segunda-feira, 11 de julho de 2016

FLORENCE - QUEM É ESSA MULHER? DE STEPHEN FREARS








FLORENCE FOSTER JENKINS, INGLATERRA, 2016, 110 MIN. TRAGICOMÉDIA.
ELENCO:
MERYL STREEP – FLORENCE
HUGH GRANT – CLAIR BAYFIELD
SIMON HELBEG – COSMÉ MCMOON



Esse ótimo filme tem tudo a ver com Marguerite do diretor Xavier Giannoli, que estreou em 26/6/2016. É a mesma história contada de maneira diferente. Marguerite não é tão biográfico e se passa nos anos vinte. Esse é biográfico. Trata-se de um incrível drama psicológico, mas que resvala na comédia. Florence (1868-1944) era filha de um banqueiro americano riquíssimo. Estudou piano em sua infância, pois era absolutamente apaixonada pela música erudita. Deu várias audições, mas seu sonho era ser cantora de ópera, coisa que o pai nunca permitiu, pois sabia de suas limitações. Quando Florence tinha 41 anos seu pai morre e ela ousa aparecer aos amigos, pois acreditava ser soprano. Já no segundo casamento com o aristocrático e mais jovem St. Clair Bayfield tem um casamento de fachada, pois tivera de parar de tocar piano por ter contraído sífilis do primeiro marido, agora em estado muito adiantado. Generosa e riquíssima, seu matrimônio é baseado apenas no amor espiritual, na compreensão e no afeto, sem nenhum contato sexual por causa de sua doença. O filme começa com ela  mais velha e feliz por ser mecenas das artes, tendo um clube lírico, que ajudava artistas iniciantes e também consagrados como Toscanini. Bayfield realmente gosta dela e tenta sempre protegê-la de qualquer infortúnio, mas tem uma amante fixa em seu apartamento, pois moravam em lugares separados. Ela dava recitais de ópera somente para amigos, sempre no Hotel Ritz, quando morava em Nova York. Sua atuação era desastrosa, pois não tinha voz e nenhuma afinação. Seu mentor era o pianista McMoon, que apesar de saber da calamidade de seu desempenho nunca a abandonou. Meryl Streep dignifica sua personagem, apesar do ridículo, mas quem brilha é Hugh Grant, magnífico. A comunicação entre eles é belíssima e, quando não está com os amigos e amantes, é fidelíssimo a ela. Na verdade existe entre eles uma admiração sem par. Incrivelmente, seus recitais eram muito disputados e regados a bebidas e comidas. As pessoas que compareciam se apiedavam dela e nada diziam sobre seu problema vocal. Era um programa absolutamente divertido e patético. O problema maior ocorre em 1941, aos 76 anos, quando consegue alugar o Carnegie Hall, à revelia de seu marido. Um palco imenso, com ingressos à venda. Bayfield faz de tudo para que somente os amigos compareçam, mas são obrigados a convidar os soldados americanos que haviam sobrevivido à Segunda Guerra Mundial, em número colossal. O maior perigo era o crítico de musica do Washington Post, por nunca tê-la ouvido e ser muito severo. Infelizmente ele comparece e nos primeiros minutos já sai do teatro, acusando aquilo de farsa. Alguns jornais do dia seguinte são favoráveis, mas não o dele. Saint Claire compra todos os exemplares e os joga no lixo. Ocasionalmente, Florence os vê e desfalece confrontando a verdade. Ótimo filme, com atuações perfeitas, mas Marguerite, apesar de não ser tão biográfico é melhor. Imperdível ver os dois e chegar à sua própria conclusão. A fantasia dessa mulher só foi possível pela sua imensa riqueza, pois se fosse uma pessoa comum jamais poderia satisfazer os seus sonhos.


Nenhum comentário: