta do talento são o fio condutor do drama. A família vive em constante estado de alerta, esperando a notícia de sua morte a qualquer momento. Como em muitos lares modernos, o pai é quem cuida das meninas, da educação e da casa. Desta vez, porém, o acidente foi muito grave e eles pedem para que ela se afaste de tudo. Concordando, a princípio sente-se bem, contudo, com o passar do tempo fica deslocada, mas consegue oferecer o amor de mãe e a segurança de que tanto precisavam. Binoche está magnífica nesse papel e como sempre expressiva e linda. Sua filha mais velha parece ter herdado os talentos artísticos da mãe e apesar de desejá-la por perto, insiste para que siga com ela numa viagem ao Quênia, onde uma revolução está em curso e tem, como trabalho escolar, de discorrer sobre assunto. Uma séria conversa precede a decisão de partirem. Em campo, um ataque feroz ocorre e todo o instinto jornalístico e fotográfico de Rebecca aflora e, apesar de deixar sua filha em segurança, volta a se envolver profissionalmente. Depois desse fato a filha pega uma câmera e faz uma longa gravação do rosto da mãe até que ela reaja. Esse tipo de desordem familiar e principalmente pessoal é que será muito bem discutido e formulado nesse primoroso longa metragem. Um filme angustiante que deve ser compartilhado e refletido para outras situações da vida moderna.

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