sábado, 25 de outubro de 2008

SOB A MESMA LUA POR PATRICIA RIGGEN


Esta é uma novela mexicana, ou melhor, um melodrama. Apesar de parecer um tanto pejorativo tais substantivos é um filme humano, despretensioso e agradável de se ver. No início da película uma lua maravilhosa aparece e algumas pessoas jovens nadam sob o luar. Vemos que são imigrantes mexicanos, pegos na fronteira do México com os Estados Unidos, pelos guardas. Nova cena, um garoto acorda com o despertador e depois de oferecer o café da manhã para sua avó, se veste e vai para um telefone público. Outra tomada nos mostra uma belíssima jovem morena de olhos oblíquos, também acordando com o despertador. Ela se dirige a um telefone público e faz uma ligação. O garoto de nove anos atende o chamado de Rosario (Kate Del Castillo). É aniversário de Carlitos (Adrian Alonso) e ela lhe pergunta se recebera o seu presente que enviara de Los Angeles. O garoto tem nos pés um belo par de tênis e agradece à mãe, fazendo-a repetir pela milésima vez o local de onde ligava todos os domingos, às 10 horas da manhã. Está perto da pizzaria Dominó, em uma esquina. Na frente há uma lavanderia e um mural. Os dois repetem juntos as mesmas palavras, pois ele as conhecia de cor. Rosário mora a quatro anos naquele país, pois tentava dar uma vida melhor ao seu filho. Tinha dois empregos em casas muito ricas e costurava para ajudar a juntar a importância necessária para obter o green-card e ter Carlos com ela. Durante a festa de aniversário do menino, seu tio aparece e lhe conta que tem um pai vivo e que morava em Tucson, mas antes de terminar é expulso pela avó, que se encontrava muito doente. Carlitos, apesar da idade trabalha com uma senhora, que além de ter uma loja é agenciadora de imigrantes ilegais. Ela adora o garoto, que é muito esperto e eficaz. O pequeno quer, na verdade, atravessar a fronteira e ver sua mãe, mas ela jurara que jamais faria isso, pelo perigo envolvido. Na terça feira seguinte ele acorda e vai ter com sua avó que não responde, pois já estava morta. Desesperado não diz nada a ninguém, arruma sua mochila, pega 1.400 dólares, que havia economizado e parte para a casa de um casal mexicano, nascidos nos Estados Unidos, que pretendiam atravessar crianças para aquele país. Necessitados de dinheiro aceitam a oferta da criança, escondendo-a sob o banco de trás da van. Muito nervosos, ao chegarem à fronteira são revistados pelos guardas e liberados, contudo ao entrarem no carro, são barrados, pois tinham muitas multas a pagar. O carro é guinchado para um pátio, sob o sol causticante, com o garoto em baixo do banco. Esperto, ao menor deslize de um guarda, foge, encaminhando-se para um edifício. Ao ver dois guardas, esconde-se no toalete masculino, onde está um jovem drogado, que em troca de cem dólares aceita levá-lo ao pátio, pois sua latinha com todo seu dinheiro caíra perto do carro, durante a fuga. Não a encontrando mais, pois o veículo já havia sido guinchado, o jovem leva-o para a zona de prostituição, onde o vende por cem dólares. Entretanto uma mulher madura mexicana vê a cena degradante e leva o garoto para sua casa. Lá moravam outros imigrantes ilegais e Reina, com um caráter impecável, os tratava com humanidade. Eles faziam serviços para americanos interessados em não pagar encargos para o governo. Chegando a uma plantação de tomates todos saem do pick-up para trabalharem e junto a eles está Carlitos, o qual quer participar do serviço, acostumado que era com a labuta diária. Entretanto... chegam policiais à procura dos ilegais. Alguns são presos sob pancadaria, outros conseguem fugir no veículo. Quando tudo se acalma restam Enrique (Eugenio Derbez) e o pequeno menino. Ele não quer ouvir falar em ajudá-lo, pois sendo ilegal já tem muitos problemas. O menino o acompanha, assim mesmo, até pegarem uma carona com músicos mexicanos