segunda-feira, 24 de julho de 2017

MONSIER E MADAME ADELMAN DE NICOLAS BEDOS





FRANÇA, 2017, 120 MIN. COMÉDIA.
ELENCO:
DORIA TILIER – SARAH ADELMAN
NICOLAS BEDOS – VICTOR ADELMAN



O filme estrelado pelo próprio diretor e a ótima estreante em cinema, Doria Tilier, é um dos melhores em cartaz, sem dúvida, pelo roteiro original que fizeram a quatro mãos. Durante o funeral de um escritor renomado, Victor Adelman, um repórter procura a viúva interessado em escrever sua biografia sob o ponto de vista feminino. Relutante a princípio, resolve soltar o verbo a respeito desse relacionamento de 45 anos. O filme é dividido em capítulos. Sarah, uma mulher que sabe se virar em situações difíceis e constrangedoras, oferece um relato minucioso de seu convívio tão longo. Gostaria de ter conhecido Victor em circunstâncias mais elegantes, mas se apaixonara por ele ao vê-lo em uma boate decadente de Paris. Para Sarah fora um forte amor à primeira vista. Fazendo de tudo para ficar com o jovem, bêbado ao extremo, o encontro não vai adiante. Isso se passa no ano de 1971. Dois anos depois, namorando seu irmão, comparece à festa natalina na vasta mansão da riquíssima e nobre família. Completamente diferente e cheia de classe impressiona Victor. Seu pai, um nobre desbocado, e sua mãe alcoólatra e muito católica são um caso a parte. Depois desse encontro começam um relacionamento para valer, baseado no sorriso inebriante da garota e o ótimo sexo entre eles. Victor pretende ser escritor, mas sem muita inspiração. Ela é culta e criativa, estudante de línguas clássicas. Deserdado pelos pais, passam a morar sozinhos em um pequeno apartamento. Aos poucos, seus escritos vão sendo aceitos e publicados até que resolvem se casar. Da união surge um menino com problemas mentais e uma filha linda, que é adorada pelo pai. Ele só conseguiu se firmar como escritor com o sobrenome judaico, Adelman, de Sarah, cuja família é divertida e inteligente. Afinal os escritores judeus eram os mais bem recebidos pelos leitores, como Roth, Saul Bellow e Malamud. Muito ambicioso torna-se um escritor renomado, sempre aconselhado por sua mulher, e enriquece logo, comprando uma belíssima mansão. Com a mudança de status, vem a mudança de Sarah que, agora loira, incorpora o estilo  “madame de cabeça vazia e fútil”. Victor não gosta do novo papel de Sarah, que com medo de perdê-lo, volta à antiga personalidade. A carreira de Victor não é muito linear e passa por um período de decadência com a separação de sua mulher por cinco anos. Tornara-se extremamente mulherengo, envelhecendo rapidamente, à medida que ela só ficava mais linda e jovem. Ele é dependente de seu psiquiatra desde a juventude e através dessas sessões vamos conhecendo seu caráter e anseios. A cena da morte do velho médico é uma das melhores. Mas afinal como morrera Victor? Isso o repórter quer saber e ainda notara uma forte desmotivação nos anos que estiveram separados. Em um rasgo de pura franqueza, Sarah dá o pulo do gato, desvendando a realidade para apoplexia do jovem repórter e delicia da plateia. O final é estimulante. Absolutamente imperdível!

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