quarta-feira, 26 de julho de 2017

A VIDA DE UMA MULHER DE STÉPHANE BRIZÉ





UNE VIE, FRANÇA-BÉLGICA, 2017, 119 MIN. DRAMA.
ELENCO:
JUDITH CHEMLA – JEANNE
JEAN-PIERRE DARROUSSIN – BARÃO
YOLANDA MOREAU – BARONEZA
SWANN ARLAUD – JULIEN DE LAMARE
FLORENCE VIGNON – ROSALIE

Une Vie (1883), livro de Guy de Maupassant, serve como base para esse belo filme de época. Jeanne (Judith Chemla César de melhor atriz), filha de barões, é uma jovem sem nenhuma experiência de vida, muito religiosa, que após terminar seus estudos em um colégio interno de freiras, volta para casa a fim de ajudar seus pais, que moram na Normandia de 1819. Ele é um homem de hábitos simples, apesar de riquíssimo, que tenta passar suas experiências à filha. O filme começa com o barão ensinando jardinagem à garota, que vai pegando gosto por tudo que se apresenta de novo. A antiga e belíssima mansão fica no litoral francês, com o cenário deslumbrante do mar batendo forte nas pedras da praia. Sua mãe é bonachona, alegre e se contenta em reler as cartas da juventude para passar o tempo. Na casa trabalha Rosalie, que tem a mesma idade de Jeanne, e são íntimas como amigas. Um belo dia aparece o jovem arrivista, Julien De Lamare, escolhido pelos pais para se casar com Jeanne. Ele é aristocrata, mas sem nenhum tostão, pois pagara as dívidas de jogo da família. Com uma aparência agradável, a prometida apaixona-se por ele. Irão morar na mansão e ele será como um filho para o casal. Esse é o começo de um drama social muito frequente na França do século 19, quando os casamentos eram escolhidos e as mulheres completamente submissas. Jeanne acredita na nobreza de sentimentos, na verdade e que seu papel era servir à família, ao marido e filhos. Sua felicidade seria essa vida casta e pura. Mas quanto infortúnio vai vê-la passar por conta disso! Logo depois do casamento começam as decepções e agressões às mulheres em geral. O marido avarento, jogador e mulherengo vai minando sua alegria de viver. Adultérios, falsidades, negócios espúrios e muitas vezes as mentiras da própria família, como acontece com Jeanne, são recorrentes. Depois da morte de sua mãe, descobre o motivo de tanta felicidade, para seu desespero. A igreja católica exercia um papel destrutivo na orientação dessas vítimas, que se sentiam culpadas, algozes de seus predadores. O desenrolar é fortemente exasperante diante da inação de Jeanne, não por conformismo, mas por dever. Ela vai perdendo tudo, marido, família, propriedades. A repetição de seu comportamento com o filho sem caráter como o pai faz com que Jeanne afirme, agora morando na casa de Rosalie e sem mais nada, que a vida, afinal de contas, não é tão boa nem tão má, como se crê. Adepta o estoicismo? O diretor ficou 20 anos esperando uma oportunidade para realizar o filme. Com poucos diálogos, tomadas especiais e com o ambiente como outro personagem, a história nos conduz à reflexão do papel da mulher desde sempre.







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