segunda-feira, 10 de agosto de 2015

JIMMY'S HALL DE KEN LOACH






REINO UNIDO, 2014, 110 MIN., DOCUDRAMA
ELENCO:
BARRY WARD – JIMMY GRALTON
SIMONE KIRBY – OONAGH
JIM NORTON - FATHER SHERIDAN
ANDREW SCOTT
Esse belíssimo “docudrama” foi indicado para a Palma de Ouro, no Festival de Cannes em 2014. Nele, Ken Loach retorna ao cinema politizado, focando o herói irlandês, James Gralton, homem carismático e líder natural em sua pequena cidade de Leitrim, quase um pântano. Em 1929 ele volta a seu país, após uma fuga para Nova York que duraram 10 anos, fugindo de seus inimigos naturais: o clero católico e os líderes da região com títulos de nobreza. Era um livre pensador, filho de uma mulher culta, com os mesmos ideais, que possuía uma biblioteca com os mais variados tipos de títulos e escritores. Volta para ajudá-la a tocar a fazenda, pois estava sozinha nessa função. Um grupo de jovens o recebe com grande alegria, sabedores de sua fama no passado e querem que ele reabra o Jimmy’s Hall, um salão onde, em seu tempo, discutia-se sobre política e pensadores. Ali também era um espaço para dançar, estudar e ter momentos de lazer, tão preciosos em um centro pequeno e sem atrativos. Preocupado com seus inimigos do passado e um novo governo que está no poder, após a disputa entre católicos e protestantes, reluta na abertura, mas alguns amigos de antigamente e os atuais jovens fazem um mutirão e tudo volta a ser como antes no local. O sucesso é imediato, vindo jovens até de outras cidades para a inauguração. A igreja católica, representada pelo padre Sheridan, não gosta nada disso e promete punir as pessoas que lá estiveram. Na intimidade, Sheridan admira a força e o caráter desse personagem, quase como os primeiros mártires católicos. Contudo a Igreja tem grande força política e não pode consentir com as ideias libertarias e ateias de Jimmy, consideradas comunistas com a Rússia de Stalin a todo vapor. No Hall eles têm aulas de arte, literatura e boxe, além dos bailes bastante inocentes. Quando partiu, deixara uma namorada que amava e continua amando, a jovem Oonagh, agora casada e com dois filhos, mas também apaixonada por ele. Esse amor será revivido sem qualquer vínculo maior. Ele não pode mais aceitar que os camponeses sejam despejados de suas casas pelos nobres e colocados na rua com seus pertences. É um líder do movimento dos sem-terra da época, pois estavam nelas há várias gerações, trazendo comida e conforto para a cidade. Mais do que nunca padre Sheridan entrará em agitações graves com ele, até que seja extraditado para os Estados Unidos para sempre, em 1932. Jimmy alertou, contudo, sobre o crack de 1929 e a forte repressão que pesara sobre aquele país e o mesmo poderia acontecer na Inglaterra. Sua prisão é dramática, entretanto a juventude local o acompanha até o momento final. Sua mãe é interrogada, mas continua sendo aquela mesma mulher de fibra e que não se dobra. Seu filho sente orgulho dela. Nos créditos finais vemos que morou em Nova York até 1941, quando morreu, deixando um belíssimo legado para a juventude, ou seja, liberdade de expressão, diálogos inteligentes e educação, que farão toda a diferença nas mudanças de classes sociais e na própria felicidade dos indivíduos. Ótimo filme com composições do square-dancing (quadrilha) e do fabuloso Jazz, das profundezas da África, como dizia o padre. Belíssimas músicas. Imperdível. 

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