quinta-feira, 1 de março de 2012

ALBERT NOBBS DE RODRIGO GARCIA










ALBERT NOBBS, REINO UNIDO, IRLANDA/2011, 113 MIN.
DRAMA
ELENCO:
GLENN CLOSE – MR. ALBERT NOBBS
JANET MCTEER – MR. PAGE
MIA WASIKOWSKA
É uma pena que já saibamos a verdadeira identidade de Mr. Albert Nobbs, pois Glenn Close, que o interpreta, concorre pela sexta vez ao Oscar de melhor atriz. Fascinada por esta peça de teatro, interpretada por ela há muitos anos, não descansou enquanto não transformou em realidade seu sonho de vê-la como filme, tendo sido produtora, roteirista e atriz. Trata-se de uma história passada em Dublin de 1898, em um bairro em decadência. A Inglaterra enfrentava uma difícil situação no final do século 19 e os empregados eram tratados como “quase escravos” e os nobres faziam o que desejavam. Com ótima direção do filho do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez, essa trama interessante fala sobre a posição feminina daquele século. Albert é uma filha bastarda de uma mulher rica, tendo estudado em boas escolas, mas quando a mãe morre a garota é levada a um orfanato onde é molestada por cinco meninos. Para se defender das hostilidades da época e poder trabalhar, faz-se passar por garçom, aos 14 anos, e se dá muito bem. Desde então não muda sua nova personalidade. Já na meia idade e fazendo as vezes de garçom em um pequeno hotel, cuja proprietária é uma mulher sem escrúpulos e ávida por dinheiro, atende a boêmios e alguns nobres falidos. Albert é um “nice little man”, definido assim pelos hóspedes, por sua conduta sempre impecável e um rosto sem nenhuma expressão. Os olhos são gélidos e os lábios sempre juntos, sem esboçar qualquer sorriso ou sentimento. Ocorre que um pintor de paredes, Mr. Page (ótima Janet McTeer), vai trabalhar na pensão e é obrigado a dormir na mesma cama de Albert por falta de espaço. Assim sua identidade é revelada, mas a do próprio pintor também. A grande diferença entre eles está na escolha do papel que interpretam – Mr. Page é seguro, alto, forte e casado com uma mulher por amor e opção sexual. Albert não é nada disso, mas passa a interessar-se de como seria sua inexpressiva e solitária vida se assumisse o papel inventado. As coisas não correm nada bem. Dublin é assolada pela febre tifoide, o comércio e indústria quase param, mas virão dias melhores. Albert tem a meta de parar de ser um simples garçom e comprar uma tabacaria e ter um lar, talvez com alguém para acompanhá-lo. Para isso economiza cada centavo ganho nas gorjetas e no salário. Suas tentativas de acerto são dramaticamente enterradas e o final da trama traz uma frase dita pelo médico do pequeno hotel, que soará em seus ouvidos por algum tempo: POR QUE ALGUMAS PESSOAS INSISTEM EM SER TÃO MISERAVELMENTE INFELIZES. Ótima atuação de Glenn Close e Janet McTeer, indicada como melhor atriz coadjuvante. A maquiagem é um componente importante, mas quanto a Glenn Close seu olhar a as pouquíssimas expressões faciais são o tesouro do filme.

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