ASPHALTE, FRANÇA, 2015, 100 MIN. COMÉDIA DRAMÁTICA
ELENCO:
ISABELLE
HUPPER – JEANNE MEYER
GUSTAVE
KERVEN – STERKOWITZ
TASSADIT MANDI – HAMIDA
O diretor Samuel Benchetrit faz
desse filme uma crônica bastante interessante, no formato de comédia dramática.
O filme não tem quase diálogos e poucos cenários. São observação e entendimento
humanos. Uma comédia “non sense” com situações absurdas como em um quadro
surrealista. Na periferia industrial de uma cidade francesa, há um prédio
decadente, cujo elevador já não funciona. Começa com os moradores fazendo uma
reunião para comprar um novo elevador e se livrarem do velho. O preço não é
absurdo e todos concordam com exceção do Sr. Sterkowitz, um homem de meia
idade, muito tímido e que nem de leve sabe o que significa solidariedade. Essas
pessoas moram, no momento, sozinhas e formam um grupo bastante interessante. A
trama será conduzida com uma finalidade sensível: o valor da amizade.
Sterkowitz mora no primeiro andar e não vê motivo para pagar um novo elevador,
já que não o usa. Fica acertado que ele não poderia usá-lo. Concorda com
alegria. Ocorre que esse mesmo homem ficará em uma cadeira de rodas e quando
chega do hospital, vê-se na impossibilidade de subir a escada e a única saída
seria usar o tal elevador. Escondido, espera um momento oportuno e sobe com
ele. Posta-se horas atrás da porta de seu apartamento fazendo cálculos para ter
os horários certos de usá-lo. Consegue e assim sai durante a madrugada. Conhece
uma enfermeira, do turno noturno, em um hospital das redondezas, sentindo
atração por ela e é correspondido. Mente ser fotógrafo e faz de tudo para vê-la
e fotografá-la com uma máquina muito velha. Terá sua namorada. Em outro andar
mora um jovem que ainda estuda e percebe ter uma nova vizinha, Jeanne Meyer,
uma atriz já em fim de carreira, que se propõe a ajudar, apesar de seu mau
humor e vontade de ficar sozinha. Ela estaria “de passagem” pelo lugar para
voltar a brilhar diante dos holofotes. Um terceiro caso ainda é mais bizarro,
uma senhora argelina tem seu filho preso e está muito infeliz, pois é meiga,
cuidadora e ótima cozinheira. Durante o filme vemos imagens do interior de uma
nave espacial, com um jovem tripulante americano, que só fala seu idioma. Do
nada, a nave perde a direção e cai no teto do prédio de Hamida e ele vai parar
em seu apartamento, para alegria dela, que teria com quem conversar e cuidar. A
NASA pede para que fique com o rapaz por dois dias. Mesmo sem falarem a mesma língua,
se estabelece uma relação de amizade e carinho real entre eles. Comunicam-se
muito bem, somente com gestos e atitudes. O melhor de tudo é que o diretor não
tem pressa para que haja muito diálogos e tramas. São poucas situações
inusitadas que fazem a graça e a beleza do filme. Ele dá tempo para o
espectador absorver a situação, analisar e rir. Ótimo trabalho. Imperdível.
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