segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O JULGAMENTO DE VIVIANE AMSALEM DE RONIT E SHLOMI ELBAKETZ






GETT, ISRAEL, FRANÇA, ALEMANHA, 2014, 115 MIN. DRAMA
ELENCO:
RONIT ELKABETZ – VIVIANE AMSALEM
SIMON ABKARIAN – ELISHA – MARIDO
MENASHE NOY – ADVOGADO
Este excelente filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano. Os diretores, irmãos Elkabetz, fazem um trabalho de vulto e consistência ao denunciar com o longa o problema seríssimo de patriarcado e machismo ainda vigente no país, onde a mulher não tem voz. E por incrível que pareça é o mesmo tema do ótimo A Separação, neste caso iraniano! A belíssima e competente diretora faz o papel de Viviane, cabelereira, com quatro filhos que, muito infeliz, saiu de casa pedindo divórcio ao marido, com quem se casou aos 15 anos. Com vinte anos de casada não suporta mais sua condição perante a sociedade e há três  lutava com um processo contra Elisha, que se recusava em comparecer ao tribunal, porém aceitava seu dinheiro para pagar as prestações da casa que haviam comprado, onde ele vivia. Em Israel, esses casos são julgados por um tribunal de rabinos radicais, acrescido do fato que só o darão se o marido consentir em livrar a mulher. Apoiada pelo competente advogado (Menashe Noy em ótima atuação) o filme começa com eles no tribunal, onde nada é resolvido porque o acusado não comparece. Algum tempo depois o mesmo vai se repetindo, até que seu irmão, rabino, vai como seu representante. Finalmente o marido comparece, mas ele continua inflexível e obstinado em sua opinião. Os rabinos não aguentam mais o caso e impõe a presença de testemunhas para que seja logo resolvido. Aparecem testemunhas masculinas, como o irmão dela, que é francamente a favor que continue casada e testemunhas femininas, sua irmã e cunhada que dão razão a Viviane, pois Elisha era um homem seco e psicologicamente cruel com ela, apesar de não levantar sua mão contra a esposa. Era bem pior do que isso, além do mais, não o amava. Um vizinho casado também é intimado a depor, mas defende com unhas e dentes o modo como é encarado o casamente judaico. Sua mulher também serve de testemunha e a princípio não quer que o marido saia da sala, pois não é ninguém sem ele. Uma vez sozinha a coisa muda de figura.  Essas intervenções testemunhais dão um tom bastante humorístico e irônico ao filme, tirando um pouco a tensão que é muito grande do começo ao final. As perguntas do rabino, irmão de Elisha, são sempre machistas e a do advogado de Viviane inteligentes e perspicazes, fazendo com que os juízes torçam pelo divórcio. Depois de preso, por não comparecer, Elisha, após cinco anos de enrolação, finalmente resolve que dará o divórcio para a mulher. É um processo complicado, pois a sentença é escrita em um papel, que será dobrado de uma maneira especial e o casal, face a face, repetirá as palavras do juiz. Tudo começa quase normalmente, mas diante de certa frase ele empaca e desiste de tudo. Viviana se descontrola, mas imaginado o que seja e após uma conversa reservada com ele, admite que fará sua vontade. Ela estará, na verdade, parcialmente livre para continuar sua vida, mas após tantos anos e tanto sofrimento, qualquer mulher ocidental concordaria com sua atitude, pelo simples fato de ficar longe de um homem tão inseguro, inalterável e maléfico. A cena final é magnífica. Ótimo programa. Recomendadíssimo. Note que com o passar dos anos Viviane só fica ainda mais bonita e completa. O filme é o terceiro de uma trilogia, contudo os dois primeiros não foram exibidos no Brasil e este é livremente baseado em fatos reais. Ganhou vários prêmios.

Nenhum comentário: