SAUL FIA, HUNGRIA, 2015, 107 MIN., DRAMA
ELENCO:
GÉZA RÖHRIG – SAUL
Esse é um ótimo filme que
concorre ao Oscar como melhor filme estrangeiro e vem causando muita polêmica e
isso é bom, pois diversifica os pontos de vista. Laszlo Nemes de apenas 38
anos, queria radicalizar e conseguiu. Foi vencedor de dois prêmios no Festival
de Cannes de 2015. Em um formato de tela quadrada, como fotos antigas, ele é
desfocado ao longe e só foca no personagem principal e no que estiver muito
próximo dele. Contudo palavras, gritos, choros e comandos serão ouvidos, mas
nem tudo é traduzido, uma pena, pois para quem tiver um mínimo de conhecimento
de alemão enriquecerá muito a compreensão das atrocidades. Quem vir este filme
não precisará assistir mais nada sobre os campos de concentração da Segunda Guerra
Mundial. Durante o Holocausto, grupos de homens judeus fortes e jovens eram
escolhidos, em número de setenta, para conduzir sua própria raça à morte.
Quando chegava o trem com o “carregamento” de humanos, eram conduzidos para a
sala de banho pelo Soderkomanndo, em um campo de concentração. Saul é um desses
homens que apesar do livre acesso ao campo, comida e algum diálogo em voz
baixíssima, sabem que também morrerão em seis meses e serão substituídos por
outros jovens. Essa é a atitude mais cruel, pois o serviço sujo de despi-los,
mandá-los à câmara de gás, limpar o local e jogar um volume inacreditável de
cinzas que restavam desses corpos no rio, é dos próprios judeus, que sabem que
passarão pelo mesmo e estão cometendo um ato de horror supremo: matar seus
pares, tirar-lhes os pertences valiosos e os médicos fazerem autópsias, nos
casos em que os nazistas consideravam interessantes. Isso é muito bem mostrado, pedaços de corpos,
gritos tenebrosos e a lida para a limpeza do local. Tudo para não deixar vestígios.
Saul é circunspecto, fala pouco, mas durante um desses massacres vê um menino
que acredita ser seu filho e não morreu com o gás. Tirado de lado, pois era um
caso raríssimo, é examinado e morto pelo médico nazista, mas deverá ir para a
sala de autópsia. Saul se apavora, pois não quer que seja retalhado e espera
dar um funeral judaico ao garoto. À procura de um rabino para fazer o que fosse
certo, nos conduz ao último ciclo do inferno de Dante. O corpo do filho é levado
pelo próprio pai à uma mesa. Pede ao médico que não o retalhe, mas ele também
era um prisioneiro e precisava cumprir ordens. A derrocada de Saul, que já era
grande, torna-se algo inefável, procurando sempre ocultar o corpo, que coincide
com os últimos dias antes que fossem mortos, e existe um plano de fuga ao qual
não pode dar a devida atenção e muitas vidas dependiam do esforço pessoal de
cada um. É uma tragédia atrás da outra sem precedentes e na penúltima cena
temos um momento de humanidade, quando Saul, já totalmente esgotado, dá um meio
sorriso ao ver uma criança. Arrebatador. Creio que levará a estátua dourada.
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