quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O DISCURSO DO REI DE TOM HOOPER












THE KING’S SPEECH, REINO UNIDO, AUSTRÁLIA/2010 118 MIN.
ELENCO:
Colin Firth - George VI
Helena Bonham Carter – rainha
Geoffrey Rush Lionel – Lionel Logue
INDICAÇÕES PARA O OSCAR
Filme, direção, roteiro original, ator principal, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, fotografia, direção de arte, edição, figurino, mixagem e trilha sonora
Veja abaixo pequena biografia de George VI.
Esse magnífico DOCUDRAMA enxuto e sem excessos, dirigido por Tom Hooper, nos conta além de fatos históricos pouco conhecidos aqui no Brasil, a história da divisão de classes sociais na Inglaterra e a conturbada ascensão do Duque de York, segundo na sucessão do trono, a monarca e imperador do Reino Unido. É também história de uma típica família disfuncional, com se diz hoje em dia. O filme começa com o jovem Duque de York, em 1932, casado com Lady Elizabeth Bowes-Lyon, que apesar de ter descendência nobre foi a principio, considerada plebeia. Esse era um perfeito casal, com duas filhas Elizabeth (a atual rainha da Inglaterra) e Margaret e ambos não tinham nenhuma vocação para festas, honrarias e exposições públicas. O principal motivo era resguardar a privacidade, insegurança e uma tremenda gagueira de Bertie (Colin Firth em desempenho admirável), que o incomodava desde os cinco anos. Esses problemas eram consequência de uma criação solitária, com uma mãe gélida, um pai extremante rigoroso e chacotas do irmão mais velho. Quando o rei morre, seu irmão Eduardo deveria subir ao trono, mas insistiu em unir-se a uma americana, divorciada duas vezes e com um admirador extra, alemão, que lhe envia cravos diariamente. Isso seria impensável, pois além de ser contra a Constituinte, ele não seria somente rei, mas o primeiro pontífice da Igreja Anglicana. Cenas nos mostram o constrangimento da família real ao participar de reuniões onde Mrs. Simpson estaria presente. O tremendo preconceito entre as classes sociais, nos é apresentado outra vez, quando Bertie é obrigado a procurar ajuda para seu problema de fala. Consultando somente médicos indicados pela corte, desiste de tudo, pois era uma grande perda de tempo. Ocorre que com a provável abdicação de seu irmão, forçada pelo primeiro ministro Stanley Baldwin, o pesadelo dele torna-se realidade. Sua jovem esposa procura uma alternativa para o problema, entrando em contato com o australiano, Lionel Logue, especialista em disfunções de oratória. Disfarçado de Mr. Johnson, com muita desconfiança, fica a sós com o terapeuta, que insiste que se chamem pelo primeiro nome. Lionel Pergunta-lhe coisas bastante pessoais como quando começara a gaguejar. Apesar de acuado, Bertie vai respondendo, aos poucos, às suas perguntas e é convidado a falar cantando ou ouvindo músicas bem altas. A gagueira nesses momentos some completamente. Com palavrões e quando está enfurecido também. A partir daí vemos o nascimento de uma grande amizade, a qual duraria uma vida toda. Dedicação esta que passaria por sérios confrontos, principalmente quando o professor fica sabendo da verdadeira identidade do paciente e da austeridade com a qual o plebeu seria tratado, em situações privadas e públicas. O principal seria treiná-lo para o discurso de posse de seu reinado, que seria transmitido pelo rádio, o maior acontecimento de mídia da época. Sua coroação deu-se em 1937, às portas da Segunda Guerra Mundial. Após uma separação dolorosa, Bertie procura seu amigo, que o possibilita de maneira dedicada e competente a se movimentar dentro do local onde seria feita sua coroação, a falar em frente ao microfone e a se sentir seguro e capacitado para essa posição tão alta e penosa a desempenhar. Faltava para o Duque de York amizade, consideração, as quais obteve, assim como o reconhecimento dos súditos, pois a monarquia achava-se, de certo modo, ameaçada. Montando uma pequena e confortável tenda, afastado dos olhares curiosos de seus subalternos e da imprensa, Logue consegue com que ele leia o speech, todo demarcado com pausas cruciais, e voltado para o rosto do amigo que o ajudava na inflexão das palavras. Esta é uma cena muito comovente. Sua mulher e filhas foram igualmente cruciais para seu sucesso. Quando George VI vai abraçar a mulher e as filhas, depois da leitura, elas, ao invés de abraçá-lo, fazem uma reverência para Sua Majestade o Rei. Ele se desaponta com a formalidade. Antes dos créditos ficamos sabendo que Logue fora agraciado com título de Lord e que permaneceram amigos para sempre.
Observação: uma coisa muito importante o filme não mostra, que era o preconceito contra os judeus por parte da casa imperial britânica, a qual tinha também origem germânica. Era, na época, a adesão ao nazismo contra o comunismo soviético.
Pequena biografia:
Nasceu em 14-12-1895 e morreu em 6-2-1952. Foi rei até 1952, sucedido por sua filha Elizabeth. Último imperador da Índia e filho de George V e da princesa Maria de Teck. Subiu ao trono após a abdicação do irmão Eduardo VIII, que se casou com a americana Wallis Simpson. Casou-se com Elizabeth Bowes-Lyon em 1923 e tiveram duas filhas, a atual rainha Elizabeth II e Margaret. Albert George sofria de graves problemas emocionais motivados por ter pais distantes, desprezo do irmão mais velho, ser mal alimentado por uma cruel babá e, sendo canhoto, forçado a escrever com a mão direita. Conviveu com uma gagueira contínua por anos a fio. Integrou o Royal Naval College de Osborne e depois foi transferido para a Britannia Royal College, em Dartmouth. Participou da Primeira Guerra Mundial, com o apelido de Mr. Johnson. Pertenceu a Royal Air Force até 1918. Estudou economia e história na cidade de Cambridge. Dono de extrema timidez assumiu o trono para dar continuidade ao pai, três dias antes de fazer 41 anos. Com os problemas gravíssimos da Segunda Guerra e o fumo pesado, desenvolveu câncer no pulmão e arteriosclerose. A princesa Elizabeth passa a auxiliá-lo. Em 6 de fevereiro morreu de trombose, em Norfolk, aos 56 anos. Seu apelido familiar era Bertie. Durante a Segunda Guerra, manteve alto ânimo dos súditos, auxiliado pelo então primeiro ministro Winston Churchill. O Império Britânico sofreu grandes prejuízos após a guerra, como a perda da Índia, Paquistão, Canadá, Austrália.

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