que se encantam com a fibra e o bom humor da criança, que estava fugindo por amor, para encontrar sua mãe. Chegando ao final da carona, eles iriam continuar suas viagens separadamente, pois o egoísta e sofrido Enrique iria a New York e Carlitos a Los Angeles. Como estava impossível achar uma solução financeira, Carlitos aposta que acharia um emprego para os dois. Indo a uma cafeteria em frente, conversa com os donos, um casal de índios americanos, conseguindo o emprego. Enrique o quer só para si, mas o homem só aceitaria os dois juntos. Dormem no mesmo quarto, com a janela aberta mostrando a lua. A criança conta-lhe que sua mãe havia lhe pedido para olhá-la toda vez que sentisse saudades dela, pois também estaria fazendo o mesmo. Entediado, Enrique vira-se para o lado e dorme, mas antes disso Carlitos lhe confidencia que seu pai morava lá. Ao saber o nome do homem, faz uma expressão de cumplicidade e no dia seguinte Carlitos encontra seu pai, que era amigo de seu companheiro. Ele, contudo, não quer saber do filho e não o leva para Los Angeles, como havia prometido. Nesse ínterim, cenas de sua mãe e seu trabalho são entrecortadas com as de seu filho. Ela fora despedida de um de seus empregos e agora pretende voltar, pois não há mais nada a fazer naquela cidade. Sua amiga aconselha-a a casar com um jovem mexicano, que é apaixonado por ela, e já tinha os seus papéis legalizados e o green card. Ela tem somente dois dias para se casar e pegar Carlitos. No sábado, dia do casamento, resolve desfazer o trato com o rapaz, pois só acreditava em matrimônio por amor. Aproveitando que tudo estava arrumado seu ex-noivo volta para a festa como se fosse despedida de uma rara mulher. No México a senhora Carmem está muito preocupada com o desaparecimento de seu querido protegido e encontra um telefone de um dos empregos de Rosario. Avisando a jovem Barbara, sua patroa, do ocorrido, ela vai procurá-la para contar-lhe todos os problemas que estavam se desenrolando. Desesperada a mãe resolve voltar no dia seguinte para o México, pois Carmem não havia mais ligado para ela. Acompanhada pelo rapaz mexicano vai para a estação de ônibus e já sentada na poltrona, vê um adolescente falando em um telefone público e já era domingo! Por outro lado, os dois homens, agora amigos, pois Carlitos conquistara o afeto de Enrique, estão na mesma cidade a procura do local descrito por sua mãe, pois endereço certo ela nunca oferecera. Exauridos de tanto andarem dormem em um banco, numa praça pública. De manhãzinha, Enrique sai para pegar algo, e Carlitos fica sozinho dormindo ao relento. Um carro de polícia passa e para... (mais encrenca)! Enrique está voltando com comida nas mãos, quando o policial pergunta se ele conhece o homem. Negando é enfiado à força na viatura, mas Enrique ameaça os policiais para que ele possa fugir. Algemado é preso. Esse fora seu ato de maior solidariedade, pois odiava a idéia de voltar para o México. Últimas cenas... Suando e correndo ele consegue encontrar a esquina descrita por sua mãe e olhando o telefone, lá está ela com a valise do lado. Entreolhando-se, lágrimas escorrem de seus olhos e se chamam. Carlitos quer atravessar a rua muito movimentada (será que no fim será atropelado, ou será Rosario a próxima vítima???!!). Gritando para que ele pare, esperam pelo semáforo ficar verde e o filme acaba!


É lógico que sua primeira reação é de riso, com tantos problemas que os personagens enfrentam. Imagine um menino de nove anos atravessando a fronteira sozinho e chegando em Los Angeles são e salvo! Depois você se relaxa e pensa na mensagem de amor, saudades, fraternidade e o que a pobreza faz , deslocando tantas pessoas de seus lugares para uma vida muito pior. A atuação do garotinho, sua mãe e Enrique são muito convincentes.
Trilha sonora “Exhaled”.

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